CENTROS DIGITAIS PEDAGÓGICOS (CDPs ) E O TRABALHO PEDAGÓGICO Angelo Lopes Marques*
Observando as relações interativas de crianças e adolescentes com as novas tecnologias de informação e comunicação, intermediados pelo pensamento próprio, conduzidos por uma linguagem diferente do dia-a-dia, especialmente nas escolas, eles trazem do real concreto, das experiências da vida social um acúmulo de conhecimentos que vão ser traduzidos em novas experiências virtuais, que mais parece um filme de ficção, onde pensam, formulam hipóteses, interpretam, organizam, em busca de atingir um objetivo virtual ou até mesmo fazer o que um adulto faz, mesmo que seja na imaginação, sendo certo ou errado.
Essas crianças e adolescentes operam as máquinas (computadores, celulares, games...) com tanta habilidade que chegam a superar muitos adultos: de um espaço para o outro, entre uma máquina e outra, grande agilidade para digitar, eles falam uma linguagem diferente, sorriem, gritam, brigam, vibram, discutem estratégias e táticas com novos signos; estão jogando, resolvendo conflitos, pesquisando, criando, batalhando, trocando imagens, conversando, ouvindo músicas, usando avatares, conhecendo armas, comprando, fazendo novas amizades, expondo imagens do corpo, informando, divulgando a festinha, namorando, criando grupos de bate-papo, entrelaçando ações nesse ciberespaço.
É importante perceber que ações requerem tempo e espaço, condições financeiras na vida dessas crianças e adolescentes, produzindo inclusão e exclusão.
Assim, temos urgência de discutir mudanças no currículo, no conteúdo, na organização do trabalho pedagógico, entender os objetivos que orientam o comportamento, os significados de suas ações “virtuais”, os novos signos adquiridos, para que a escola, os professores se aproximem mais desses novos seres (internautas), fazendo um estudo ontológico das suas relações com a terra, de suas relações com a natureza, de suas relações com a sociedade, o trabalho, a educação, a escola, a vida; para que possam mediar a apropriação desses novos conhecimentos, dessas NTICs que surgiram do trabalho social, da necessidade de melhoria da produção.
É claro que se faz necessário um enfrentamento no que já está posto para alienação, contudo agora temos os Centros Digitais Pedagógicos fazendo parte de um sistema de complexos onde professores, estudantes, as comunidades do entorno da escola trabalham juntos para superar a lógica capitalista do uso das Novas Tecnologias da Informação e das Comunicações ( NTICs ).
Com suas especificidades, as escolas do campo agora se apropriam dessas novas ferramentas, disponibilizadas há algum tempo nas lanhouses e laboratórios de informática das sedes.
Os Centros Digitais Pedagógicos, longe de ser um prolongamento dos rudimentos do mesmismo praticado no ensino reprodutivista, vêm com intencionalidades, vêm para implantar habilidades de trabalho coletivo, produzir conhecimentos por meio do trabalho social, explicando as ações.
Professor Ângelo Lopes Marques é Professor Alfabetizador na escola Municipal Dr. Arnaldo Santana/Boa Vista/Cachoeira/BA. Especialista em Lingüística e Literatura/UFBA