A presidenta Dilma Rousseff
tem razão.
Corrupção no Brasil é uma senhora idosa
Por Pedro Borges dos Anjos
Editor-Chefe do Jornal O Guarany
"Desde a aurora dos tempos, o homem tem necessidade de acreditar. Para uma maior tranquilidade, encontrar desculpas ou para enriquecer. Se existe um Deus, hoje, tem um nome, ou devo dizer muitos nomes: dinheiro, dinheiro, interesse ... É por isso que os homens lutam."
Laetitia B. Jeanjean
Os conflitos surgidos na
equipe de Figueiredo relacionados à eleição repetem-se na maioria dos governos,
em maior ou menor escala. Não há governo em que os ministros não se desentendam
entre si ou ministros que não se choquem com seus auxiliares. A briga é uma
ótima chance para o jornalista obter preciosas e verdadeiras informações sobre
os bastidores do governo e falhas dos ministros ou do presidente. Quanto mais
brigas, mais informações e vazamentos. Os repórteres ficam atentos para saber
quem está brigando com quem, a fim de obter inconfidências ou documentos.
Durante a gestão José
Sarney, os jornalistas atentos aos bastidores obtinham farto material. O chefe
do SNI, Ivan Mendes, chegou a articular um esquema especial de vigilância em
torno do ministro do Planejamento, Aníbal Teixeira, por suspeita de corrupção.
Tempos depois, devido a uma série de reportagens da Folha de São Paulo, Aníbal
Teixeira, já fora do cargo, foi indiciado por corrupção pela Polícia Federal. O
então ministro, sabendo da vigilância, não falava mais nada de importante nos
telefones de seu Ministério, imaginando-os “grampeados”, como, de fato,
estavam.
Investigado pela CPI da
Corrupção, formada no Senado para apurar irregularidades no governo Sarney,
Aníbal mostrou até onde podem ir as divergências. Já longe do Ministério, ele
apontou “negociatas”, supostamente articuladas no Palácio do Planalto, mais
precisamente pelo genro do presidente, Jorge Murad. Entraram no tiroteio contra
o governo vários ex-ministros: Bresser Pereira, Dilson Funaro, João Sayad e Marco Maciel. Funaro
deixou o Ministério da Fazenda apontando corrupção no governo, mas sem dar
nomes, num procedimento idêntico ao de Bresser Pereira. Em off, eles citavam o
consultor-geral da República e depois ministro da Justiça, Saulo Ramos.
Em seu depoimento na CPI da
Corrupção, Bresser Pereira, ex-ministro da Fazenda, disse que havia “corruptos”
próximos ao presidente Sarney. Os senadores pediram nomes e ele não deu,
criando um tumulto na sessão. Parlamentares ligados ao governo consideraram
irresponsável fazer acusações sem nomes e provas. Na intimidade, Bresser afirmava
ter “certeza” de que Saulo Ramos era beneficiado de negócios feitos pelos
governo. “Não posso provar, mas é verdade”, repetia.
"Depuis la nuit des temps, l'homme a eu besoin de croire. Pour se rassurer, pour se trouver des excuses ou pour s'enrichir. S'il y a un Dieu aujourd'hui, il a un nom, ou devrais je dire plusieurs noms: fric,argent, intérêt... C'est pour ça que les hommes se battent."* Parágrafo extraído do primeiro capítulo do livro “Au Nom de Dieu”, recentemente lançado, de autoria da escritora e cantora francesa Laetitia B. Jeanjean, cujo raciocínio inspirou-me a produção do texto acima.
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