Milhares de pessoas reuniram-se, nesta segunda-feira, nas capitais
paulista, carioca e Federal. Em São Paulo, uma multidão concentrou-se no
Largo da Batata, Zona Oeste da cidade, para protestar contra o aumento
das tarifas de transporte público e contra a violência da Polícia
Militar. No Rio, um número superior a 60 mil manifestantes tomou as
avenidas Presidente Vargas e Rio Branco e, em Brasília, o protesto se
concentrou na Praça dos 3 Poderes.
Em São Paulo, a multidão gritava “O povo acordou”. Segundo a Polícia
Militar, mais de 30 mil pessoas estavam reunidas. Por causa do grande
número de pessoas, o Movimento Passe Livre cogitavam dividir a marcha em
duas – uma seguiria pela Avenida Faria Lima, local da concentração, e
outra iria em direção à Marginal do Rio Pinheiros. Os presentes ao ato
têm rechaçado o uso de bandeiras de partidos ou contra políticos,
pedindo aos que portam este tipo de mensagem que não a exponham ao
público. Ainda assim, fica claro que o público é mais heterogêneo do que
o das quatro manifestações anteriores, e tem levantado reivindicações que não haviam aparecido antes.
O protesto ocorre na véspera de uma reunião pública do Conselho da
Cidade, convocada pelo prefeito Fernando Haddad (PT) para discutir a
reação popular ao aumento. Representantes do Movimento Passe Livre
(MPL), um dos grupos que encabeça as mobilizações, estão convidados para
apresentar suas críticas e propostas. E já confirmaram presença,
alertando que o encontro de Perto de 260 mil pessoas confirmaram
presença no ato pelas redes sociais, como o Facebook.
As passagens de ônibus, trem e metrô subiram de R$ 3 para R$ 3,20 no
último dia 2, graças a um acordo entre os governos estadual e municipal.
O reajuste, de 6,67%, ficou abaixo da inflação, como Haddad havia
prometido em sua campanha eleitoral. Entre janeiro de 2011, quando do
último aumento, e junho de 2013, a inflação acumulada no período foi de
15,5%. O esforço foi viabilizado porque o governo federal, preocupado
com o impacto do aumento sobre os índices de inflação, pelos quais vem
sendo duramente criticado por economistas, escolheu zerar a alíquota de
PIS e Cofins que é paga pelas empresas de ônibus, metrô e transporte de
passageiros por barcos.
Ainda assim, quatro dias depois, dia 6, uma quinta-feira, ocorria a
primeira manifestação pública contra o reajuste. A segunda foi marcada
para o dia seguinte, sexta-feira. Novas marchas aglutinaram milhares de
paulistanos na terça-feira e na quinta-feira. Conforme a mobilização
cresceu em força e número de manifestantes, incrementou-se a repressão
policial. O número de PMs enviados para dispersar o protesto mais que
dobrou entre terça e quinta-feira: foi de 400 para 900 homens – nos
quais estava incluído um destacamento da cavalaria.
O endurecimento havia sido anunciado pelo governador Geraldo Alckmin
(PSDB) no dia anterior. Como resultado, 232 pessoas foram detidas,
segundo a Secretaria de Segurança Pública, e, de acordo com o MPL, mais
de 150 acabaram feridas com maior ou menor gravidade. Demonstrando
descaso com o bem-estar
da população, a Tropa de Choque utilizou bombas de gás lacrimogêneo
vencidas há mais de dois anos – o que poder trazer riscos à saúde,
segundo o próprio fabricante.
Até os trabalhadores da imprensa sofreram o peso dos cassetetes. Uma repórter da RBA foi agredida no rosto e na nuca pelos porretes da PM enquanto cobria a repressão na Avenida Paulista. Uma jornalista da Folha de S. Paulo e um fotógrafo da Agência Futura Press foram atingidos no olho por tiros de bala de borracha. Assim como dezenas de manifestantes, um repórter da revista Carta Capital
foi levado à delegacia para averiguações antes mesmo da marcha apenas
por trazer uma garrafinha de vinagre na bolsa – líquido que, além de
temperar saladas, serve para amenizar os efeitos do gás lacrimogêneo.
A operação policial da última quinta-feira – desatada logo no início
do protesto e sem que houvesse qualquer arroubo de vandalismo por parte
dos manifestantes – sensibilizou a sociedade paulistana. Alguns meios de
comunicação que até então criticavam as mobilizações e pediam mais
rigor policial contra os arruaceiros passaram a dar mais destaque à
atuação descabida da PM. Alguns políticos também amainaram seus
discursos. Um deles foi o prefeito de São Paulo. No início dos
protestos, Haddad tentou repetidas vezes deslegitimar a mobilização, que
classificava como minoritária e violenta. Agora, o prefeito passou a
criticar a ação policial e abriu canais de diálogo com representantes do
Movimento Passe Livre.
Rio de Janeiro
No quinto dia de protestos, a causa inicial deu lugar a outros
assuntos como a Proposta de Emenda Constitucional 37, a proposta da cura
gay pela bancada evangélica do Congresso Nacional, corrupção e os
gastos para a construção de estádios para a Copa das Confederações e do
Mundo.
Por volta das 16h, milhares de manifestantes tomaram a Candelária, no
Centro do Rio de Janeiro. Mais de 60 mil pessoas confirmaram a
participação por meio do Facebook e os próprios internautas
mapearam pontos de apoio, como sedes de consulados, onde os policiais
não poderão ingressar. Os organizadores do protesto também pedem que
todas as pessoas se vistam de branco, mesmo as que não participarão da
manifestação. Pelo menos 3 mil pessoas já estão nas ruas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário