Indignação chega ao Congresso e De Grandis será alvo de processo
Por Redação, com RBA - de São Paulo
Os deputados federais do PT Renato Simões, Ricardo Berzoini (ambos de
São Paulo), Edson Santos (RJ) e José Guimarães (CE) planejam ingressar
com uma queixa no Conselho Nacional do Ministério Público, na próxima
segunda-feira, contra o procurador da República em São Paulo Rodrigo De Grandis.
Segundo Simões, o procurador foi negligente com investigação do esquema
milionário de propina que envolve a empresa Alstom. Em 2011,
autoridades suíças pediram a investigação ao Ministério Público
brasileiro sobre quatro agentes públicos do governo de Sâo Paulo de
receberem propina daquela empresa para facilitar o fechamento de
contratos para fornecimento de trens e serviços de manutenção ao Metrô e
à CPTM.
Mas nenhuma investigação foi feita – De Grandis alegou que o pedido foi arquivado em pasta errada e, por isso, esquecido.
– A representação quer a apuração dos fatos que vêm sendo noticiados
pela imprensa, de engavetamento da denúncia, e quer evidentemente a
punição eventual do responsável, além da necessidade de recuperarmos
tempo perdido para que o esquema de propina e de corrupções seja
desmontado e punido – disse o deputado à rádio paulista Brasil Atual.
Para ele, o arquivamento do caso é escandaloso, já que a investigação
está relacionada a todo um esquema envolvendo autoridades do governo do
Estado de São Paulo.
– Estamos notificando o fato de que o procurador negligenciou de suas
funções e explicou de forma bastante ‘esfarrapada’ esse ato. A
gravidade é que não é uma pessoa física, mas um conjunto de operações
criminosas da Alstom, envolvendo funcionários e autoridades do governo
do estado de São Paulo, envolvendo milhões de reais – afirmou.
Sobre o “esquecimento” de De Grandis, o deputado estadual do PT
paulista, Antônio Mentor, afirma que o fato reforça a suspeita de alguns
parlamentares.
– Isso se soma a uma série de outras dúvidas que levantamos relativas
à atuação do Ministério Público no Brasil, tanto o estadual como o
federal. Sempre passou a ideia de que haveria um bloqueio, uma proteção,
a certa parte dos políticos brasileiros. Este fato vem confirmar a
nossa suspeita – disse.
O caso de corrupção
O Ministério Público da Suíça comunicou na semana passada que decidiu
arquivar investigações sobre pagamentos de propina a agentes públicos
do governo de São Paulo pagos pela Alstom para influir nos resultados de
licitações para obras e serviços no Metrô e na Companhia Paulista de
Trens Metropolitanos (CPTM).
A razão alegada para o fim das investigações foi a falta de
cooperação por parte do Ministério Público Federal brasileiro, que não
atendeu o pedido para investigar a movimentação financeira dos
consultores Arthur Teixeira, Sérgio Teixeira e José Amaro Pinto Ramos,
suspeitos de intermediar as propinas pagas pela Alstom, e do ex-diretor
da CPTM João Roberto Zaniboni, que teria recebido US$ 836 mil
(equivalentes a R$ 1,84 milhão) da Alstom na Suíça. Arthur Teixeira e
Sérgio Teixeira teriam sido os responsáveis pelos repasses a Zaniboni.
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