Presidente da República interino por um dia, o senador Renan
Calheiros (PMDB-AL) ocupou nesta sexta-feira o gabinete de Dilma
Rousseff, no terceiro andar do Palácio do Planalto. Mas Renan se recusou
a se sentar na cadeira da mesa de trabalho da presidente Dilma.
"Senta lá, presidente", gritou um dos presentes no gabinete, no
momento em que ele convidou os fotógrafos para registrar a visita de seu
filho, deputado Renan Filho, nora e neto, de colegas do Congresso, como
o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), Paulo Paim (PT-RS), Gim Argello
(PTB-DF), entre outros, além do governador de Alagoas, o tucano Teotônio
Vilela. Renan preferiu ignorar a provocação, convidando todos a se
sentarem ao seu lado, no sofá da sala de estar do gabinete presidencial.
"Nada de MP (Medidas Provisórias), nada de vetos, nada de nomeação de
ministros", disse Renan, ao ser questionado se tinha assinado algum
tipo de ato durante as quase duas horas que permaneceu no Planalto.
Esta é a primeira vez que Renan, terceiro na linha sucessória, assume
a Presidência da República, depois de ter sido abatido com o escândalo
que o obrigou a renunciar à presidência do Senado, para não ser cassado,
por causa do escândalo de empreiteira pagar despesas da mãe de uma
filha que teve fora do casamento. Em 2006, durante o governo do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando também ocupava a
presidência do Senado, ele ocupou gabinete no Planalto.
Renan assumiu a presidência por um dia porque, na noite de
quinta-feira, 23, a presidente Dilma Rousseff embarcou para a Etiópia,
onde participa das comemorações dos 50 anos de criação da União
Africana, e só retornará ao país neste domingo, 26. Ele teve de assumir o
cargo porque o vice-presidente Michel Temer viajou para o Equador a fim
de representar Dilma na posse do presidente reeleito Rafael Correa e o
segundo na linha sucessória, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo
Alves (PMDB-RN), também estava fora do país, em viagem oficial aos
Estados Unidos. Neste sábado, 25, Temer já estará de volta ao País e no
domingo, é a vez de Dilma retornar ao Brasil
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