sábado, 17 de setembro de 2016

“Hêa”, “Tudo 3”, “É noix”: Conheça as simbologias e saudações das facções mais perigosas da Bahia

Pichações, gestos, cortes de cabelo, modelos de sobrancelha e numeração. O que pode estar por trás dessas simbologias?

Foto: Divulgação

Por  trás de uma simples expressão, ou manifestação artística, um complexo sistema de representações criminosas pode estar camuflado. No ano de 2012, a Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP-BA) lançou uma cartilha de orientação policial, desvendando tipos de tatuagens  mais utilizadas por integrantes de facções. 
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O tempo passou e, juntamente com o fortalecimento desses grupos que operam em função do tráfico na Bahia, outras simbologias surgiram, como os gestos, cortes de cabelo, modelos de sobrancelha, numeração, além das pichações.
No início do mês de setembro, deste ano, a cartilha foi atualizada por seu idealizador, Alden José Lázaro da Silva, capitão da Polícia Militar da Bahia. Em entrevista ao Varela Notícias, o policial contou quais são as mais recentes tendências simbólicas.
sobrancelha
Bandidos também utilizam cortes do supercílio para indicar pertencimento a determinada facção criminosa. Normalmente eles podem se utilizar de 02 (dois) cortes para representar o Td2 (Tudo 2). Se aparecer 03 (três) cortes, pode estar reverenciando as facções cujo lema é TD 3 (Tudo 3).
“As simbologias são diversas, mas as pichações estão muito presentes em Salvador, associadas de fato à alguns grupos criminosos. Essas imagens demarcam territórios de onde essas facções atuam. Além das tatuagens que integravam a primeira cartilha, nesta segunda, as pichações, os gestos, cortes de cabelo, modelos de sobrancelha e numeração também são utilizados pelos integrantes desses grupos criminosos. Essas tendências já existem há algum tempo, mas estão cada vez mais evidentes”, conta.
O capitão explicou o que a numerologia, que além de estar pichada em paredes, tatuada na pele e também exibida em fotos, representa. “As numerações são diversas. Por exemplo, 1533 é o PCC: o número 15 é a letra P, que ocupa a décima quinta posição do alfabeto; já 3 é letra C do alfabeto. Em vários pontos da cidade, podemos ver este número pichado. Essa codificação associando letras e números, também são codificações usadas por diversas gangues que atuam ao redor do mundo, principalmente nos Estados Unidos e na América Latina. É uma espécie de cópia de padrão”, explica.
Facções usam pichações para se identificar e marcar seus territórios. As marcações tem o objetivo de exaltar o grupo ou servem como demonstração de força e poder do grupo.
Facções usam pichações para se identificar e marcar seus territórios. As marcações tem o objetivo de exaltar o grupo ou servem como demonstração de força e poder do grupo.
Alden explicou ainda de que forma a cartilha tem contribuído para investigações policiais no estado. “Essas ferramentas de consulta, as simbologias, já foram adotadas por todas às forças policiais, inclusive o FBI. Vale ressaltar que a primeira versão da cartilha  foi publicada em uma revista internacional, a IPA (Associação Internacional de Policiais), com mais de 150 organizações policiais do mundo”, contextualiza.
No que diz respeito a contribuição do combate ao tráfico, diferente da primeira cartilha (que atuava apenas para policiais da SSP), a segunda está dentro das escolas, faculdades, centros comunitários para alertar os pais e os jovens que determinadas imagens ou símbolos muitas vezes utilizados nas redes sociais podem trazer sérios problemas para si. A maioria dos indivíduos que morrem de forma violenta apresentam uma ou mais simbologias citadas na cartilha.

Facções e simbologias
De acordo com policial Roque Cerqueira, da Superintendência de Segurança Pública Municipal, seis facções operam na Bahia atualmente, são elas:  Caveira, CP (Comando da Paz), Katiara, BMD (Bonde do Maluco), Vida Loka e PCC.

FACÇÃO CAVEIRA
Saudação: É nós / é noix/ TD6 /TUDO 6
Simbolo: Caveira
Área: Paripe, Engenho Velho de Brotas, Nordeste de Amaralina, Santa Cruz, Vale das Pedrinhas, Chapada do Rio Vermelho, Ogunjá, Tancredo Neves e Engomadeira.
A utilização de muitos destes sinais tem sido utilizados por determinados membros de torcidas organizadas. O que pode ser um indicativo do motivo de tanta violência dentro dos estádios.

FACÇÃO COMANDO DA PAZ
Saudação: Hêa, Tudo 2 (Td2)
Símbolo: Escorpião (um dos símbolos do PCC)
Numeração: 315 3 (C) 15 (P) = CP
Área: Cidade Nova, IAPI, Pero Vaz e Calabar
“Está tudo em paz!”, e também faz referência as dua letras da facção (CP). Em outros estados  as facções que possuem duas letras também as utilizam.

FACÇÃO KATIARA
Área: Valéria e Águas Claras, em Salvador, além da região do Recôncavo (Ribeira do Pombal, Euclides da Cunha, Maragogipe, Nazaré das Farinhas e Amargosa), berço da organização criminosa.
Símbolo: Pentagrama com as letras PCRFK (Primeiro Comando Recôncavo Facção Nazaré Katiara)
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FACÇÃO BONDE DO MALUCO
Saudação: Tudo 3, Td3, TDIII.
Áreas: Nas cidades de Catu, Madre de Deus, Pojuca. Em Salvador, atua na região do Subúrbio, Cajazeiras, Itapuã e Brotas.
FACÇÃO VIDA LOKA
A primeira foto refere-se a VIDA LOKA (VL). Já a Segunda, foto, com a mão esquerda o indivíduo sinaliza VIDA LOKA e com a outra mão, o mesmo faz referência ao art. 157 do Código Penal, ao simbolizar o gesta de uma arma de fogo.

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FACÇÃO PCC
A facção está presente em 22 dos 27 estados brasileiros, além de países próximos, como Bolívia e Paraguai. É considerada a maior organização criminosa do país. Na Bahia, está presente em muitas cidades baianas. É a principal fornecedora de drogas e trabalha em uma certa harmonia com as facções do estado. É comum observar nos muros dos bairros dominadas pelas facções alguma referência ao PCC.

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