José Gulino, Grão-Mestre do Grande Oriente da França (GODF), primeira
obediência maçônica do país, denunciou, terça-feira, “um crescimento da
violência da extrema direita” em “um clima perigoso”, ao qual “é preciso
colocar um fim o mais cedo possível”.
Gulino deu como prova disso a
multiplicação dos atos anti-maçônicos interpostos na semana passada,
como a manifestação de “alguns 200 doidivanas de extrema direita, que
vieram gritar slogans hostis ao Grande Oriente, sexta-feira, sob
pretexto de que ele defende o casamento homossexual”.
Em uma ligação telefônica à AFP, o
Grão-Mestre do GODF denuncia da mesma forma os “slogans anti-maçônicos
lançados (domingo) por grupelhos de extrema direita no cortejo conduzido
pelo Instituto Civitas, que reuniu cerca de 2.800 integristas católicos
e jovens nacionalistas”.
Ao longo de todo o percurso, os
manifestantes cantaram “Nem laica, nem maçônica, a França é católica”,
ou “o Grande Oriente tem que sair do governo”, após ter acusado as
“forças ocultas” de sustentá-lo.
Para José Gulino, “eles reproduzem esquemas repugnantes, como o
complô judaico-maçônico. Recordo que o primeiro decreto tomado pelo
governo de Vichy implicou na dissolução do Grande Oriente da França”.
“Uma vez mais”, acrescentou ele, “não se sabe sair de uma situação
difícil sem encontrar bodes expiatórios. Hoje, é o Islã que substituiu
os judeus. Estamos em um clima de crescimento do integrismo, do
fascismo, do racismo”.
Este é um “clima perigoso”, alarma-se o Grão-Mestre. “Este
crescimento do obscurantismo, estas violências verbais e físicas, temos
de interrompê-las o mais rápido possível. Devemos dar segurança aos
nossos locais, tomar precauções, fazer um trabalho de memória, repetir a
História. 60% das pessoas com menos de 24 anos não conhecem a palavra
Vel d’Hiv (Razia Velódromo de inverno, de 16 e 17 de junho de 1942, em
Paris, onde houve o maior aprisionamento de massa de judeus realizado na
França durante a Segunda Guerra Mundial).
Ele está igualmente indignado com a demissão do padre Pascal Vesin,
pároco da paróquia de Megève en Haute-Savoie, proibido pelo Vaticano de
exercer sua missão em razão de sua dupla pertença à Igreja e ao Grande
Oriente.
“Tenho a impressão”, confiou ele, “de me achar no tempo da
Inquisição. Releio esta decisão como uma forma de obscurantismo
medieval, a um recuo do viver fraternalmente, dos valores humanos. Para
nós, a liberdade de consciência é absoluta”.
Para o Grão-Mestre do GODF, “há entre os políticos uma ausência de
reação forte. Mas quando a República está em perigo, temos de
preservá-la e defendê-la”.
Fonte: Católicos Ribeirão
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