domingo, 20 de abril de 2014

Marcha da Maconha começa neste domingo às 4:20

O número 420 tornou-se o símbolo de todos aqueles que apoiam a liberação da maconha no mundo
It should be this way: Keep calm because it will be at 4:20 pm

O número 420 tornou-se o símbolo de todos 
aqueles que apoiam a liberação da maconha 
no mundo

Às 4h20 da tarde deste domingo, usuários de maconha vão se reunir em várias cidades dos Estados Unidos e da Europa em um ato para discutir uma nova política para a droga. Em São Paulo, a Semana Pela Legalização da Maconha já teve início neste sábado. Mas afinal, por que se reunir a essa hora e 
por que o número 420 se tornou um símbolo da maconha?

O encontro no 20 de abril (que em inglês é escrito na forma 4/20, em função do mês 4 e do dia 20) ocorre há vários anos. Já a origem do 420 remete ao ano de 1971, quando passou a ser usado como uma senha por estudantes de ensino médio de San Rafael, no estado norte-americano da Califórnia. No outono daquele ano, cinco adolescentes encontraram um mapa desenhado a mão que supostamente mostrava a localização de uma plantação de maconha em Point Reyes, próximo a San Francisco.

Eles resolveram encontrar o “tesouro” e marcaram de se reunir para a expedição as 4h20 da tarde. Nunca encontraram a plantação, mas a hora do encontro não seria mais esquecida.

– A gente fumava muita maconha naquela época. Metade de nossa diversão era encontrar a maconha – contou à agência britânica de notícias BBC Dave Reddix, um membro do grupo que tinha até nome, os Waldo. Reddix, que na época tinha o codinome de Waldo Dave, hoje tem 59 anos e trabalha como cineasta.

‘Deadheads’
A confraria passou a usar o número 420 para seus membros da confraria para rodas de maconha. Logo a senha começou a se espalhar entre os amigos, os agregados, os conhecidos, entre eles os integrantes de uma banda de rock californiana, os Grateful Dead.

Rapidamente, o 420 passou a fazer parte do vocabulário dos deadheads, como eram chamados os fãs do Grateful Dead. Em 1990, o termo e a explicação foram impressos em um folheto da banda. Foi assim que o código foi descoberto por Steve Bloom, editor da revista Clique High Times, uma das primeiras publicações sobre a maconha nos Estados Unidos. A equipe da High Times entrou na onda e passou a fazer suas reuniões de pauta às 4h20 da tarde.

Disputa
Anos depois, o termo deu nome a outra publicação especializada em maconha, a Clique 420 Magazine. A disputa sobre como o 420 teve origem começou com uma reportagem da revista, segundo a qual um outro grupo de amigos, rival dos Waldo, tinha inventado a história. Os Waldo reagiram e publicaram cartas e mostraram objetos para “provar” que foram eles os inventores do termo. Desde então, defendem com veemência a sua versão.

– Somos os únicos a mostrar provas – diz Steve Capper, também chamado de Waldo Steve.

Legalização
Segundo Bloom, editor da High Times, o termo virou uma um código semi privado, que os usuários de maconha vão encontrar por todos os lados. O número aparece até no filme Pulp Fiction, de Quentin Tarantino, no relógio de um dos personagens. Primeiro Estado norte-americano a legalizar a maconha, o Colorado também se viu às voltas com o número. Recentemente, uma placa que indicava a extensão de 420 milhas da rodovia interestadual 70 foi furtada. As autoridades resolveram se antecipar ao problema e mudaram a nova placa, que agora indica que a rodovia tem 419,99 milhas.
Em Denver, capital do Estado, se espera uma grande festa neste domingo, já que este será o primeiro ato 420 desde que o Colorado legalizou a droga, uma política que ganha força nas Américas e na Europa. O Uruguai aprovou recentemente a legalização da maconha, que será produzida e vendida pelo próprio governo. A discussão também ganha força no Brasil, tendo como mais célebre defensor o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que defende a descriminalização – já em curso na Argentina e no Uruguai.

Em São Paulo, o tema da semana, que vai culminar com a Marcha da Maconha no sábado, dia 26, é “Cultive a liberdade para não colher a guerra”. A campanha ganhou apoio de artistas como o cantor Marcelo D2 e o dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, fundador do Teatro Oficina.

Os defensores da legalização argumentam que a chamada “guerra contra as drogas” não conseguiu acabar nem diminuir o consumo da maconha, só fazendo aumentar a violência devido a ação de grupos de narcotraficantes, sobretudo na América Latina, um dos centros produtores. Os defensores também ressaltam os efeitos positivos da droga quando usada para fins medicinais.

A política da “guerra contra as drogas” ganhou força nos anos 1980, durante o governo do presidente americano Ronald Reagan. A cada ano, millhares de pessoas morrem na América Latina vítimas da violência derivada do narcotráfico. Os países da região lideram a lista das nações com mais alto índice de homicídios no mundo, segundo relatório recente divulgado pela ONU.

Fonte: Correio do Brasil, edição de 20/04/2014


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