Corrupção,
desvios de recursos e o módulo da Agência Fazendária da
Cachoeira
Cachoeira
Por Pedro
Borges dos Anjos
Editor-Chefe
do Jornal O Guarany
A comprovação de desvios de
recursos e corrupção é dos trabalhos jornalísticos mais delicados. Se um
político, quer seja prefeito, governador, vereador, deputado, senador, presidente ou ex-presidente da República, ou
ministro, ou secretário de estado ou municipal, for flagrado numa mentira ou
contradição, sua carreira pode até sofrer abalos, mas não termina. Provado que
desviou recursos para seu enriquecimento, ele pode até não ser punido pela
polícia ou julgado pela Justiça, mas sua carreira estará seriamente
comprometida. Por isso as falcatruas são, em geral, sofisticadas, e seus
mentores não costumam deixar rastros.
Suponha-se que um servidor
público auxilie na aprovação de uma obra desnecessária. O dinheiro clandestino recebido pela “ajuda”
não será depositado em sua conta-corrente, mas usado como fachada um parente ou
amigo. Ou até mesmo, como é frequente, o depósito vai para conta no exterior. Quem
pagou a propina não confessa, pois, também, estaria incorrendo em crime.
Denunciar a obra supostamente desnecessária significa entrar numa discussão não
penal, mas administrativa, e os acusados sempre disporão de bons argumentos
técnicos para justificar um desperdício com dinheiro público, capaz até mesmo
de embaralhar a convicção dos jornalistas. Os picaretas costumam ser muito
convincentes e fluentes.
Módulo da Agência Fazendária
em Cachoeira
Em meados da década de 80,
Cachoeira tinha uma agência fiscal da Secretaria da Fazenda. Funcionava em uma
das salas do prédio reformado pelo IPHAN, o primeiro imóvel residencial da
Cachoeira, construído pelos Adornos, no Largo da Ajuda, o qual, atualmente,
abriga secretarias da administração municipal. O prefeito era Geraldo Simões,
aliado do governo do Estado, o qual solicitou ao Secretário da Fazenda, a
construção de um imóvel para abrigar a referida agência na cidade. O pleito foi
deferido, mas estranhamente, contrariando a intenção do prefeito, que queria a
sede no centro da cidade, construíram um módulo de primeiro mundo, lá no bairro
da Faceira. O módulo era revestido com potente refrigeração condicionada,
integralmente mobiliado segundo as normas da decoração moderna. Nunca
funcionou. Gastaram R$4 milhões de reais, assim disseram. Em seguida, a Agência Fazendária da Cachoeira foi extinta, um ou dois funcionários removidos, um
deles era tio de Vladimir Abdala, o qual integrava o alto escalão do governo,
lembro-me. O suntuoso módulo foi se deteriorando, até torna-se ruína, hoje, no
local, é um quadra de esportes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário