Polêmica: “OAB deveria apoiar a transferência do Exame de Ordem para MEC”, diz Domingos Dutra
Brasília - A Comissão de Educação da Câmara dos
Deputados realizou, ontem 25/3, Audiência Pública provocada pelo deputado e
relator Celso Jacob (PMDB/RJ), para debater
o PL nº 5.277/13 de autoria do deputado Domingos Dutra - que altera o
Estatuto da Advocacia e a Ordem dos
Advogados do Brasil e condiciona entrega de diploma de curso superior à
aprovação no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade).
Projeto de lei prevê regulamentação para que os
formandos sejam avaliados através de Exame de proficiência pelo MEC/Estado, e
não por entidade de classe.
Segundo o deputado federal maranhense, Domingos Dutra
(Solidariedade), o PL 5.277/13, é uma mediação entre aqueles que pretendem
acabar com exame de ordem e daqueles que querem manter o Exame de Ordem. “A OAB
deveria apoiar a transferência do Exame de Ordem para Ministério da Educação (MEC), ou seja, o
PL nº 5.277/13, que exige o exame de proficiência para engenheiros e outras
profissões”, disse Dutra.
“A OAB não pode ficar insistindo no exame excludente
como este, daqui a 4 ou 5 anos, nesse patamar de 80% de reprovação dos alunos,
em 5 anos teremos 50 milhões de brasileiros, envolvidos no drama de exame de
ordem. Portanto não é um assunto pequeno, é uma questão de direitos humanos”,
disse o deputado Domingos Dutra.
Na Audiência Pública - A Ordem dos Advogados do Brasil
- OAB, foi representada pelos advogados Pedro Paulo Guerra de Medeiros -
Conselheiro Federal da OAB e Yuri Sahione - Conselheiro OAB/RJ, ambos falam
sobre a importância na aplicação do
Exame de Ordem, em especial, como forma de proteger a sociedade.
Representando os
bacharéis em direito que usaram da palavra: Vasco
Vasconcelos, Reinaldo Abrantes, Jean
Serra Dourada, Carlos Scheneider, Ildereler, Leandro, Maurílio José Germânio,
Adílson Marcos, Luiz Carlos Laje e Walney Vargas. A maioria dos bacharéis saiu
em defesa do fim do Exame de Ordem, alegando inconstitucionalidade e
manipulação de provas, outros exigiram
melhoras na aplicação do exame.
Dentre os demais participantes da audiência estiveram,
o Felipe Augusto Damaceno, representante do Centro Acadêmico de Direito da
Universidade de Brasília – UnB, que decidiu se posicionar contra a exigência do
Exame de Ordem, ou qualquer exame de proficiência (por exemplo, medicina ou
engenharia) e a aprovação do PL,
que condiciona entrega de diploma de
curso superior à aprovação no Enade. “O que o MEC deve fazer é suspender os
cursos mal avaliados no Enade”, disse Felipe Augusto Damaceno.
Na audiência, o MEC foi representado pelo Diretor de
Política Regulatória da Secretaria de Regulação e Supervisão Superior -
SERES/MEC, Adalberto do Rêgo Maciel, deixando claro que, o MEC não tem
condições para realizar exame de proficiência, como propõe o PL nº 5.277/13.
Participaram também da audiência os deputados: Dr.
Grilo e Izalci Lucas e Professora Dorinha Seabra Rezende.
“O que está acontecendo nesse país é que a educação
está um caos. Não dá pra ficar assistindo
90% das faculdades aprovarem os alunos, e a prova da OAB vem aí e
reprova 90% dos alunos. Alguma coisa está errada, o MEC tem que resolver, não
podemos jogar nas costas do aluno a culpa, sabemos do sacrifício para pagar prestação alta, e depois
não pode exercer sua profissão. Temos que buscar soluções, não dá pra ficar
discutindo eternamente esse negócio”, disse o deputado Izalci Lucas (PSDB-DF).
“Sou advogado, sou favorável a prova da OAB, desde que
o Exame sofra algumas alterações, não podemos concordar com o modelo hoje aí colocado
da forma como está, é vantajoso financeiramente o elevado número de reprovação
de alunos para a OAB. O valor de 200
reais para a realização do Exame de Ordem é exagerado. E é preciso haver maior
transparência acerca desse exame, para mostrar quanto é gasto e quanto é
arrecadado”, disse deputado Dr. Grilo,
do Partido Solidariedade (SDD).
“O desenho o Exame da OAB precisa ser revisto, como
diz o Deputado Fabio Trad (PMDB-MS), Há uma cobrança de leque muito grande. A
pessoa tem de ser bom em tudo, como no caso do Exame do Revalida, às vezes
você tem um profissional em trauma de
mão, mas não passa no exame porque existe um leque grande de questões que
poderiam ser revistas”, disse a deputada Professora Dorinha Seabra Rezende.
O relator Celso Jacob, disse que agora poderá redigir
seu parecer final sobre os assuntos abordados na audiência. Após isso, o
projeto segue para a Comissão de Justiça e de Cidadania.
Por telefone ao site Justiça em Foco, Gilberto Silva
(primeiro bacharel que fez greve de fome por uma semana, ficando à frente ao
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, de agosto a novembro de 2013
para protestar contra as “fraudes” no Exame), parabenizou os presentes, e a
iniciativa do relator Celso Jacob (PMDB/RJ), pelo debate. “Não vivemos mais na
idade média, que só teria uma profissão se o sindicato aceitasse mais um. É
necessário o fim dos “guildas”, o Estado
deve ser responsável para fazer esse papel, não uma entidade privada”,
disse Gilberto Silva.
Nota da Redação:
Os bacharéis em Direito são representados pelos
seguintes movimentos:
Movimento dos Injustiçados no X Exame de Ordem,
Gilberto Silva (Primeiro bacharel que fez greve de fome por uma semana, ficando
à frente ao Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, de agosto a
novembro de 2013 para protestar contra as “fraudes” no Exame);
MNBD – Movimento Nacional dos Bacharéis de Direito,
presidido por Carlos Otávio Schneider;
MBBAD – Movimento Brasil de Bacharéis e Acadêmicos em
Direito, presidido por Julio Velho;
OBB – Ordem dos Bacharéis do Brasil, presidido por
Willyan Johnes;
MNBD/OABB – Movimento Nacional dos Bacharéis em
Direito da Organização dos Acadêmicos e Bacharéis do Brasil, presidido por
Reynaldo Arantes;
OBJ – Organização Brasileira dos Juristas, presidido
por André Souza;
As Vítimas Da OAB, presidido por Rubens Teixeira e
União Nacional dos Bacharéis em Ação – UNBA, presidido
por Jorge Litwinczuk.
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