Odebrecht diz que delegado
da PF deu 'ares de escândalo' a bilhete
A Odebrecht
manifestou nesta quarta-feira, 24, sua 'indignação' sobre o que chama de
"incidente processual que se tentou criar em torno de um bilhete do seu
diretor-presidente, Marcelo Odebrecht". Em nota à imprensa, a maior
empreiteira do País afirma que o bilhete contém "orientação (de Marcelo
Odebrecht) aos advogados" com argumentos para serem usados no habeas
corpus em favor do empresário.
O manuscrito
de Odebrecht foi encontrado por agentes da Custódia da Polícia Federal na manhã
de segunda-feira, 22. Nele, o empreiteiro pede 'destruir e-mail sondas' - para
a Polícia Federal, indicativo de 'supressão de provas', no caso uma
correspondência eletrônica de 2011 em que é abordado sobrepreço em contrato de
afretamento e operação de sondas.
Para a
Odebrecht, o delegado da Polícia Federal (Eduardo Mauat, que integra a
força-tarefa da Operação Lava Jato), 'infelizmente optou por dar publicidade e
ares de escândalo em um bilhete com simples orientações do cliente para seus
advogados'. A empreiteira diz que o delegado feriu 'a proteção da relação que a
Lei garante a todos os cidadãos brasileiros'.
"A
simples leitura do bilhete mostra que não há motivos para este
questionamento", contesta a Odebrecht. " O bilhete foi redigido pelo
executivo a partir do despacho judicial que expediu mandado de prisão para
diretores da Odebrecht. Trata-se de orientação aos advogados para os diversos
tópicos para os esclarecimentos que serão prestados no habeas corpus a ser
impetrado. Tanto que o título do bilhete é "Pontos para o HC (de habeas
corpus)".
Segundo a
nota da empreiteira, "ao tratar do tópico sobre a troca de e-mails entre
executivos da Odebrecht, razão alegada para a prisão dos executivos da empresa
- medida manifestamente ilegal - o diretor-presidente utiliza a expressão
'destruir e-mail sondas RR', referindo-se a Roberto Ramos, autor de uma das
mensagens, então na Braskem e que trabalhava na constituição da Odebrecht Óleo
e Gás". A empresa destaca que "uma seta manuscrita liga a expressão
'destruir e-mails sondas RR' aos argumentos que o diretor-presidente sugere
para explicar as discussões contidas na sequência de mensagens".
A Odebrecht
é categórica. "Não há nenhuma sugestão, no bilhete de Marcelo Odebrecht,
que sugira que se cometa qualquer ilegalidade. Além de não corresponder à
conduta do executivo, nem faria sentido uma sugestão de se 'destruir' (não no
conteúdo, como era a intenção, mas literalmente, como interpretou a autoridade
policial) e-mails que foram apreendidos em operação realizada em novembro de
2014, que foram amplamente periciados e tornados públicos. Destruir algo que já
está em poder da PF e do juiz Sergio Moro não faz o menor sentido. Ou seja, a
palavra destruir só pode ter outro significado."
No texto
divulgado no início da noite desta quarta-feira, 24, a empreiteira diz que
"lamenta que se tenha criado um incidente processual sobre uma expressão
tirada obviamente do contexto".
"Os
advogados da empresa tentaram, por meio de petição e contatos pessoais, fazer
ver a autoridade policial a falta de sentido em se criar suspeitas sobre o
tema, mas infelizmente esta optou por dar publicidade e ares de escândalo em um
bilhete com simples orientações do cliente para seus advogados - ferindo assim
a proteção desta relação que a Lei garante a todos os cidadãos
brasileiros."
Fonte:
Por Julia Affonso, Fausto Macedo e Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba
| Estadão
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