domingo, 28 de fevereiro de 2016

DISCURSO PERLOCUTÓRIO



Por Pedro Borges dos Anjos
Professor, pesquisador da estrutura do Discurso Perlocutório e o Poder da Palavra
 
Quem escuta o discurso perlocutório, logo após sua conclusão, começa executar o que nele foi determinado ou instruído. O autor deste discurso é portador do poder de exercer domínio sobre seu receptor, o seu interlocutor, ouvinte ou leitor. O  discurso  perlocutório,  à vista da força de suas próprias expressões, age poderosamente sobre seu ouvinte, dominando-o. 
 
O falante ou escritor portador deste discurso transmite a sua vontade e instrui o papel que institucionalmente lhe é conferido, ao mesmo tempo em que define o do seu interlocutor, isto é, o de obedecer e de executar o que lhe foi anunciado. Este é o discurso perlocutório.
 
O discurso performativo-perlocutório exerce no interlocutor domínio hipnótico. O enunciado perlocutório  reveste-se de poder que impõe ao ouvinte, na hora de sua  recepção, realizá-lo com as solenidades de sua autoridade.
 
Com a evidência do domínio que o discurso perlocutório exerce sobre o interlocutor, à vista também da influência que exerce entre uns e outros, pode ser analisado conforme ensina a Pragmática, com  instruções sobre os signos e sua operacionalidade pelos utilizadores, com que buscam adaptar  enunciados desta natureza às culturas permanentes nas comunidades de falantes, de acordo com as situações e contextos em que são proferidos. Assim, a comunicação se torna efetiva, à vista do que os signos significam para falantes e ouvintes.
 
O profissional especializado na construção de discursos perlocutórios tem na palavra a sua ferramenta de maior expressão. A palavra sustenta-lhe a realização de suas pretensões. Hipnólogos, jornalistas, professores, médicos, advogados, pregadores, comunicadores, oradores, radialistas, spin-doctors, etc., são profissionais do discurso perlocutório. Urge conhecer  a estrutura da performidade e selecionar expressões perlocutórias com que se possa aperfeiçoar o poder da comunicação convincente. 

O discurso perlocutório conduz o ouvinte a um dos estados hipnóticos. Empresários sempre contratam agências de propagandas com a finalidade de produzirem textos para divulgarem os produtos que comercializam. A publicidade corretamente produzida por especialistas em redigir textos perlocutórios  garante  êxitos, atraindo a clientela que os empresários necessitam para sustentar o padrão de crescimento e de prosperidade de seus negócios. É com discurso fortemente perlocutório que a coca-cola preserva, amplia e prossegue tornando maior o horizonte de sua clientela, convencendo povos e nações a consumirem o produto. 
 
Líderes políticos contratam spin-doctors, agências de marketing dirigidas por reconhecidos especialistas do discurso perlocutório  para projetarem suas campanhas com que buscam convencer o maior número  de eleitores para lhes contemplarem com o voto ao cargo que concorrem. É este discurso perlocutório que fez e vai  prosseguir  mantendo o leitor deste artigo até a sua conclusão.
 
É pertinente definir, inicialmente, “sucesso” conforme a visão que instrui e operacionaliza os meios para  a materialidade deste discurso. Não é a visão lecionada nos dicionários, embora possa coincidir. 
 
Sucesso é a capacidade nata ou adquirida que o ser humano tem para recepcionar resultados de ações com espírito de absoluto equilíbrio. Quando fatores adversos ao planejado, aparentemente causam dilação ao esperado, resultados que não correspondam ou pareçam distanciarem-se das expectativas, quando são desproporcionais aos valores que integram o caráter e os sentimentos do homem, cidadãs e cidadãos de sucesso não recepcionam tristezas nem mágoas nem  ódios nem sentimentos de vingança. Permanecem firmes, não se abalam. Sua estrutura de valores não reconhece derrotas nem insucessos nem fracassos, antes tudo lhe é vitória, tudo lhe é sucesso. Não recepciona nem reconhece enfermidades nem pobrezas nem a morte, tudo lhe é saúde, tudo lhe são riquezas, tudo lhe é vida.
 
A visão de sucesso revela que o seu portador, ao proceder à escolha que lhe chega ao raciocínio íntimo,  quaisquer ações, qualquer empreendimento, ele (ou ela) busca a sua materialidade, no segundo momento, através de atos de fala, proferindo-os formalmente em permanente  discurso perlocutório,  tendo, inicialmente, a si próprio e o Universo como ouvintes.  Nos estágios sucessivos, prossegue raciocinando, falando e vivendo emoções da materialidade de tudo que se discursou para si e para o Universo, mesmo que a materialização não esteja lá com que possa ser vista a olhos físicos  vernaculares. O Universo infalivelmente executará a melodia da composição, do discurso, da oração performativa.
 
Na visão profana, no entendimento vernacular, somente os ricos, os que ocupam as páginas mais destacadas da mídia jornalística ou televisada, são considerados sucessos. Fosse assim, gente do povo de todas as nações seriam fracassos. Milhões de indivíduos anônimos realizam sonhos, são sucessos, são felizes. A visão que ignora valores seculares do sucesso anônimo é reconhecidamente falsa. Não são fracassos nem é justo ignorar-lhes o sucesso de quem contribui com suas habilidades, qualificações e inteligências, para colocar na evidência midiática aqueles que a visão comum enxerga como sucesso.
 
O portador deste discurso, ao enunciá-lo, nada, ninguém poderá impedir a sua materialização. Quem for determinado pelo Universo como instrumento para a sua realização e resistir, será derrotado. Quem resistir suas soberanas forças de materialização, será cumulado de maldições. Quem não afastar de si a resistência para servir ao Universo no cumprimento da petição perlocutória, será ferido de enfermidades graves, vítima de incontroláveis maldições. Entre esses, os que resistem não morrer, serão mortos. Ninguém tem o poder de contrariar as soberanas forças do Universo.
 
Quem tem domínio deste discurso, ao enunciá-lo, passa a visualizar, a viver as emoções de sua materialidade, mesmo que os objetos do pleito, a natureza visível do desejo, ainda não estejam lá. É nesta atmosfera que o Universo materializa propostas com integral fidelidade aos verbos que integram a estrutura dos enunciados expostos e combinados em atos de fala. Quem estiver em posição de agir, de determinar providências para sua materialização e não o faz; quem ignorar; quem descrer que nada lhe acontecerá, expõe-se a extrema gravidade, pois, as forças que materializam ou fazem materializar atos de fala desta natureza, são soberanas, agem no invisível, até no infinito agem. Para o Universo não há obstáculos nem adversários nem oponentes nem inimigos, por mais poderosos que pareçam, capazes de resistir ao seu soberano poder de realização, de materialização do que lhe é proposto no discurso perlocutório. Resistir a forças dessa natureza, é condenar-se à derrota, é cavar a própria sepultura. Este discurso vence quaisquer obstáculos, derrota a natureza perversa da estrutura do Programa Monarca.

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