Agradeço ao jovem, talentoso e promissor conterrâneo, sem esquecer, contudo um velho provérbio indiano que recomenda o seguinte: “os elogios são como perfume, devemos senti-los, jamais bebê-los’
São hoje, meu caro confrade Luciano, qualidades escassas, a honra, a bravura, o denodo, e, sobretudo o amor telúrico, diante do exarcebado individualismo reinante. Não almejo de jeito algum ser o senhor - salvaguarda da história cachoeirana, empapada de tantos historiadores notáveis no seu passado, todavia, no presente, tenho a consciência plena de que nessa luta inglória do, eu, o professor Pedro Borges, Heraldo Cachoeira, Luiz Claudio Nascimento, Jorginho Ramos, Alzira Costa e mais uma meia dúzia de seis, compartilhamos cultura e contribuímos de alguma forma com a história da Cachoeira.
Durante muito tempo, publiquei nos extintos Correio de São Felix, Gazeta do Paraguaçu, Desenvale Notícias e A Ordem, dezenas de resenhas, crônicas e reminiscências da Cachoeira, no entanto, foi contristado que eu percebi o descaso e a miopia dos meus conterrâneos. Alguém, por acaso, guarda algum exemplar dos jornais citados, ou até um simples recorte? E de O Guarany que ao longo dos anos vem registrando os nascimentos, os casamentos, o obituário, a vida social da Região, notadamente das vizinhas São Félix. Maragojipe, Muritiba, Governador Mangabeira e Cruz das Almas?
Em uma série de quatro artigos que saíram neste blog e em uma das edições impressas de O Guarany, relembrei as conquistas do futebol amador da Cachoeira. Embora com tantas testemunhas oculares seja necessário fazê-lo. Com as facilidades dos dias atuais, algum particular poderá fazer com uma câmara digital, uma memória excelente com o depoimento de jogadores que participaram das partidas. Fica a sugestão.
Agora, meu caro Luciano, o mais triste. Você sabe onde é que eu encontrei várias fotografias e o diploma deploravelmente rasgado que eu estou inserindo abaixo? No lixo! Nas imediações da sede do Cruzeiro, na Rua 25 de Junho.
É o diploma legal concedido pela Federação Baiana de Futebol no ano de 1968 pela conquista do 10° torneio intermunicipal, que deveria estar guardado em um lugar de destaque. Ou não?
Vou continuar desabafando. Depois que as águas do Rio Paraguaçu voltaram ao normal, depois de uma enchente, consegui salvar de uma pilha enlameada de papéis, alguns exemplares de antigos jornais cachoeiranos, frente à sede do Rotary. Em uma lata de lixo ao lado da então sede da Desportiva, o clube social mais badalado da Região, encontrei o livro de atas da fundação da sociedade e algumas fotografias em difíceis condições de restauração. Uma coisa, no entanto, me deixou mais contristado: uma enorme pilha de processos criminais compra e venda de escravos, alforrias e de propriedades urbanas e rurais, do cartório do velho Helvécio Sapucais, que funcionava na parte térrea do aludido sobrado, jogados fora, virados lama. Nada pude aproveitar. Lamento até hoje.
O luta pala conscientização às futuras gerações de cachoeiranos, não é apenas tarefa deste velho cronista e dos abnegados companheiros citados, nem de O Guarany. É dos governantes locais, uma obrigação precípua dos formadores de opinião, dos clubes de serviço e, sobretudo dos educadores de todos dos níveis que operam na rede pública ou privada do município. Nem eu nem as pessoas que citei neste artigo somos escravos do saudosismo. De jeito nenhum. Estamos cônscios de que fazemos memória, que é de fundamental importância para todos, porque, conforme sentencia o velho adágio. "corre o risco de repetir os mesmos erros do passado,quem não conhece a sua história”. Alguém aí será capaz de me dizer se na nossa terra já acontece isso?