MAIS UMA MEMÓRIA DO IMPÉRIO DAS TREVAS
Passado Recente
MAIS UM MAÇOM CORRUPTO
Mea-culpa de um Maçom
A maçonaria é uma organização internacional. Entre seus objetivos
está “construir uma sociedade humana, fundada no Amor Fraternal, na
esperança com amor a Deus, à Pátria, à Família e ao Próximo, com
Tolerância, Virtude e Sabedoria e com a constante investigação da
Verdade”. Em tese, antes de entrar para a maçonaria, qualquer um passa
por uma espécie de investigação para atestar sua honestidade. Os
preceitos da maçonaria envolvem hierarquia rígida e um forte simbolismo.
Dentro da hierarquia, a ascensão de Arruda é considerada meteórica.
Em apenas um ano, ele partiu de “aprendiz”, grau mais baixo da
organização, passou por “companheiro”, grau intermediário, e chegou a
“mestre”, posição que goza de prestígio e interfere nas decisões mais
importantes da maçonaria. “A evolução geralmente leva 1 ano e meio. Essa
rapidez foi objeto de contestação”, afirma um maçom. De acordo com as
regras, os maçons não podem cometer deslizes éticos.
O texto abaixo recebido, é um desabafo de um Maçom pela omissão da
Maçonaria frente aos acontecimentos que levaram o Brasil ao estado de
corrupção e de crime generalizado em que se encontra.
Esperamos que a Maçonaria tenha aprendido a lição e, doravante, volte
a ser a força transformadora da sociedade. Volte a ser o motor
principal da história moderna e contemporânea.
Vários Grão-Mestres dos Grandes Orientes e de Várias Grandes Lojas
vieram o público este ano exaltando providências inéditas e exemplares
pela ética na Sublime Ordem e em nossa nação.
Já o Senador Mozarildo Cavalcante, maçom, recentemente, apresentou um
folder do Grande Oriente do Brasil, manifestando o repúdio pelos que
está acontecendo de errado no Brasil.
Nos últimos dias, principalmente depois do que ocorreu de
difamatório, no atual governo do DF, encabeçado por um dos nossos mais
enigmáticos confrades, Roberto Arruda, difundiu várias mensagens desses
poderosos Irmãos, vangloriando medidas que deveriam ser tomadas contra a
corrupção que se alastrou de alguma forma dentro da instituição.
Por coincidência ou não, vários profanos estão cobrando nossas
providências de zelo pelo bom nome da Maçonaria. Vejam bem, estão
cobrando, claramente, uma postura séria da Maçonaria, com relação a seus
membros que se desviam dos seus preceitos.
Comumente passaram a cobrar da sublime Ordem que não se deixe
contaminar pelo vírus da infidelidade, da ganância, da desonestidade e
falta de ética.
Citam abertamente que hoje as Lojas Maçônicas estão cheias de elementos sem condição moral e intelectual.
Alguns deles reclamam nossa atenção para que não seja tolerado o
descalabro que grassa dentro do governo e das instituições públicas.
Como exemplo, citaremos o Senador Pedro Simon que convocou a CUT, a UNE,
LIONS, ROTARY, O POVO EM GERAL E A MAÇONARIA, para que acabassem com a
corrupção não reelegendo ficha suja.
O Senador Cristóvão Buarque alertou que existem Maçons na política,
fazendo o contrário do que prega a filosofia e os preceitos da Ordem. E
pediu que a Maçonaria começasse, em casa, a dar o exemplo, punindo os
seus membros corruptos e fazendo uma melhor seleção dos que ingressam em
seus quadros.
Não deixaram de destacar feitos passados da Maçonaria incitando os
Maçons que se engajassem na luta, voltando a ser a Maçonaria combativa
de outrora.
Já o Senador Mozarildo (que é nosso irmão e de enorme prestígio)
disse que aqueles que estivessem envolvidos em corrupção, seriam
afastados da Ordem.
Temos convicção de que todo esse
constrangimento que passamos, aqui e agora poderia ter sido evitado, ou
pelo menos seria muito menor, se por acaso, não tivéssemos nos
acovardados e nos tivéssemos mantidos escondidos, como nhadus, aquelas aves vistosas que se “protegem” escondendo as cabeças pelo chão.
Consideramos os maus costumes, em todos os sentidos, altamente contagiosos.
Vamos citar o caso do Irmão Roberto Arruda
que tranqüilamente resolveu, um dia, dedilhar no painel eletrônico de
votação que controla a presença dos nossos eleitos. Declaradamente esse
nosso Mano burlou o sistema para tirar proveito de forma enganadora da
votação em pauta.
Se o senado, se a justiça brasileira, se a
nossa maçonaria tivessem sido atuantes, rigorosos com esse pecado de
então, hoje não aconteceriam cenas vexaminosas, defendidas
internacionalmente, até por um presidente de República que não quis
reconhecer a veracidade das imagens divulgadas.
Em nome do sigilo maçônico mantivemo-nos
acanhados, retraídos, medrosos. Nossas cabeças, colocadas lá em baixo,
atoladas nos terrenos, corpos inertes, tal quais as citadas e, mas,
enormes, poderosas, sempre chamando a atenção, fazendo-se notar pela
vivacidade, adornos brilhantes, colares coloridos. Evitando que inimigos
fictícios revidassem nossas ações. Sim, queridos manos aquele buraco no
chão passa a ser símbolo do sigilo que guardamos nas relações
políticas.
Na última década, podemos citar que alguns
maçons, contados nos dedos de uma das mãos, não se renderam. Estiveram
continuamente, ligados a nossa razão de ser. Foram abnegados lutadores
da nossa verdadeira causa. Aquela que honra os antepassados. Aquela que
nos causa entusiasmo por melhores dias para nossos descendentes.
Afinal nossas vidas requerem que estejamos
de acordo com a realidade e os fatos, devemos ser fieis ao que
representamos na Ordem, em face da nossa família e do Brasil.
Deixamos aqui nossos Parabéns aos nossos
atuais líderes da maçonaria, pela sensibilidade e medidas adotadas,
antes tarde do que mais tarde ainda. Vamos torcer para que essas ações
sejam realmente efetivas, que se propalem e se efetuem.
MAIS UM MAÇON CORRUPTO
…Sobrou até para a Maçonaria – uma
organização iniciática que já lutou pela independência (até hoje não
conquistada) do Brasil, pela abolição da escravatura, pela República.
Caiu na mídia que o governador do Detrito Federal, José Roberto Arruda, é
Mestre Maçom. É membro da Augusta e Respeitável Loja Simbólica
“Areópago de Brasília”, nº 3001, filiada ao Grande Oriente do Brasil, no
DF. Numa foto que circula pela internet, enviada por maçons indignados,
Arruda aparece vestindo o sagrado avental dos mestres-maçons.
Os maçons querem a cabeça da Arruda. A Soberana Assembléia Federal
Legislativa da Maçonaria (mais precisamente do Grande Oriente do Brasil –
a mais antiga potência maçônica do País) estipulou um prazo de 15 dias
para decidir se expulsa ou não Arruda da ordem maçônica. Os maçons
consideram inaceitável que um membro da organização protagonize a cena
em que aparece pegando R$ 50 mil com o ex-secretário Durval Barbosa.
A decisão será politicamente delicada. Sabe-se que Arruda colocou em
seu governo alguns companheiros de maçonaria. Entidades ligadas aos
maçons foram favorecidas em contratos com o governo do Distrito Federal.
Uma delas é a Fundação Gonçalves Ledo. Sem participar de licitação
pública, a organização receberá mais de R$ 20 milhões. Tudo em nome da
beneficência…
A derrota secreta de Arruda
A Soberana Assembléia da maçonaria aceita pedido de expulsão de governador devido ao escândalo de corrupção
Arruda foi gravado recebendo R$ 50 mil do ex-secretário Durval Barbosa
O governador do Distrito Federal, José
Roberto Arruda, enfrenta ameaças bastante claras e públicas. Apontado
por um ex-colaborador como chefe de um esquema de corrupção, nos
próximos dias ele pode ser expulso. Arruda também pode sofrer um
processo de impeachment na Câmara Distrital – apesar de essa
possibilidade ser menor. Longe do domínio público, Arruda enfrenta
também uma ameaça discreta, mas não menos danosa para sua carreira
política. Na noite da quarta-feira, 2 de dezembro, cerca de 40
integrantes da Soberana Assembléia Federal Legislativa da Maçonaria se
reuniram em Brasília para discutir a situação de Arruda. A assembléia é
uma espécie de Congresso Nacional da organização, da qual Arruda
participa com o grau de “mestre”. Um dos integrantes da assembléia fez
um pedido de expulsão de Arruda.
A decisão sairá em 15 dias, sem possibilidade de recurso.
A maçonaria é uma organização internacional. Entre seus objetivos está
“construir uma sociedade humana, fundada no Amor Fraternal, na esperança
com amor a Deus, à Pátria, à Família e ao Próximo, com Tolerância,
Virtude e Sabedoria e com a constante investigação da Verdade”. Em tese,
antes de entrar para a maçonaria, qualquer um passa por uma espécie de
investigação para atestar sua honestidade.
Os preceitos da maçonaria envolvem
hierarquia rígida e um forte simbolismo. Dentro da hierarquia, a
ascensão de Arruda é considerada meteórica. Em apenas um ano, ele partiu
de “aprendiz”, grau mais baixo da organização, passou por
“companheiro”, grau intermediário, e chegou a “mestre”, posição que goza
de prestígio e interfere nas decisões mais importantes da maçonaria. “A
evolução geralmente leva 1 ano e meio. Essa rapidez foi objeto de
contestação”, afirma um maçom. De acordo com as regras, os maçons não
podem cometer deslizes éticos.
Arruda pode ser expulso da maçonaria. O
principal é o vídeo em que ele aparece pegando R$ 50 mil com o
ex-secretário Durval Barbosa. Os maçons consideram inaceitável que um
membro da organização protagonize a cena. Além das evidências de
corrupção, a situação de Arruda é delicada porque sua relação com a
maçonaria é turbulenta.
Depois de muito tempo afastado, Arruda
voltou ao convívio da comunidade em 2006, antes da campanha para
governador. Arruda esteve no Aerópago de Brasília e repetiu o discurso
de cinco anos antes, quando foi flagrado por ter violado o painel de
votação do Senado. Declarou-se arrependido dos erros e prometeu que, se
eleito, faria um governo voltado para “o povo”. Deu certo. Muitos
“irmãos”, como os maçons se tratam, se engajaram na campanha de Arruda,
inclusive com contribuições financeiras. “O pessoal está se sentindo
enganado”, diz um maçom.
Apesar da discrição da reunião do dia 2 e
dos efeitos jurídicos nulos, a eventual expulsão da maçonaria não é um
fato a ser desprezado. Os maçons formam uma rede de amizades que foi
bastante útil a Arruda para voltar ao poder. Depois de eleito, Arruda
colocou em seu governo alguns companheiros de maçonaria. Entidades
ligadas aos maçons também foram favorecidas em contratos com o governo
do Distrito Federal. Uma delas é Fundação Gonçalves Ledo que, sem
participar de licitação pública, receberá mais de R$ 20 milhões para
conduzir programas geridos pela Secretaria de Ciência e Tecnologia.
Uma pessoa ouvida por ÉPOCA disse que um
dos defensores de Arruda é o grão-mestre do Distrito Federal, Jafé
Torres. “Não confirmo nem desminto nada. Se alguém falou sobre alguma
sessão, tem de ser punido. Isso é um dogma”, diz Torres
Arruda e a crise na maçonaria
O governador se licencia da organização,
mas não evita investigações sobre suposto favorecimento do governo do DF
a uma fundação ligada aos maçons.
MOZARILDO e ARRUDA
Arruda está com o avental maçônico azul, ao lado do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR)
O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, pediu
licença da maçonaria por temer ser expulso da organização. No início de
dezembro, ÉPOCA revelou que um processo para o seu desligamento da
maçonaria havia sido aprovado e que Arruda seria julgado. Segundo fontes
ouvidas pela revista, a expulsão era certa. O motivo do processo foi o
aparecimento do governador em um vídeo recebendo R$ 50 mil do
ex-secretário de Relações Institucionais do governo Durval Barbosa, no
episódio que ficou conhecido como mensalão do DEM de Brasília.
Arruda entrou com o pedido de “quite placet”, concedido pelas lojas
maçônicas quando o maçom fica impossibilitado de freqüentar as reuniões
por qualquer motivo. O governador fez o pedido em caráter irrevogável.
Com isso, a loja fica impedida de não conceder a licença.
Do ponto de vista prático, com o “quite placet”, o processo de
expulsão de Arruda da maçonaria fica parado. Se quiser voltar à
instituição, Arruda terá de se submeter à aprovação dos maçons. Em
dezembro, o governador pediu sua desfiliação do DEM com receio de ser
defenestrado dos quadros do partido.
Arruda é mestre grau 3, terceiro de 33 níveis na hierarquia da
maçonaria. No grau 1, o membro é chamado de aprendiz. No 2, de
companheiro. A partir do 3, já é considerado um mestre.
Em entrevista a ÉPOCA, o maçom Walter Fachetti
(deputado que integra a assembléia federal da organização), que
protocolou pedido de investigação e expulsão de Arruda, diz que o
governador nem deveria ter entrado para a maçonaria.
Fachetti, ligado à loja maçônica 22 de agosto em Colatina (ES),
afirma que Arruda frustrou a maçonaria por ter prometido fazer um
governo voltado para o povo e, depois, ter se envolvido em um escândalo
de grandes proporções (mensalão do DEM).
Fachetti lança suspeitas também sobre a Fundação Gonçalves Ledo,
vinculada à maçonaria e que fechou convênios, sem licitação, de quase R$
30 milhões com o Governo do Distrito Federal para gerir programas de
informática.
O Ministério Público do Distrito Federal já investiga o convênio da fundação com a Secretaria de Ciência e Tecnologia.
Fachetti diz que, neste momento, não chama Arruda de “irmão”, que é o
tratamento entre os maçons. Ele afirma não acreditar na volta de Arruda
à maçonaria, mas não duvida que isso aconteça. “É possível que ele peça
para voltar e um monte de bandido aprove a volta dele. Infelizmente a
Ordem (maçônica) tem pecado muito.”
A seguir, os principais trechos da entrevista do deputado federal maçônico Walter Fachetti a ÉPOCA.
ÉPOCA – O que é o “quite placet”, pedido pelo governador José Roberto Arruda? É uma licença?
Walter Fachetti – Quando o maçom se vê impossibilitado de freqüentar
as reuniões, por qualquer motivo, ele entra com o pedido. Isso está no
regulamento geral da ordem, no artigo 43. O pedido dele, feito no dia 18
de dezembro, foi apresentado em caráter irrevogável. Não existe nenhum
meio que a loja (maçônica) possa revogar. Ela concede simplesmente o
“quite placet”.
ÉPOCA – E o governador explica o motivo da licença?
Fachetti – Na verdade eu nem soube por Brasília. Eu que fiz o pedido
de abertura de processo contra o Arruda no dia 2 de dezembro. Protocolei
no Espírito Santo. Fiz alguns contatos com alguns maçons para pedir
apoio, já que eu sou deputado federal da maçonaria. Mas, quando se faz o
pedido em caráter irrevogável, você não fala o porquê. Só fiquei
sabendo da concessão pela internet.
ÉPOCA – O que acontece com o processo de expulsão dele da maçonaria?
Fachetti – Infelizmente o processo fica parado. Não tem como
prosseguir. Isso porque ele não faz mais parte do corpo da loja. Ele
continua sendo maçom. Quem entra na maçonaria nunca deixa de ser maçom.
Eternamente vai ser maçom. Mas, com o “quite”, fica parado. Mas eu estou
estudando algumas possibilidades. Eu recebi alguns documentos do
grão-mestre de Brasília, Jafé Torres. Ele tem uma fundação em Brasília
chamada Gonçalves Ledo. Houve algum desvio de recursos para ele.
ÉPOCA – Para o Jafé Torres?
Fachetti – Para a fundação. Ela teve um valor pequeno até 2003 em que
dava para pagar só a contabilidade e alguns funcionários. No ano
passado, teve uma receita exorbitante. Estou vendo a possibilidade de
abertura de um processo de investigação da maçonaria sobre a fundação
Gonçalves Ledo, que é mantida pela maçonaria, por alguns maçons que não
deveriam estar no meio. O que prezamos acima de tudo é a liberdade, a
fraternidade e a igualdade. Essa forma de maracutaia, a maçonaria, em
nenhum momento, comunga com isso. Infelizmente não temos como separar
muitas coisas. As pessoas começam a ficar marginais depois que entram na
política. Geralmente no nosso meio não se encontra esse tipo de pessoa.
Mas entraram. Por motivos alheios ao que a ordem preceitua. Por isso
são coisas que temos de punir. E nós, como maçons que queremos a coisa
certa, queremos fazer com que ela aconteça.
ÉPOCA – Seria possível alguma intervenção na loja maçônica do Distrito Federal em função das suspeições?
Fachetti – Só quem pode fazer isso é o Grande Oriente do Brasil, por
meio do grão-mestre geral, que é Marcos José da Silva. Caso a loja toda
esteja envolvida no processo com o próprio Arruda, que, neste momento,
eu não chamo de Irmão. Para mim é um homem de avental que entrou na
maçonaria por motivos particulares e alheios aos que a Ordem preceitua.
Não deveria nunca ter entrado. Ou seja, ele atingiu o grau de mestre em
um período curto, o que não deveria. Com ele foi diferente. Na história
da maçonaria só teve um que conseguiu isso e também por interesse: foi
Dom Pedro I.
ÉPOCA – Só o Dom Pedro I e o Arruda?
Fachetti – Só o Arruda e o Dom Pedro I. Parece que a assessoria do
Arruda é quase toda de maçons da loja dele. Estou batendo contra essa
situação porque não admito esse tipo de coisa. Se for para dar um
jeitinho, a gente sai da maçonaria e fica do lado de fora, que já está
uma bagunça. Dentro da Ordem, fazer uma coisa dessas é lastimável.
ÉPOCA – O Arruda fica impossibilitado de freqüentar as lojas maçônicas?
Fachetti – Sim. Ele fica impossibilitado de freqüentar reunião ou
evento fechado da maçonaria. Só eventos abertos, apesar de ser maçom.
Esse período dura seis meses e pode ser revogado por mais seis meses.
Depois disso, ele pode, com o “quite” na mão, pedir para voltar a
qualquer loja, desde que a loja aceite. A mesma coisa que aconteceu lá
no Senado. Ele burlou o painel, falou que não tinha sido ele e voltou
uns meses depois como deputado e governador. E o povo aceitou.
ÉPOCA – Então o governador Arruda pode voltar à maçonaria?
Fachetti – Pode. Se a loja achar por bem, sim. Existem interesses e
interesses. Normalmente não se pode fazer isso. Mas, infelizmente, a
Ordem tem pecado muito.
ÉPOCA – Na prática, o que o governador Arruda ganha com o “Quite Placet”?
Fachetti – O processo de expulsão fica parado. Mas acho,
particularmente, que ele não volta mais. O desgaste dele dentro da Ordem
foi grande. Quando ele cometeu o ato ilícito do painel (violação) e ele
já era maçom, o Arruda foi dentro de loja, pediu desculpa e falou que
ia fazer um governo voltado para o povo. E a Ordem acreditou nisso. E
agora aconteceu uma situação dessa (mensalão do DEM). Eu acho que ele já
se queimou o suficiente. Não estou falando que não vai acontecer que
não vão aceitar ele. É possível que ele peça para voltar e um monte de
bandido aprove a volta dele. Eu digo sempre o seguinte: se você anda com
porco, você come lavagem. Se aprovarem a volta, é por outros motivos,
que fogem ao que a Ordem preceitua. Eu vou estar em cima, batendo.
Porque se depender de mim ele não volta. Somos mais de 300 mil maçons no
Brasil. A minha palavra é pequenininha, mas vou tentar fazer.
ÉPOCA – A opinião na maçonaria é de que ele deve ser afastado?
Fachetti – As manifestações contra ele são muitas. Eu tenho de
Recife, Fortaleza, São Paulo. Junto com o meu pedido, entrou uma série
de pedidos de expulsão dele no judiciário maçônico. Não estou sozinho. A
imprensa não sabe muito porque a maçonaria é uma coisa muito fechada.
Eu gostaria que este movimento (Arruda) fosse aberto, que fosse
escrachado. A maçonaria está vivendo muito do passado. Ajudou na
proclamação da República, ajudou na Inconfidência mineira, na libertação
dos escravos. O passado é museu. A maçonaria deveria mostrar o que faz
hoje em prol dos menos favorecidos. Não existe mais motivo para vivermos
escondidos do que jeito que nós vivemos. Ou seja, se tem um cidadão
desses (Arruda), que faz uma coisa dessas, ele deveria ser achincalhado
pela maçonaria primeiro. Sou partidário dessa idéia. A maçonaria não
deveria ficar na escuridão neste momento.
ÉPOCA – Então o senhor não tem motivos para ficar no anonimato.
Fachetti – Não vejo motivos. Só se quiserem me expulsar. Mas não existe motivo para me expulsarem.