FLICA
Mesa de Abertura
ignorou valores morais da saudosa yalorisha cachoeirana Gaiaku Luiza,
buscando desconstruir verdades de sua memória
Mediada por Mira Silva, a Mesa de Abertura da Feira Literária Internacional da Cachoeira - FLICA, na Bahia,
no dia 29/10, às 20h, a qual teve como tema,
obra e vida do saudoso artista Dorival Caymmi, e, como expositores, sua
neta Stella Caymmi e o Prof. Marielson Carvalho, a certa altura das
manifestações, ambos buscaram desconstruir uma das mais fortes memórias da saudosa
yalorisha Gaiaku Luiza, a qual quando ainda jovem, a bela sacerdotisa serviu de
inspiração ao mencionado artista Dorival Caymmi na produção da composição melódica “O que é
que a baiana tem”. Os expositores afirmaram em linguagem bem vernacular que tal fato nunca aconteceu, que se trata de algo
como próprio da criação fantasiosa da mencionada e famosa sacerdotisa do culto afro.
A afirmação contraria flagrantemente a literatura
memorial da ilustre yalorisha Gaiaku Luiza, a qual expõe, em sua obra, ser ela a verdadeira
inspiradora do Dorival Caymmi na composição melódica do texto “O que é que a
baiana tem”.
Sobre o assunto, ouvido pela Reportagem do Jornal O Guarany on-line, o
Prof. Adilson Gomes da Silva classificou a informação dos expositores, em
relação a esta passagem, como "manifesta imprudência e ausência de domínio sobre a integridade do caráter e dos valores
culturais da mencionada yalorisha. Em vida, a yalorishá Gaiaku Luiza foi
homenageada pela Reitoria da UFBA, em concorrida solenidade, exatamente por ter
sido a musa inspiradora de Caymmi em sua composição melódica “O que é que a
baiana tem”, afirmou o professor Adilson.
Outro, o poeta e escritor Crispim Quirino, dedicado
pesquisador de memórias do Recôncavo, acadêmico do curso de Museologia da UFRB,
conhece os valores da yalorishá Gaiaku Luiza, e a ela assim se referiu,
condenando a manifestação dos expositores da 1ª. Mesa da FLICA: “Gaiaku Luiza
era uma sacerdotisa de reconhecidos méritos, que incluem valores culturais e educacionais. Ela falava Yorubá,
Inglês, Francês e Espanhol com que se destacava como uma das mais cultas entre as sacerdotisas das
religiões de matriz africana de sua época. Contrariar a afirmação, há anos
presente em suas memórias, com que lhe negam ter sido ela a musa inspiradora da
composição melódica “O que é que a baiana tem” é desconhecer sobre vida e obra
de famosa yalorishá.”