segunda-feira, 24 de junho de 2013


Equador concede asilo a Snowden enquanto Londres e Washington se veem diante censura mundial

O ex-espião norte-americano Edward Snowden, que revelou a existência de um big brother global capaz de captar, armazenar e decodificar todas as comunicações móveis mundiais e a Internet, deixou Hong Kong no início deste domingo (horário de Brasília), com destino ao Equador.  Snowden abandonou Hong Kong pouco depois do seu passaporte ter sido cancelado pelas autoridades norte-americanas, que o acusaram de espionagem, e no dia seguinte às suas revelações à imprensa chinesa sobre a vigilância da NSA às mensagens SMS dos chineses. O ex-espião viajou na companhia de Sarah Harrison, uma das colaboradoras mais próximas de Julian Assange. O Wikileaks divulgou, em comunicado, neste domingo que Snowden pediu ajuda à organização garantir a sua segurança. O ex-juiz espanhol Baltazar Garzón, que dirige agora o departamento jurídico da Wikileaks, afirmou que “o que Snowden e Assange – por revelarem ou facilitarem a revelação de assuntos de interesse público – sofrem um ataque conta as pessoas”.
 
O avião de Snowden aterrissou nesta tarde em um aeroporto de Moscou, em trânsito para o Equador. Minutos depois, o ministro equatoriano dos Negócios Estrangeiros, Ricardo Aroca, confirmou no Twitter ter recebido, e liberado, um pedido de asilo por parte de Edward Snowden.

Neste sábado, Assange, líder da Wikileaks, assinalou o seu primeiro aniversário enquanto hóspede forçado da embaixada equatoriana em Londres com um comunicado em que destaca o caso de Edward Snowden.

“A privacidade humana foi erradicada em segredo”, declarou Assange, chamando a atenção para a situação paradoxal das últimas semanas: “O governo dos EUA espiona cada um de nós, mas o Edward Snowden é que é acusado de espionagem por nos avisar disso”. Assange lança duras críticas a Barack Obama, cuja administração já conta com oito acusações de espionagem a pessoas que divulgaram à opinião pública  informação que os EUA preferiam manter em segredo.
 
Pedido de explicações
O tema da espionagem da NSA ofuscou a visita de Obama à Alemanha na semana passada, no meio de comparações entre a ação do governo norte-americano e as antigas práticas da polícia política Stasi, na antiga RDA. Os dados recolhidos acerca do programa PRISM, que permite aos EUA escutarem todas as comunicações geridas pelas maiores empresas na internet (Google, Apple, Microsoft, Yahoo, Facebook…), concluíram também que a Alemanha foi o país europeu mais grampeado pelos espiões dos EUA.

Mas na sequência das revelações de Snowden, uma investigação do Guardian concluiu que o programa Tempora, da agência de espionagem britânica CGHQ, ainda tem maior capacidade de escuta do que o Prism, para além da capacidade de armazenar durante 30 dias todas as comunicações que passam nos cabos de fibra ótica sob vigilância, dados que são depois partilhados com a NSA norte-americana.

“Se estas acusações tiverem fundamento, isso seria uma catástrofe”, declarou em nota, neste sábado, a ministra alemã da Justiça. Para Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, as acusações contra o Reino Unido “parecem saídas de um filme de terror de Hollywood. As instituições europeias devem procurar desde já clarificar a situação“, concluiu.



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