Escritor se oferece a depor para defender palestras de Lula
O escritor e jornalista Fernando Morais enviou uma carta ao juiz
federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, defendendo e
se colocando à disposição para depor a favor do petista sobre a acusação
de ter simulado contratos de palestras para receber dinheiro da OAS.
Morais diz que é “testemunha da lisura e do comportamento ético que
norteou as viagens do ex-presidente Lula ao exterior – e de que ele de
fato proferiu as palestras agora colocadas sob suspeição”. “Nesse
sentido, coloco-me à disposição desse Juízo Federal para oferecer meu
depoimento, o qual, estou certo, contribuirá para a elucidação dos fatos
sob investigação”, diz um trecho da carta.
Nos autos que levaram à ação sobre Lula nesta sexta (4), o Ministério Público Federal mostra, por exemplo, um caso envolvendo uma palestra dele em Santiago (Chile) no dia 27 de novembro de 2013.
O Ministério Público ressalta que no caso do Chile, assim como em outros dois contratos (referentes a eventos em Trinidad e Tobago e Costa Rica), “novamente, não há detalhamento, na minuta do contrato, acerca da palestra a ser proferida”.
Confira abaixo a carta de Fernando Morais a Sérgio Moro:
São Paulo, 4 de março de 2016
Meritíssimo Juiz
Sérgio Fernando Moro
MD Titular da 13ª Vara Criminal Federal
Bairro Ahú
Curitiba – Paraná
Senhor Juiz:
Na manhã de hoje tive a oportunidade de assistir à entrevista coletiva concedida pelos procuradores do Ministério Público de Curitiba. Deixaram-me a clara impressão de que suspeitam que as palestras realizadas pelo ex-presidente Lula tenham sido uma fachada para encobrir o recebimento de recursos de origem escusa.
Há alguns anos venho acompanhando o ex-presidente em suas viagens pelo Brasil e exterior para levantar informações para o livro que estou escrevendo sobre um período de sua vida pública.
Logo descobri que os aviões eram um ótimo local para meu trabalho: sem interrupções de telefonemas, agendas e visitas, eu podia passar horas tomando seu depoimento – lembro-me de um voo de mais de vinte horas de duração.
Acredito tê-lo acompanhado em mais de dez viagens internacionais. De memória, lembro-me de ter estado com o ex-presidente no México, Portugal, África do Sul, Moçambique, Etiópia, Índia, Alemanha, França, Espanha e Cuba.
Em todos os casos ele realizou, sim, as palestras para as quais havia sido contratado. Em alguns dos referidos países, mais de uma. Eu o seguia da hora em que acordava até quando se recolhia para dormir. Assisti a todas as palestras e testemunhei todas as audiências que ele concedeu a artistas, autoridades, sindicalistas e empresários locais. Em nenhum momento ele pediu que eu me retirasse para que pudesse conversar privadamente com alguém – o que seria absolutamente natural.
Trago o assunto à baila por uma única razão: sou testemunha da lisura e do comportamento ético que norteou as viagens do ex-presidente Lula ao exterior – e de que ele de fato proferiu as palestras agora colocadas sob suspeição. Nesse sentido, coloco-me à disposição desse Juízo Federal para oferecer meu depoimento, o qual, estou certo, contribuirá para a elucidação dos fatos sob investigação.
Atenciosamente,
Fernando Morais
Jornalista e escritor
Nota da Redação do Jornal O Guarany: O escritor Fernando Morais esteve em Cachoeira, participando de uma das mesas literárias da FLICA, em 2014.
Nos autos que levaram à ação sobre Lula nesta sexta (4), o Ministério Público Federal mostra, por exemplo, um caso envolvendo uma palestra dele em Santiago (Chile) no dia 27 de novembro de 2013.
O Ministério Público ressalta que no caso do Chile, assim como em outros dois contratos (referentes a eventos em Trinidad e Tobago e Costa Rica), “novamente, não há detalhamento, na minuta do contrato, acerca da palestra a ser proferida”.
Confira abaixo a carta de Fernando Morais a Sérgio Moro:
São Paulo, 4 de março de 2016
Meritíssimo Juiz
Sérgio Fernando Moro
MD Titular da 13ª Vara Criminal Federal
Bairro Ahú
Curitiba – Paraná
Senhor Juiz:
Na manhã de hoje tive a oportunidade de assistir à entrevista coletiva concedida pelos procuradores do Ministério Público de Curitiba. Deixaram-me a clara impressão de que suspeitam que as palestras realizadas pelo ex-presidente Lula tenham sido uma fachada para encobrir o recebimento de recursos de origem escusa.
Há alguns anos venho acompanhando o ex-presidente em suas viagens pelo Brasil e exterior para levantar informações para o livro que estou escrevendo sobre um período de sua vida pública.
Logo descobri que os aviões eram um ótimo local para meu trabalho: sem interrupções de telefonemas, agendas e visitas, eu podia passar horas tomando seu depoimento – lembro-me de um voo de mais de vinte horas de duração.
Acredito tê-lo acompanhado em mais de dez viagens internacionais. De memória, lembro-me de ter estado com o ex-presidente no México, Portugal, África do Sul, Moçambique, Etiópia, Índia, Alemanha, França, Espanha e Cuba.
Em todos os casos ele realizou, sim, as palestras para as quais havia sido contratado. Em alguns dos referidos países, mais de uma. Eu o seguia da hora em que acordava até quando se recolhia para dormir. Assisti a todas as palestras e testemunhei todas as audiências que ele concedeu a artistas, autoridades, sindicalistas e empresários locais. Em nenhum momento ele pediu que eu me retirasse para que pudesse conversar privadamente com alguém – o que seria absolutamente natural.
Trago o assunto à baila por uma única razão: sou testemunha da lisura e do comportamento ético que norteou as viagens do ex-presidente Lula ao exterior – e de que ele de fato proferiu as palestras agora colocadas sob suspeição. Nesse sentido, coloco-me à disposição desse Juízo Federal para oferecer meu depoimento, o qual, estou certo, contribuirá para a elucidação dos fatos sob investigação.
Atenciosamente,
Fernando Morais
Jornalista e escritor
Nota da Redação do Jornal O Guarany: O escritor Fernando Morais esteve em Cachoeira, participando de uma das mesas literárias da FLICA, em 2014.
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