Bandido de ‘corpo fechado’ organiza facção no interior da Bahia e desafia polícia
Desde junho de 2010, Júnior passou a consolidar o grupo criminoso que comanda o tráfico de drogas no município, além de distribuir para cidades vizinhas
Com o símbolo do Primeiro Comando do Interior em vários muros de
Cachoeira, Júnior mostra força no crime
Depois de três prisões por assalto, resolveu ampliar seus domínios e fundar a facção criminosa Primeiro Comando do Interior (PCI), inspirada na facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC). Desde junho de 2010, quando fugiu da delegacia de Cachoeira, roubando uma pistola .40 do policial plantonista, Júnior passou a consolidar o grupo criminoso que comanda o tráfico de drogas no município, além de distribuir para cidades vizinhas.
“Hoje, só vende droga (crack, cocaína e maconha) nessa região quem Júnior permite. Ele alimenta o tráfico em cidades da região de Cachoeira à custa de muita violência”, conta o delegado titular de Cachoeira, Laurindo Neto.
Na iniciação no mundo do crime, Júnior roubava usando motos. Depois, resolveu investir no tráfico. “Ele fez isso para poder ganhar dinheiro. Percebeu que com o tráfico consegue ser mais forte. Ele traz droga de Feira de Santana para Cachoeira e depois envia para Muritiba, Humildes, Conceição do Almeida, São Félix e Conceição da Feira”, destaca o delegado.
Fechado
Enquanto a polícia tenta capturá-lo, a população de Cachoeira propaga que Júnior, que é filho de Oxóssi, fechou o corpo em três terreiros de candomblé em Cachoeira, São Félix e Conceição da Feira. Dizem que até o delegado foi alvo de “trabalhos” do traficante. “Ele matou um boi e ofereceu aos orixás na intenção do delegado”, contou um morador da Rua da Feira, próxima da delegacia.
O delegado Laurindo Neto, entretanto, prefere não entrar no embate religioso. “Confio em Deus e ponto. Estamos fazendo um trabalho árduo para prender Júnior e seus comparsas. Já prendemos Neguinho, que seria o segundo do escalão da facção”, diz.
Em vários muros de Cachoeira, Júnior mandou pintar - com o verde do seu orixá - as iniciais PCI acompanhadas de um revólver 38, símbolo da organização criminosa. Boa parte dos escritos já foi apagada pela prefeitura.
Um dos que resistem está gravado numa parede a 100 metros da delegacia da cidade, perto da ponte que o traficante usa para esconder entorpecentes e armas. Até na delegacia, quando foi preso na última vez, ele desenhou nas paredes o símbolo da facção.
Tática
Assim como o PCC, Júnior costuma aplicar o golpe “Conexão Jamaica”, em que rouba drogas de rivais para impedir que outros vendam na área dominada por ele.
Fontes da Secretaria da Segurança Pública (SSP) revelaram que, em agosto, Júnior invadiu a casa do traficante Henrique Falcão de Carvalho, em Serrinha, roubou cocaína e ainda bateu no rival.
O sonho de criar um comando criminoso era antigo, segundo um amigo de infância que pediu anonimato. “Trabalhamos como pedreiros juntos. Ele sempre teve vocação para bandido e sempre dizia que queria ser o maior bandido da Bahia”.
O amigo conta que Júnior concluiu o ensino médio. “Era muito apegado à leitura. Dizia que lia uns livros sobre dinheiro de um tal de Marx (Karl Marx) e que gostava muito do alemão da guerra (o ditador Adolf Hitler)”, lembrou.
q mentiraa
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