sábado, 23 de junho de 2012

O SALÁRIO DAS PROFESSORAS

Por EUCLIDES NETO*
Saudoso Chico Anysio com seu gesto de humor relativo ao salário do professor

Além do pouco caso dos governantes, a maioria das professoras
são culpadas pelos seus baixos salários. Para começar não fortalecem os sindicatos da categoria. Ao contrário, desprestigiam-no, pois se trata de organização operária, contra a qual consciência ou inconsciente, agasalha preconceitos. Acreditam na superioridade da atividade intelectual que, na atualidade, levando em conta o parâmetro do lucro, é o que menos vale.
Exagerando a comparação, age como a nobreza em decadência. Vive sempre lutando para manter as aparências. Não assume o empobrecimento.
Tudo conspira contra elas. Inclusive os elogios: são sublimes, representam a segunda mãe dos nossos filhos, santas criaturas, mas que precisam morar, comer, e comprar desodorante. Ao contrário das que vivem no altar. Parecem que, ainda ai, elas ficam sediadas pela angelitude e se acanham de passar de nervos e suor.
Os metalúrgicos, bancários, aeroviários, (mesmo o comandante do concorde) assumem a condição de trabalhadores. Unem-se, pressionam os patrões. Arrancam sempre melhores condições de vida.
As professoras que comandam o Concorde colocam-se ao lado do empregador, defendem-no. Esquecem-se das que ficam em baixo. Tomam uma atitude fascista (com perdão da palavra). Enquanto estão em cima, continuam a brigar em favor do estado. Sempre na esperança.
A professora está sendo a ultima mulher a libertar-se. Precisa livrar-se do cinto de castidade da mente. É escrava do medo. Egoísta de receber vantagens em forma de promoções, cargas horárias. Lideram. Transferem a impressão de que só com tal procedimento as demais colegas também podem conseguir os favores. Quase todas temem perseguições. Vivem oprimidas, assustadas, imaginando que a melhoria só virá com a acomodação.
A greve para elas não traz resultados. 0s governos pouco estão para o ensino, nem se incomodam para a paralisação das aulas. Ao contrário da atividade fabril ou bancária, que atinge o bolso do patrão. Há até certo prazer em assistir greves escolares sucumbirem por inanição. Mas, se quisessem, ninguém teria mais poderes na sociedade que a professora primária. Ela é quem molda os cidadãos até os dez anos de idade, período em que se cristaliza a personalidade do homem. Todos nós somos muito daquilo que vimos e sentimos na escola dos primeiros anos.
A professora está sendo a ultima mulher a libertar-se. Precisa livrar-se do cinto da castidade da mente. É escrava do medo. Politicamente, vai sendo levada pelo sentimento de que deve escolher o que imagina estar perto de sua classe social.
Sempre no delírio de pertencer a uma elite. Vota no candidato que mais cheira a poder, ainda esperançosa de conseguir benesses que nunca chegam. Pelo contrario, seus eleitos quase agem contra elas, pois sempre estão contra os trabalhadores.




TRANSCRITO DA TRIBUNA DE IMPRENSA FEV/94
Euclides Neto - Jornalista, Economista, Cientista Político e Professor Universitário
Ex- Secretário de Terras no Governo de Waldir Pires
Transcrito por Aderbal Caetano de Burgos
SALVE O DIA INTERNACIONAL DA MULHER 8 DE MARÇO.

2 comentários:

  1. Oi,concordo com tudo que está escrito aí em cima,por isso,que eu não faço concurso , prefiro ensinar na minha escolinha ela não tem luxo mas aqui se aprende de verdade.

    Abraços,Lúcia
    24/06/012

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  2. Oi,ficou legal o blog,muito bonito com essa cidade acima.

    Abraços,Lúcia

    24/06/012

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