quarta-feira, 27 de abril de 2016

Misericórdia da Santa Casa!
Entrevista exclusiva com Juracy Rocha, provedor da Santa Casa da Cachoeira

Por Phael Fernandes
Repórter Estagiário do Jornal O Guarany/acadêmico do curso de Jornalismo da UFRB


Atendendo a população desde 1826, hoje, a Santa Casa de Misericórdia de Cachoeira é gerida por Juracy Rocha e se mantem de pé por causa de alguns convênios, como o da Prefeitura local, no valor de 40 mil mensalmente. Com atendimento humanizado  para todos, como se auto define, a Casa  da Misericórdia da cidade heróica, oferece, entre outros serviços, ortopedista, reumatologista, pediatra, cirurgião geral, ginecologista, neurologista,  etc.

Com 180 atendimentos diários, o hospital enfrenta dificuldades, especialmente,   na obtenção de novos equipamentos, como o mamógrafo.  Existe até equipamentos de ponta, mas são mantidos por comodato (compra o material na mão do médico para usar o equipamento. Caso do setor laboratorial).
 
Segundo Rocha, a 'Casa de Misericórdia' passa por uma situação difícil: não se pode crescer porque não se tem dinheiro para investimentos. Mas, quase no fim da entrevista, acrescenta: há uma salvação  à  vista.

JG- Economicamente falando, qual a situação atual da Santa Casa?
JR- Enfrentamos dificuldade. A Santa Casa hoje tem um déficit mensal de R$ 40, 50 mil, além de um débito de cinco milhões de reais com INSS, FGTS, imposto de renda, médicos, Coelba, Embasa, laboratórios. Já pagamos dois milhões e poucos nesses dois anos e pretendemos, este ano, pagar um milhão de reais. É uma situação difícil. Nós não podemos crescer  porque não temos dinheiro para investimento.

JG- O convenio com a Prefeitura atende a demanda?
JR- Não. Antes era um convenio de R$ 10, 12 mil. Então fomos a Carlos Pereira, prefeito da Cachoeira, na época ele aumentou para R$ 30, 40 mil mensais. Este valor é destinado exclusivamente para pagamento dos médicos de plantão.  Verba essa que não é suficiente para pagamento de dois plantonistas, como pede o Ministério da Saúde.

JG- Qual o valor do convenio?
JR- R$ 40 mil mensal. Tivemos um grande avanço com esse recurso. Foi o maior repasse que a Santa Casa recebeu de todos os prefeitos, mas atrasa muito.

JG- No processo de pesquisa para essa entrevista, tive acesso a uma fala do senhor, já provedor da 'Casa', para este mesmo veículo, na qual afirma que a receita da 'Santa Casa' não é suficiente para as despesas extras. Quais  são essas despesas extras?
JR- Nós temos um contrato com o Estado que repassa R$ 280 mil reais mensais, mas esse contrato só beneficia o próprio Estado.  Eu ''faço'' por mês, na Santa Casa, cento e poucas cirurgias, mas ele só paga 108.

JG- Falta médico na Santa Casa?
JR- Desde quando estou aqui só faltou médico uma vez, mas, mesmo assim, outra  profissional fez a substituição. Falta oftalmologista, mas não temos convenio. Os médicos que faltam aqui é porque não temos convenio com o Estado para pagar.

JG- Quanto aos equipamentos?
JR- Eu quero comprar equipamentos, mas não temos dinheiro. E não posso pegar o dinheiro porque estou em débito com o Governo Federal.

JG- Em media, quantos aten-dimentos são feitos por mês na Santa Casa? E qual o público que a Santa Casa atende?
JR- 180 por dia. Aqui o médico se sacrifica para atender todo público que vai além da urgência e emergência.

JG- A procura é maior que a oferta?
JR- Muito maior.

JG- Existem imóveis que pertencem a Santa Casa e que estão alugados. Qual a situação?
JR- Nós temos 100  imóveis alugados, entre eles 30 são devedores. Além do mais, temos apenas três alugueis nos padrões de hoje, o resto está defasado. A maioria das casas - 98% - está abaixo do que deveria ser pago ao hospital, mas, por conta da lei, esse valor não pôde ser reajustado. Quanto aos devedores não posso fazer nada porque o judiciário em Cachoeira é muito lento.

JG- A receita desses imóveis seria uma solução ou amenizaria o déficit atual da Santa Casa?
JR- A Santa Casa tem quatro seguimentos: o hospital, os imóveis, a área da igreja e o cemitério. Tudo que se arrecada no cemitério e nas casas vem para o hospital. Nós tínhamos que fazer o hospital não ser deficitário para que o dinheiro dos aluguéis melhorassem as casas, mas não podemos fazer isso porque todo dinheiro vem para a Santa Casa.

JG- Existe a possibilidade de a Santa Casa ser gerida pelo Santa Isabel?
JR- Está quase certo, mas ainda faremos uma reunião. Não é só a Mesa que define o convenio, tem mais 25 irmãos (finitórios). Vamos convidar esses irmãos, fazer exposição, e se os irmãos aceitarem nós assinamos o convenio. Esse convênio deverá ser a salvação da Santa Casa. Passará ter padrão Santa Isabel, um dos principais hospitais de ponta da Bahia.

JG- Desde 10 de março de 2014, o senhor está como provedor da Santa Casa de Misericórdia da Cachoeira. Nesses dois anos e dias, o que o senhor apresenta como melhora e o que precisa ser solucionado na Santa Casa?
JR- Nós tínhamos um déficit de 150 mil por mês, baixamos para 40 mil reais. Pagamos dois milhões de débitos que tinha aqui. Nunca   mais faltou um médico.      Nós saímos   de  35   cirurgias por mês, para 108. Água chegou a R$ 21 mil, hoje custa quatro mil reais. A Bahia tinha 104  Santas Casas, atualmente  são 64, e nós, com toda essa situação, mantemos o bom atendimento.     É necessário um aumento do convenio com a Prefeitura. O prefeito repassa R$ 40 mil mensalmente, mas é para repassar 100 mil reais, para assim o hospital gerir um melhor atendimento para o cidadão cachoeirano. O hospital é dos cachoeiranos.

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