Após renúncia teatral de Barbosa, relatoria da AP 470 vai para Luís Roberto Barroso
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal
(STF), foi escolhido nesta terça-feira como novo relator da Ação Penal
470, o processo que ficou conhecido como ‘mensalão’. O processo foi
redistribuído após o presidente da Corte, Joaquim Barbosa, renunciar à
relatoria, em uma alegação teatral de que foi ameaçado por Luiz Fernando
Pacheco, advogado do ex-presidente do PT José Genoino, retirado à força
do Plenário do STF, a mando de Barbosa. O ato gerou graves protestos
tanto na Ordem dos Advogados do Brasil quanto no Instituto dos Advogado
do Brasil. A partir de agora, caberá a Barroso analisar os
pedidos de trabalho externo dos condenados. Os benefícios foram cassados
pelo presidente, que vai se aposentar da Corte no final deste mês.
As defesas dos condenados que tiveram trabalho externo cassado
aguardam que os recursos protocolados contra a decisão de Barbosa sejam
julgados pelo plenário do STF. No início deste mês, em parecer enviado
ao STF, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a
revogação da decisão que cassou o benefício de trabalho externo do
ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e do ex-tesoureiro do PT Delúbio
Soares, também condenado no processo do ‘mensalão’. Segundo o
procurador, o entendimento de que não é necessário o cumprimento de um
sexto da pena, firmado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), é
acertado. Para Janot, não há previsão legal que exija o cumprimento do
lapso temporal para concessão do trabalho externo a condenados em regime
semiaberto.
No mês passado, para cassar os benefícios, Barbosa entendeu que Dirceu, Delúbio e outros condenados no processo não podem trabalhar
fora da prisão por não terem cumprido um sexto da pena em regime
semiaberto. Com base no entendimento, José Dirceu nem chegou a ter o
benefício autorizado para trabalhar em um escritório de advocacia em
Brasília. Na decisão, assinada nesta manhã, em que renunciou ao
processo, Barbosa afirmou que os advogados dos condenados passaram a
atuar politicamente no processo, por meio de manifestos e insultos
pessoais. O presidente citou o fato envolvendo Pacheco. Na semana passada, Barbosa determinou que seguranças do STF retirassem o profissional do plenário.
“Esse modo de agir culminou, na última sessão plenária do STF, em
ameaças contra minha pessoa dirgidas pelo advogado do condenado José
Genoino Neto que, para tanto, fez uso indevido da tribuna, conforme se
verifica nos registros de áudio e vídeo da sessão do dia 11 de junho”,
disse Barbosa, no processo.
Na véspera, o presidente do Supremo pediu à Procuradoria da República
no Distrito Federal a abertura de uma ação penal contra advogado de
Genoino. Barbosa pede que Pacheco seja investigado pelos crimes de
desacato, calúnia, difamação e injúria.
Pacheco disse que vai se pronunciar sobre a ação somente após conhecer os detalhes do pedido.
– Falo somente após conhecer formalmente a acusação. Por enquanto,
fico apenas com a tranquilidade dos profissionais que cumprem com seu
dever – concluiu.
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