O DESAFIO DE ENSINAR O JORNALISMO INVESTIGATIVO
A investigação é primordial em qualquer matéria jornalística.
Ao trazer ao conhecimento da sociedade um fato de interesse público, o jornalista pode desde apressar um processo que demoraria anos para ser concluído até estimular a reformulação de leis.
Em sua palestra no 6º Congresso da Abraji, o professor Solano Nascimento da Universidade de Brasília apresentou casos em que o jornalismo investigativo foi fundamental por causa de reportagens que causaram grande impacto na sociedade, além de alertar e impedir a incidência de novos abusos e situações problemáticas. “É difícil o jornalismo investigativo mudar governos ou mudar toda uma estrutura. Agora, fazer reformas é possível e, para determinados grupos de pessoas, elas são muito importantes”, disse, referindo-se a um episódio ocorrido em 2006 na região de Imperatriz (MA). Na ocasião, 16 pessoas morreram de forma misteriosa, agricultores entre 14 a 45 anos de idade. Posteriormente descobriu-se que a causa das mortes foi um fungo no arroz, colhido e consumido pelos trabalhadores.
Assim como os estudantes, os profissionais que ensinam o jornalismo investigativo também precisam se atualizar constantemente para poder proporcionar aos alunos encontros e trocas de experiências com jornalistas, no ambiente educacional.
A falta de critérios e atenção ao apurar uma notícia pode levar um veículo a cometer equívocos e transmitir informações que eventualmente não correspondem à realidade. Em suas aulas, o professor Solano aborda temas que treinam a perspicácia do universitário. “Ele é provocado a olhar toda notícia com desconfiança, descobrir o que está errado”, explica.
Edson Flosi, professor da Faculdade Cásper Libero, lembra com pesar a ausência da disciplina de jornalismo investigativo, ou reportagem policial, na grade curricular das universidades brasileiras. Para ele, a reportagem policial tem diferenças importantes em relação às reportagens que abordam esportes ou saúde, por exemplo. “O repórter policial foge da versão oficial. Ele enfrenta a polícia, promotores, delegados, e ainda tem que ter outras qualidades como malandragem, esperteza, frieza, raciocínio e, principalmente, a desconfiança. Das especialidades do jornalismo, a mais difícil de ensinar é investigativa, porque depende muito mais do interesse do aluno”, conclui.
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