sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Irmandade da Boa Morte e sua Festa na cidade 

Histórico

A história da Confraria religiosa da Boa Morte se confunde com a maciça importação de escravos da costa da África para o Recôncavo canavieiro da Bahia, em particular para a cidade da Cachoeira, a segunda em importância econômica na Capitania da Bahia durante três séculos.

O fato de ser constituída apenas por mulheres negras, numa sociedade patriarcal e marcada por forte contraste racial e étnico, emprestou a esta manifestação afro-católica, notável fama, seja pelo que expressa do catolicismo barroco brasileiro, de indeclinável presença processional nas ruas, seja por certa tendência para a incorporação aos festejos propriamente religiosos de rituais profanos, pontuados de muito samba e comida.

Há que acrescentar ao gênero e raça dos seus membros a condição de ex-escravos ou descendentes deles, importante característica social, sem a qual seria difícil entender tantos aspectos ligados aos compromissos religiosos da Confraria, onde ressalta a enorme habilidade dos antigos escravos para cultuar a religião dos dominantes sem abrir mão de suas crenças ancestrais, como também aqueles aspectos ligados à defesa, representação social e mesmo política dos interesses dos adeptos.

O Cerimonial
Todos os anos, na segunda quinzena do mês de agosto, geralmente nos dias 13,14, e 15, as integrantes da Confraria realizam a solenidade, em cerimonial com que prestam culto a Nossa Senhora, mãe de Jesus, conforme a tradição de seus ancestrais africanos. O evento religioso, marcado por missas e procissões segue até o dia 17 do mesmo mês.

 A celebração é uma das mais importantes do calendário religioso do estado. O primeiro dia do evento, que é Patrimônio Imaterial da Bahia desde 2010 e possui mais de 200 anos, é dedicado às irmãs falecidas. As integrantes da irmandade saem em procissão carregando a imagem de Nossa Senhora do Rosário sobre um andor rumo à igreja que tem o nome da santa.

No segundo dia, com a imagem de Nossa Senhora da Boa Morte, as irmãs saem da sede da Irmandade em procissão noturna, e o terceiro dia é dedicado a Nossa Senhora da Glória. Nos outros dois dias, samba de roda e oferta de pratos tradicionais servidos na Bahia, como caruru e cozido, marcam o evento.

Durante os cinco dias de festa, as irmãs vestem-se de branco e saem em procissões, carregando imagens e velas, além de entoar cânticos.


Veja a programação da Festa nesta semana:



13/08 (domingo)

18h30 - Saída do corpo de Nossa Senhora da Boa Morte da Capela de Nossa Senhora d'Ajuda em procissão pelas principais ruas da cidade

19h - Missa pelas almas das irmãs falecidas na Capela de Nossa Senhora da Boa Morte

21h - Ceia Branca na Sede da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte

14/08 (segunda-feira)
19h - Missa de corpo presente de Nossa Senhora na Capela de Nossa Senhora da Boa Morte

21h - Procissão do Enterro de Nossa Senhora da Boa Morte pelas principais ruas da cidade

15/08 (terça-feira)
6h - Alvorada com fogos de artifício

10h - Missa solene da assunção de Nossa Senhora na Igreja Matriz

11h - Procissão festiva em homenagem a Nossa Senhora da Glória e posse da comissão organizadora

12h - Valsa e Samba de Roda no Largo d'Ajuda

13h - Almoço das irmãs, convidados e pessoas da comunidade na sede da Irmandade

16h - Samba de Roda no Largo d'Ajuda

16/08 (quarta-feira)
18h - Cozido seguido de Samba de Roda no Largo d'Ajuda

17/08 (quinta-feira)
18h - Caruru seguido de Samba de Roda e encerramento da festa.

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