Coluna de Heraldo Cachoeira*
SAUDOSO MESTRE
Eu ainda morava no Rio de Janeiro, lá pelos idos de
1993, quando me veio a curiosidade e por que não dizer, o desejo, de rabiscar
alguma coisa, sobre a imprensa cachoeirana. Foi quando tive a sorte, de mais
uma vez, de receber, um exemplar do conceituado Jornal, “O GUARANY” enviado
pelo inteligente amigo, Professor Raimundo Cerqueira.
Nele estava inserido um
belo texto do saudoso escritor e jornalista
Francisco Melo, intitulado “A IMPRENSA DA CACHOEIRA”. Aproveitando a sapiência
do Mestre Chico, pude enfim realizar o meu acalentado sonho! Segundo Melo, foi
no início do século XIX, lá pelos idos de 1817, que circulou na vila da
Cachoeira o seu primeiro jornal, com o horrível nome de “DAGUERRATIPO.” Foi em
1823 que chegava à Vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira, a
primeira TIPOGRAFIA, para impressão de jornal. Foi logo batizado pelo povo de
“IMPRENSA NACIONAL“, e foi dessa tipografia que, em 1825, saiu o
primeiro jornal, já com o nome de “INDEPENDENTE CONSTITUCIONAL”. A mencionada
tipografia, fora enviada do Rio de Janeiro, como presente de D. Pedro I, a qual
foi logo instalada onde hoje se localiza o Fórum Teixeira de Freitas.
Faz-se necessário lembrar, que da primeira edição do
jornal, fora enviado alguns exemplares para o Ministro José Bonifácio de
Andrade e Silva, já que fora ele, o responsável da vida da mencionada
tipografia. Como sabemos, em Cachoeira, a partir da Vila, já circulou mais de
150 jornais. Talvez a Cachoeira, seja a única cidade brasileira a circular
tantos jornais.
Um fato importante e que marcou muito a imprensa
cachoeirana, foi o surgimento do jornal “O Guarany” em 1876, porque foi o
primeiro jornal diário a circular na região. Seu redator foi o combativo
jornalista Augusto Ferreira Mota, muito bem lembrado pelo inteligente
jornalista Luciano Borges dos Anjos, com um belo artigo na edição de março de 2013 do atual Jornal “O Guarany”.
O fato é que o jornalista Mota, entusiasmado com o
sucesso do Jornal “O Guarany”, lançou outro jornal com o nome de “O Progresso”,
e também quatro revistas. A favor da
verdade incontestável, os jornais que mais se destacaram na trajetória jornalística
da Cachoeira, foram os jornais “A Ordem” - que nos últimos anos, teve a
orientação do inteligente jornalista e escritor, hoje advogado Dr. Erivaldo
Brito, o Jornal “O Guarany”, que há muitos anos, leva a orientação do jornalista
e professor Pedro Borges, como seu editor-chefe.
O conceituado e combativo jornal “A Cachoeira”,
segundo o seu diretor, o jornalista e advogado Dr. Romário Costa Gomes “brotou”
no dia 24 de setembro de 1896. Teve suas
atividades encerradas em 1916, com retomadas passageiras, glorificando sempre,
as lutas do bravo POVO CACHOEIRANO.
Eu sempre me considerei um “dublê” de historiador, e
não o próprio. Na realidade, eu sou mesmo um modesto pesquisador de nossa rica
e gloriosa história!
Durante os meus 50 anos de Rio de Janeiro, sempre que
podia, ia ao Arquivo Público Nacional, pesquisar a história da Bahia,
notadamente a de Cachoeira. Quando morei em Portugal, pesquisei a nossa
história nos museus do Tombo e do Gerônimo, em Lisboa. No Vaticano, pesquisei
sobre a Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, a única irmandade da América
do Sul a constar nos Arquivos Históricos do Vaticano.
O nosso hino (que
tem semelhança em harmonia e letra com o hino nacional da França, à Marselhesa,
hino da liberdade), pesquisei no Museu
dos Hinos, na Avenida Ópera em Paris. Recentemente, encontrei farto material da história da Bahia,
notadamente de Cachoeira, na Holanda, na cidade de Amsterdam, onde morei dois
anos e pouco.
Diante dos fatos ditos, não por vaidade, mas por
respeito a nossa história, recomendo principalmente aos “forasteiros de plantão”,
que pesquisem antes, para não dizer besteira! Pois, embora tenha tido uma
“vida” efêmera à primeira, a Casa da Moeda do Brasil não foi instalada na Rua
da Matriz, número 25, como dito pelos engravatados que não pesquisaram e
disseram na reinauguração do imóvel citado.
Chega de mentiras!
Na verdade, a Casa da Moeda foi crida pela Portaria do
sete de setembro de 1822, com o nome de Casa da Moeda da Vila da Cachoeira.
Depois de muito pesquisada a Rua da Matriz, 25, foi escolhida então, uma
dependência do Convento do Carmo, onde foram realizadas obras de adaptação, de
grande porte, para que finalmente fosse possível entrar em atividade a Casa da
Moeda.
Os oficiais (técnicos), que foram convidados para
trabalhar no projeto, vieram de várias regiões distintas, para Cachoeira.
Teve a obra o início de seus trabalhos, às três horas
da tarde do dia 7 de junho de 1823, na presença do Conselho da própria Casa da
Moeda, quando fora “cunhada” a primeira moeda, com o valor de oitenta reais,
escrita em algarismos romanos (LXXX).
A Casa da Moeda encerrou suas atividades no dia 2 de
julho de 1823, com a retirada de todo o seu material, que foi enviado para
Salvador!
*Heraldo
Cachoeira é advogado e oficial reformado da Marinha do Brasil.
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