domingo, 3 de agosto de 2014

Jornalismo que investiga abusos do poder do Estado é destaque na Flip


Glenn Greenwald, o jornalista que deu o furo do escândalo de espionagem da NSA
Glenn Greenwald, o jornalista que deu o furo do escândalo 
de espionagem da NSA

O jornalismo combativo e investigativo na luta contra os abusos do poder do Estado é destaque da Feira Internacional de Literatura de Paraty (Flip) neste sábado. A mesa que abre o quarto dia do evento, “Liberdade, liberdade”, terá os jornalistas norte-americanos Charles Ferguson e Glenn Greenwald.

Ferguson fez um documentário sobre crise financeira de 2008, que virou livro (Trabalho Interno), e Greenwald ficou famoso mundialmente após revelar as denúncias feitas pelo ex-agente da CIA Edward Snowden sobre a espionagem de cidadãos e países feita pelos Estados Unidos por meio da internet.

Às 21h, os jornalistas David Carr e Graciela Mochkofsky falam do trabalho que desenvolveram sobre as relações entre a imprensa e interesses privados. Carr fez o documentário Page One – Inside the New York Times, sobre os bastidores do jornal nova-iorquino. Graciela escreveu um livro sobre o embate entre o casal Kirshner e o grupo Clarín, dono de jornais e revistas na Argentina, seu país de origem.

A partir das 17h, o segundo encontro sobre questão indígena do evento reúne o antropólogo Beto Ricardo e um ativista da causa yanomami e o antropólogo Eduardo Viveiro de Castro, indigenista e autor de vários livros sobre o pensamento ameríndio. A presença sobre a presença e o futuro dos índios no Brasil será destaque da mesa.

Na véspera, no primeiro encontro dedicado aos índios e à Amazônia , o líder indígena Davi Kopeawa criticou a destruição causada pelo homem da cidade, as invasões de terras indígenas por parte de garimpeiros, camponeses, que, segundo ele, tem a conivência do governo. Kopeawa e a fotógrafa suíça Claudia Andujar, que fez um trabalho de saúde preventiva em terras yanomami na década de 70 em Roraima, falaram de aspectos da cultura desse povo e defenderam sua preservação. A fotógrafa contou que, após perder quase toda a família, morta pelos nazistas, saiu pelo mundo em busca de sua identidade, que encontrou no Brasil, entre os índios com quem viveu por mais de seis anos.

À noite, no circuito alternativo, a ditadura militar no Brasil foi abordada por dois filhos que perderam seus pais. O engenheiro Ivo Herzog e Marcelo Rubens Paiva defenderam a educação e o fortalecimento da memória deste período para prevenir mais mortes cometidas pelo Estado no país.

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