Taxa de insalubridade
Morte à prestação!
Por Aderbal Caetano de Burgos*
“Muitos trabalhadores
brasileiros ganham um “salário adicional” para trabalharem em locais poluídos,
sujos, mal ventilados ou expostos a agentes químicos, vendendo a saúde à
prestação”.
Todas as empresas
insalubres, no Brasil, resolvem o problema de maneira muito simples: pagam - quando
pagam - o adicional de insalubridade aos trabalhadores. Estes, ao recebê-los,
vendem sua saúde à prestação.
Para as imprensas que
não pagam o adicional, só resta os trabalhadores entrarem com um pedido de peritragem
ao D.R.T ., quando deverão pagar uma
taxa de verificação que leve cerca de um
ano. Geralmente, as empresas são avisadas com antecedência o dia da inspeção e
os fiscais encontram a fábrica limpa e
“preparada” para a verificação.
A portaria 491, de
setembro de 1995, considera atividades insalubres aquelas que, por sua
natureza, condições ou métodos de trabalho expõem os trabalhadores a agentes
físicos, químicos ou biológicos nocivos a sua saúde. Visando compensar essas
condições perigosas, a portaria 491, manda pagar um adicional de salário, calculado
de acordo com o grau máximo, médio e mínimo de insalubridade. Exemplo: Quem
trabalha com chumbo recebe um adicional de 40%
do salário mínimo, essa atividade é considerada de grau máximo. Considerando o salário mínimo atual de R$
678,00, o preço da insalubridade é de R$ 271,20. O correto seria, não sobre
o salário mínimo, mas sobre o salário integral.
Mas do ponto de vista
do trabalhador consciente, é mais
conveniente e interessante o empregador adotar medidas do saneamento do
ambiente de trabalho, do que vender a sua saúde por 10 ou 20 por cento do
salário mínimo.
As empresas fornecem
dois copos de leite tipo C por dia, para enganar os trabalhadores, alegando
que, “limpa por dentro” e desintoxica. Grande
mentira. Este tipo de leite não contém nenhuma das prioridades que dizem ter.
Os
trabalhadores inutilizam os pulmões com acido e pó, ficam surdos com o barulho e cegos com a sujeira
do ar, alem de outras doenças profissionais que adquirem ao longo do tempo. Os
empregadores por economia não fornecem equipamentos individuais de segurança. É mais barato trocar o trabalhador doente.
Isto acontece porque há um grande “Exercito
de desempregados” famintos querendo trabalhar em qualquer condição; tomando
o lugar daqueles que foram demitidos por protestarem contra as condições insalubres
e perigosas. Os trabalhadores e os sindicatos devem lutar pela eliminação dos
agentes causadores da insalubridade e da periculosidade. E quando não for
possível eliminaras causas, que diminuam as horas de trabalho em tais
ambientes. Não venda a sua saúde por
R$100,00 ou 200,00. *A permissão para a
destruição do pulmão do trabalhador custa R$271,20 por mês, uma bagatela.
* Aderbal Caetano Burgos, cachoeirano, viveu 25 anos na clandestinidade, liderando um dos mais fortes segmentos contra a ditadura militar instalada no Brasil em 1964, hoje anistiado.
Taxa de insalubridade Morte à prestação! ...":
ResponderExcluirTive o prazer de conhecer Aderbal Caetano de Burgos em 1966. Ele já era um lutador pelos direitos sociais, na pensão de Dona Santinha, em Salvador. Daniel Lima Santiago-Facebook. daniellsantiago@igcom.br.