Eliana Calmon denuncia compra e venda de sentenças na Bahia
A ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Eliana Calmon,
denunciou a existência de compra e venda de sentença no Judiciário da
Bahia. “Existe”, disse em entrevista à rádio Tudo FM. Ela chegou a
assegurar que as denúncias que faz desde 2011 não tem foco eleitoral e
garante que, na época, ainda não pensava em candidatura. “Estou me
manifestando porque tudo está sub judice, para mostrar que é
absolutamente uma leviandade o que está se falando que eu usei isso para
fins eleitoreiros”, disse. “Lá atrás, quando não havia nenhuma notícia
de eleição, de candidatura, de nada, que eu venho falando sobre os
desmandos do Tribunal da Bahia”, completou.
Calmon não deu maiores detalhes sobre o esquema no tribunal, mas
sinalizou a existência de uma investigação que envolve um mercado
paralelo de sentenças. Segundo ela, esse mal só se corrige “ao longo do
tempo e com gestão”. “São crimes que não deixam vestígio. Quando deixam,
é muito tênue”, justificou. “Os tribunais são muito rigorosos nessa
prova. Nós até brincamos muito dizendo o seguinte: o tribunal quer ver a
marca de batom na cueca para achar que houve um adultério. No caso de
venda de sentenças, eles querem a confissão do juiz dizendo ‘eu recebi
dinheiro para encaminhar sentença’. Então, fica muito difícil”,
completou.
Para a ex-corregedora, os Processos Administrativos Disciplinares
(PAD) contra o presidente Mário Alberto Hirs e a ex-presidente Telma
Britto do TJ-BA já são indícios do fim da impunidade dos “bandidos de
toga”. “Eu acho que esse remédio dado pelo CNJ é um recado. Vai mexer um
pouco com as estruturas do Tribunal”, disse. Para ela, não há nenhuma
surpresa nos processos instaurados porque ela “já vinha avisando” que
isso aconteceria. “Não por interferência minha, mas pelo que eu vi”,
ressaltou. “Não falei com ninguém, apenas transmiti para o corregedor
novo aquilo que eu tinha apurado. Só. Não tive a mínima interferência
porque inclusive sou uma mulher muito ocupada. Não tenho tempo de ficar
com futrica. Não fiz nada e ele, a partir do que encontrou, apurado por
mim, foi à Bahia. Ele não foi leviano de acreditar apenas nos meus
relatórios”, concluiu.
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