terça-feira, 24 de setembro de 2013

Testemunhas afirmam ser vítimas de violência de policiais em UPP


A PM vinha levantando informações sobre o tráfico na favela
A PM vinha levantando informações sobre o tráfico na favela

O ajudante de pedreiro Amarildo de Souza que sumiu, em julho, quando foi detido por PMS na Unidade de Polícia Pacificadora da favela da Rocinha, no Rio. Testemunhas afirmam: antes de Amarildo desaparecer, já existia a prática de abusos e torturas no mesmo posto da Polícia Militar. As denúncias foram feitas ao Ministério Público e dão pistas importantes para solucionar o caso.
Policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha são suspeitos de torturar e matar Amarildo de Souza e de terem escondido o corpo. Mas por quê? A resposta pode estar em denúncias feitas ao Ministério Público por moradores que se dizem vítimas da violência de policiais da mesma UPP, instalada na Rocinha há um ano. De acordo com informações do portal G1.
A PM vinha levantando informações sobre o tráfico na favela para uma operação batizada de ‘Paz Armada’. A operação aconteceu um dia antes de Amarildo ser levado à UPP e nunca mais ser visto. “Eu ouvi mãe de família dizendo que a polícia entrava a qualquer hora, do dia ou da noite, em suas casas, dizendo que havia suspeita de que ali havia um depósito de drogas. Traziam para fora da casa adolescentes para fazer perguntas e pressionar sobre informações de onde estariam as armas ou as drogas”, declara a promotora de Justiça do RJ Gláucia Costa Santana.
Um dos autores das denúncias é menor de idade e responde a uma ação no Juizado da Infância e da Juventude por associação ao tráfico. “Me enquadraram na viela aqui embaixo, em uma pracinha perto da minha casa. Aí me enquadraram e, nisso, perguntaram onde estavam os traficantes. Não sabendo, eles me deram uma banda. Pegaram uma sandália do meu pé, aí começaram a me dar tapa na cara, com a sandália na minha cara”, ele diz.
Segundo o rapaz, isso foi só o começo: “Me arrastaram para o beco mais escuro. Aí começaram a me agredir. Botaram saco na minha cabeça, me molhando, dando choque”, conta. A tortura foi testemunhada por uma pessoa que conhecia o jovem. Ela avisou a um parente da vítima. Somente quando esse parente chegou ao local o rapaz foi liberado.
As denúncias foram encaminhadas ao Comando Geral da PM e ao comando das UPPs. Segundo o Conselho de Direitos Humanos, os comandantes informaram que estavam cientes do que estava acontecendo na Rocinha. Quase três meses depois das primeiras denúncias, Amarildo desapareceu. Para a promotora que investiga as denúncias de tortura, a busca da polícia por informações sobre o tráfico não deu certo. Segundo a promotora, essa busca levou à detenção e ao desaparecimento (morte) de Amarildo.
Em nota, a Polícia Militar diz que “não deixa de apurar nenhuma informação concreta que chega ao Comando das UPPs sobre má conduta de policiais”.
A Secretaria de Segurança afirma que “a UPP da Rocinha é bem avaliada pelos moradores e que acompanha com atenção a evolução dos trabalhos do Ministério Público”.
- O projeto Unidade de Polícia Pacificadora é um sonho de todo mundo. Nós apostamos nele. Nós não queremos que o que aconteceu na Rocinha se repita em outras Unidades de Polícia Pacificadora – afirma a promotora.
Dias depois do sumiço de Amarildo, quatro PMs foram afastados da UPP da Rocinha. Já o major Edson Santos deixou o comando da UPP no  início deste mês. A mulher e os seis filhos de Amarildo abandonaram a casa de um cômodo em que moravam.

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