Evangélico, deputado Natan Donadon pediu em nome de Deus que colegas não cassassem seu mandato; Dez parlamentares da bancada evangélica se abstiveram
O processo de cassação do deputado federal Natan Donadon (sem
partido-RO), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 13 anos de
prisão por peculato e formação de quadrilha, terminou com a manutenção
de seu mandato após uma votação secreta na noite da última quarta-feira,
28 de agosto.
Mesmo preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, e com
os direitos políticos cassados pela Justiça, Natan seguirá exercendo seu
mandato.
Dos 76 parlamentares da bancada evangélica, 10 não votaram, embora
alguns deles tenham marcado presença na sessão aberta exclusivamente
para essa votação.
Entre os deputados que marcaram presença, mas não votaram, está o
pastor Marco Feliciano (PSC-SP). Em seu perfil no Twitter, Feliciano
justificou a ausência de seu voto: “
“Estou nos EUA. Viagem marcada há dois meses. Fiquei ontem
[quarta-feira, 28] no plenário até as 19:30h. As 20:00h já estava no
aeroporto. Desde as 16:00h já havia quorum para votação, mas não
colocaram nada em votação até o horário em que pude ficar lá [...] A
votação de Cassação iniciou as 20:30h. As 20:39h eu já havia embarcado.
Por este motivo não participei da votação”, explicou-se.
A viagem, segundo o pastor, seria um compromisso oficial pela
Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM): “Falarei aqui nos EUA a
lideres da comunidade de língua portuguesa. Incluindo representantes de
imigrantes brasileiros que estão presos. Quando assumi a CDMH falei que
lutaria pelos direitos das centenas de brasileiros que estão presos aqui
nos EUA por estarem ilegais. Levarei o relatório da viagem e
apresentarei à CDHM na próxima semana. E a viagem toda está sendo
custeada pelos lideres que me convidaram”, afirmou Feliciano.
Além do pastor Marco Feliciano, os outros integrantes da bancada
evangélica que foram à sessão e não votaram sobre a cassação de Donadon
são: André Zacharow (PMDB-PR) [contatos: (61) 3215-5238 / dep.andrezacharow@camara.leg.br]; José Carlos Araújo (PSD-BA) [contatos: (61) 3215-5246 / dep.josecarlosaraujo@camara.leg.br]; Leonardo Quintão (PMDB-MG) [contatos: (61) 3215-5914 / dep.leonardoquintao@camara.leg.br] e Sérgio Brito (PSD-BA) [contatos: (61) 3215-5638 / dep.sergiobrito@camara.leg.br].
Completam a lista de parlamentares da bancada evangélica que não
votaram na sessão os deputados Laercio Oliveira (PR-SE) [contatos: (61)
3215-5629 / dep.laerciooliveira@camara.leg.br]; Natan Donadon (alvo do processo); Rosinha da Adefal (PTdoB-AL) [contatos: (61) 3215-5230 / dep.rosinhadaadefal@camara.leg.br]; Sabino Castelo Branco (PTB-AM) [contatos: (61) 3215-5911 / dep.sabinocastelobranco@camara.leg.br] e Zé Vieira (PR-MA) [contatos: (61) 3215-5405 / dep.zevieira@camara.leg.br].
Defesa em nome de Deus
Antes da votação, Donadon teve o direito de discursar em sua defesa
perante os colegas parlamentares, e durante 40 minutos falou sobre sua
condenação no STF, e se definiu como inocente: “Não sou ladrão, nunca
roubei nada. É acusação injusta”, disse o deputado que é evangélico, e
integrante da bancada evangélica.
Depois de citar as inúmeras dificuldades que alega estar passando na
prisão e em relação ao sustento de sua família e custeio dos estudos de
seus filhos, Donadon disse que a acusação de desvio de verbas públicas
era inverídica.
“Como Deus está no céu, pelo que é mais sagrado, por Deus e pela
minha família, eu não seria louco ou quase louco para assinar pagamentos
sem documentos. Eu não era louco, não estava ficando, nem estou, porque
não fiquei louco até hoje. Sr. Presidente, eu fiz os pagamentos legais.
Eu não desviei 1 centavo, Srs. Deputados. Pelo amor de Deus, façam
justiça!”, implorou o deputado.
Segundo Donadon, sua condenação é injusta porque o Ministério Público
teria ignorado evidências que o inocentavam, e se negado a conferir
junto às empresas que haviam sido contratadas para prestar serviços à
Assembleia Legislativa de Rondônia se os pagamentos tinham sido
efetivados.
“Eu nem culpo o Supremo, porque o Ministério Público não mandou as
provas que me absolviam; eles colheram as provas. Não encontraram
processo, não encontraram documentos. Então, vamos condenar todo o
mundo. É muito fácil [...] Nós [o deputado e sua equipe de advogados]
pedimos: Quebrem o sigilo bancário. O meu foi quebrado, e não
encontraram nada. Por que o meu foi quebrado, Presidente? E nós
solicitamos: Quebrem o sigilo bancário das empresas então, e vocês verão
que o serviço foi executado. Se o processo sumiu, se vocês não o
encontraram, é muito simples. O que eles queriam eles conseguiram:
condenar. Mas se eles quisessem investigar — eles têm condições, têm
capacidade, têm preparo; e se eles não os tivessem, que pedissem à
Polícia Judiciária para que fizessem as investigações para descobrir a
verdade, presidente, mas não culpar um inocente. Veja a minha declaração
de Imposto de Renda. Eu só tenho uma casa. No meu terceiro mandato, eu
só tenho uma casa. Cadê o dinheiro, presidente? A mídia fala em 8
milhões [desviados]. Que absurdo!”, lamentou o deputado.
“Eu não vim aqui para dizer mentiras; se viesse para mentir, eu não
viria, eu não viria para mentir. A minha consciência não permite isso. A
Bíblia diz: ‘E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará’. Nada
pode contra a verdade, a não ser a favor da verdade. Eu estou dizendo a
verdade aos senhores”, disse Donadon, reiteradas vezes.
O pedido de misericórdia de Natan Donadon foi enfático e direto:
“Quero olhar aqui nos olhos de vocês. Pelo que é mais sagrado, pela
minha família e por Deus, eu não desviei. Eu sou inocente. Acreditem na
verdade. Eu peço uma oportunidade a vocês, ao povo brasileiro que está
me vendo neste momento, ao Supremo, a quem quer que seja. Eu sou
inocente. Não tirem o meu mandato. Deus sabe que eu estou dizendo a
verdade”, argumentou.
A manutenção do mandato de Natan Donadon só foi possível porque os
votos favoráveis à cassação não alcançaram os 257 necessários. Foram 104
ausências (incluindo as 50 abstenções), 131 contrários e 233 a favor,
faltando 24 votos para que o deputado condenado pelo STF perdesse o
cargo.
Entre os deputados da bancada evangélica que não votaram na sessão de
cassação de Natan Donadon, apenas Marco Feliciano publicou nota de
esclarecimento.
O Gospel+ abre espaço para que os parlamentares esclareçam a ausência perante aos seus eleitores, caso tenham interesse.
Fonte: Por Tiago Chagas, para o Gospel+
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