Misericórdia
da Santa Casa!
Entrevista
exclusiva com Juracy Rocha, provedor da Santa Casa da Cachoeira
Por Phael
Fernandes
Repórter
Estagiário do Jornal O Guarany/acadêmico do curso de Jornalismo da UFRB
Atendendo a população desde 1826, hoje, a Santa
Casa de Misericórdia de Cachoeira é gerida por Juracy Rocha e se mantem de pé
por causa de alguns convênios, como o da Prefeitura local, no valor de 40 mil
mensalmente. Com atendimento humanizado
para todos, como se auto define, a Casa
da Misericórdia da cidade heróica, oferece, entre outros serviços,
ortopedista, reumatologista, pediatra, cirurgião geral, ginecologista,
neurologista, etc.
Com 180 atendimentos diários, o hospital enfrenta
dificuldades, especialmente, na
obtenção de novos equipamentos, como o mamógrafo. Existe até equipamentos de ponta, mas são
mantidos por comodato (compra o material na mão do médico para usar o
equipamento. Caso do setor laboratorial).
Segundo Rocha, a 'Casa de Misericórdia' passa por
uma situação difícil: não se pode crescer porque não se tem dinheiro para
investimentos. Mas, quase no fim da entrevista, acrescenta: há uma
salvação à vista.
JG- Economicamente falando, qual a situação atual
da Santa Casa?
JR- Enfrentamos dificuldade. A Santa Casa hoje tem
um déficit mensal de R$ 40, 50 mil, além de um débito de cinco milhões de reais
com INSS, FGTS, imposto de renda, médicos, Coelba, Embasa, laboratórios. Já
pagamos dois milhões e poucos nesses dois anos e pretendemos, este ano, pagar
um milhão de reais. É uma situação difícil. Nós não podemos crescer porque não temos dinheiro para investimento.
JG- O convenio com a Prefeitura atende a demanda?
JR- Não. Antes era um convenio de R$ 10, 12 mil.
Então fomos a Carlos Pereira, prefeito da Cachoeira, na época ele aumentou para
R$ 30, 40 mil mensais. Este valor é destinado exclusivamente para pagamento dos
médicos de plantão. Verba essa que não é
suficiente para pagamento de dois plantonistas, como pede o Ministério da Saúde.
JG- Qual o valor do convenio?
JR- R$ 40 mil mensal. Tivemos um grande avanço com
esse recurso. Foi o maior repasse que a Santa Casa recebeu de todos os
prefeitos, mas atrasa muito.
JG- No processo de pesquisa para essa entrevista,
tive acesso a uma fala do senhor, já provedor da 'Casa', para este mesmo
veículo, na qual afirma que a receita da 'Santa Casa' não é suficiente para as
despesas extras. Quais são essas
despesas extras?
JR- Nós temos um contrato com o Estado que repassa
R$ 280 mil reais mensais, mas esse contrato só beneficia o próprio Estado. Eu ''faço'' por mês, na Santa Casa, cento e
poucas cirurgias, mas ele só paga 108.
JG- Falta médico na Santa Casa?
JR- Desde quando estou aqui só faltou médico uma
vez, mas, mesmo assim, outra profissional
fez a substituição. Falta oftalmologista, mas não temos convenio. Os médicos
que faltam aqui é porque não temos convenio com o Estado para pagar.
JG- Quanto aos equipamentos?
JR- Eu quero comprar equipamentos, mas não temos
dinheiro. E não posso pegar o dinheiro porque estou em débito com o Governo
Federal.
JG- Em media, quantos aten-dimentos são feitos por
mês na Santa Casa? E qual o público que a Santa Casa atende?
JR- 180 por dia. Aqui o médico se sacrifica para
atender todo público que vai além da urgência e emergência.
JG- A procura é maior que a oferta?
JR- Muito maior.
JG- Existem imóveis que pertencem a Santa Casa e
que estão alugados. Qual a situação?
JR- Nós temos 100
imóveis alugados, entre eles 30 são devedores. Além do mais, temos
apenas três alugueis nos padrões de hoje, o resto está defasado. A maioria das
casas - 98% - está abaixo do que deveria ser pago ao hospital, mas, por conta
da lei, esse valor não pôde ser reajustado. Quanto aos devedores não posso
fazer nada porque o judiciário em Cachoeira é muito lento.
JG- A receita desses imóveis seria uma solução ou
amenizaria o déficit atual da Santa Casa?
JR- A Santa Casa tem quatro seguimentos: o
hospital, os imóveis, a área da igreja e o cemitério. Tudo que se arrecada no
cemitério e nas casas vem para o hospital. Nós tínhamos que fazer o hospital
não ser deficitário para que o dinheiro dos aluguéis melhorassem as casas, mas
não podemos fazer isso porque todo dinheiro vem para a Santa Casa.
JG- Existe a possibilidade de a Santa Casa ser
gerida pelo Santa Isabel?
JR- Está quase certo, mas ainda faremos uma
reunião. Não é só a Mesa que define o convenio, tem mais 25 irmãos
(finitórios). Vamos convidar esses irmãos, fazer exposição, e se os irmãos
aceitarem nós assinamos o convenio. Esse convênio deverá ser a salvação da
Santa Casa. Passará ter padrão Santa Isabel, um dos principais hospitais de
ponta da Bahia.
JG- Desde 10 de março de 2014, o senhor está como
provedor da Santa Casa de Misericórdia da Cachoeira. Nesses dois anos e dias, o
que o senhor apresenta como melhora e o que precisa ser solucionado na Santa
Casa?
JR- Nós tínhamos um déficit de 150 mil por mês,
baixamos para 40 mil reais. Pagamos dois milhões de débitos que tinha aqui.
Nunca mais faltou um médico. Nós saímos de
35 cirurgias por mês, para 108.
Água chegou a R$ 21 mil, hoje custa quatro mil reais. A Bahia tinha 104 Santas Casas, atualmente são 64, e nós, com toda essa situação,
mantemos o bom atendimento. É
necessário um aumento do convenio com a Prefeitura. O prefeito repassa R$ 40
mil mensalmente, mas é para repassar 100 mil reais, para assim o hospital gerir
um melhor atendimento para o cidadão cachoeirano. O hospital é dos
cachoeiranos.
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