Prefeito apanha de mulher que não conseguiu leito hospitalar para a mãe
Por Redação, de São Paulo
O prefeito de Dumont em São Paulo, Adelino da Silva Carneiro
(PSD), foi agredido com um tapa na cara por uma mulher. Janete Dutra, de
48 anos, afirma que Maria de Lourdes Oloco Camargo, de 78 anos, ficou
por mais de 12 horas sem receber atendimento e que foi tratada com
descaso, alegando ter sido ofendida pelo chefe do Executivo por
reivindicar melhor atendimento para a mãe com câncer. Em nota, a
Prefeitura informou que a agressão ao prefeito não teve justificativa e que o atendimento foi oferecido à paciente. Segundo a Policia Civil, a mulher e o prefeito registraram boletim de ocorrência e ainda serão ouvidos.
Janete relata que foi até a Prefeitura na terça-feira depois que o
caso de sua mãe, com câncer de laringe há três anos e problemas
pulmonares há quatro anos, foi encarado, segundo ela, com descaso pela
unidade mista de saúde da cidade. Ao cobrar melhor atendimento, ela
alega ter sido recebida com ofensas pelo prefeito. “Ele me atendeu na
varanda da Prefeitura. Depois da conversa, eu já estava indo embora
quando ele me chamou de vagabunda. Perguntei: ‘o que você falou?’. Ele
disse de novo: ‘vagabunda!’. Aí eu dei um tapa na cara dele. Ele ameaçou
vir pra cima de mim, armou o braço, mas umas pessoas que estavam
trabalhando lá seguraram e o trancaram lá dentro”, diz Janete, que após o
ocorrido registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil contra o
chefe do Executivo por agressão verbal.
A moradora afirma que procurou falar com o prefeito como última
tentativa de conseguir internação para sua mãe com câncer na unidade
mista de saúde de Dumont. De acordo com ela, a busca começou no último
sábado, quando Maria de Lourdes teria ficado 12 horas esperando até ter o
atendimento negado porque seu estado de saúde foi considerado terminal.
“Minha mãe não acordava, expelia uma secreção muito forte. Ela
precisava de atendimento. (…) Fui perguntar como funcionava para
conseguir uma vaga em um dos leitos e me disseram que minha mãe não foi
internada porque ela não aguentaria até segunda-feira.”
No início desta semana, Janete conta que, por um apelo da família, a
secretária de Saúde, Crisley Roberta Alves, e um médico visitaram sua
mãe em casa, mas, mais uma vez, trataram o caso como sem solução e não
ofereceram nenhuma assistência. “Eles chegaram na minha casa e o médico
agachou ao lado da minha mãe e perguntou se ela estava acordada. Depois
começou a dizer que ela estava cansada, que estava muito doente e que
ela iria descansar em breve do outro lado, que algo muito bonito
esperava por ela. Depois que ele soube que ela luta contra o câncer há
três anos, me deu os parabéns e disse que ela tinha superado as
expectativas. Depois, deu as costas e foi embora”, afirma Janete.
A filha alega que pediu ajuda à secretária, mas esta teria a
aconselhado a não dar mais soro, nem levá-la ao hospital, pois não havia
mais o que fazer. “Minha mãe está em uma situação irreversível. Eu sei
disso, os atendimentos que fazemos são paliativos. O que quero é
amenizar a dor e seu sofrimento. (…) Hoje minha mãe deu resposta muito
boa, abrindo o olho, conseguiu se sentar. Queria que vissem como minha
mãe melhorou.”
Prefeitura
Em nota, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Dumont informou
que o atendimento à paciente Maria de Lourdes foi realizado normalmente e
que Adelino da Silva Carneiro foi agredido sem justificativa. A
administração municipal alega que, em nenhum momento, o prefeito tentou
revidar a agressão. A Prefeitura informou ainda que “tomará as medidas
cabíveis contra a agressora”.
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