sexta-feira, 30 de novembro de 2012

OPINIÃO


A Maçonaria está morrendo!
Por J.L. Cerqueira
MM da GLEB
“O maior inimigo do homem é o próprio homem”.Foi o homem quem inventou a mentira e a falsidade.  É o homem quem pretende dirigir e governar o pensamento e a vida do outro homem. Foi o homem quem criou as seitas, religiões, os países, os Estados, os Governos. Tudo para separar os indivíduos, segregando-os em regiões, nações, cultos e seitas e para atirá-los uns contra os outros, na fúria da destruição recíproca, na ânsia da escravização, no apetite do predomínio. É o homem que, quando todos almejam ser livres, forja cadeias e restrições, emite atos, decretos, elabora leis e regulamentos e quando todos querem viver invoca a morte do corpo, normalmente antecedida da morte dos sonhos e do espírito"(Adapt. Vivaldo Coaiacy)

A Maçonaria, um desses grupos segregacionistas, que se define como "universal" e que pretende, por sua atuação, tornar feliz a humanidade, pela tolerância, pela igualdade e pelo respeito à autoridade e a crença de cada um, essa Maçonaria, a nossa Maçonaria, pelas suas últimas posturas, pelos homens que hoje a dirigem, pelo pouco que faz, e faz errado, e o muito que vem deixando de fazer, pela sua falta de perspectivas, pelo primarismo dos seus objetivos, pela lamentável indigência moral de alguns dos seus principais dirigentes, está agonizante.

Essa Maçonaria praticada na atualidade, aqui na Bahia e em outros lugares, está morrendo. E é necessário que alguém diga, de forma clara, o que, uns poucos já têm certeza, um número maior já desconfia e muitos, por inocência, não têm disso a menor noção.
Quem ou o que a está matando não é difícil de identificar.
A Maçonaria agoniza, primeiramente, pela falta de uma bandeira, pela falta de um objetivo real a ser buscado, pela falta de uma razão ou motivo que justifique as suas reuniões, a sua atual existência.
Se consultarmos a história constataremos que a Maçonaria sempre teve objetivos definidos, sonhos a serem concretizados, alvos a serem atingidos.
Desde o seu nascimento oficial, ou seja, documentado, a partir da constituição da Grande Loja de Londres, ou mesmo desde os primeiros registros do aparecimento do escocesismo que a Maçonaria teve, a estimulá-la, objetivos e causas humanitárias, nobres e sensibilizadoras. Dentre essas muitas bandeiras, não muito distantes, lembramo-nos da Revolução Francesa, que nos legou, como magnífica herança, o lema “Igualdade, Liberdade, Fraternidade", e que determinou uma nova ordem na sociedade francesa, com influências em todo mundo.
Na Inglaterra teve peso decisivo em todos os movimentos de ajustes sociais e foi mola propulsora, para a proclamação da Independência dos Estados Unidos e para todos os movimentos libertários e sociais que se seguiram.
No Brasil sempre teve objetivos nacionalistas e altruístas. Objetivou e lutou, inicialmente, pela nossa Independência. Proclamada esta, voltou-se para sua consolidação. Mais tarde passou o lutar pela abolição da escravatura elaborando, praticamente, todas as Leis que pavimentaram o 13 de maio, como a proibição do tráfico, a Lei do Ventre Livre, a Lei dos Sexagenários , todas elas de autoria de Maçonaria ou elaboradas e votadas sob suas influências. Voltou-se mais tarde para a proclamação da República, tendo sido os dois primeiros ministérios, o de Deodoro e o de Floriano Peixoto formados inteiramente por Irmãos Maçons.
E hoje, meus Irmãos, qual é a nossa bandeira? Qual é o objetivo das nossas reuniões? O que é que buscamos?
A Maçonaria atual, a Maçonaria baiana, está morrendo pela falta do uma bandeira.
Pela falta de algo que estimule aos seus membros. Pela incapacidade dos seus dirigentes, pela insensibilidade que acomete a todos, que os priva de tomarem a iniciativa de efetiva e verdadeiramente deflagrarem campanhas contra a corrupção - esse câncer que corrói todas as camadas sociais - contra o tóxico que dizima nossa juventude e suas famílias; insensibilidade que nos impede de estendermos nossas mãos para os flagelados pelas tsunamis, pelos terremotos e pelas enchentes, ou mesmo irmos ao auxílio dos miseráveis das nossas periferias e favelas. De tomarmos posições e, publicamente, nos pronunciarmos quanto a questões tais como a crescente ameaça da "internacionalização da Amazônia", já ocupada por mais de 50.000 ONGs estrangeiras ou da criação de "estados" soberanos dentro do nosso território com a demarcação contínua das terras indígenas em áreas infinitamente superiores às reais necessidades daqueles povos abrindo espaço para que amanhã uma outra nação invada nosso território sob o pretexto de estar vindo em "socorro" desse estado ou desses povos.
A Maçonaria está morrendo pela falia de uma bandeira e a sua agonia é comprovada pelo número a cada dia menor dos Irmãos que comparecem às suas reuniões.
Está morrendo também pelos desvios e despreparo da maioria dos seus dirigentes, unicamente preocupados em promover simpósios, encontros e reuniões que nada deliberam, nada resolvem, para nada contribuem, servindo apenas de pretextos para lindos programas turísticos, oportunidades em que são servidos suculentos churrascos, finos jantares e farta distribuição de diplomas e medalhas que vão enfeitar as paredes das salas e escritórios ou as lapelas dos vaidosos Irmãos que comparecem a esses festivais e que pagam por essas falsas honrarias.
A Maçonaria está morrendo porque se tornou elitista e mercenária cobrando dos seus Irmãos altas importâncias não só para os que nela querem entrar mas também, e isso é um absurdo, aos que queiram trocar de Loja. Paga-se para entrar, ou seja, para que se tenha a obrigação de continuar pagando mensalidades, e paga-se para sair. Registre-se ainda o fato de estarem os Irmãos sujeitos a imposições de taxas extras, rifas e arrecadações cujos objetivos são, na sua totalidade, altamente discutíveis.
A Maçonaria está morrendo porque banalizou o grau de Mestre. Todos, na Maçonaria atual, são Mestres. Não há mais aprendizes. Não há mais companheiros. E se o Mestre é aquele que ensina e se não há a quem ensinar não há a necessidade do saber. Os Mestres da Maçonaria atual nada ensinam porque nada sabem.
A Maçonaria está morrendo porque os seus atuais dirigentes, em nome da necessidade ele serem simpáticos ou "bonzinhos" ou "moderninhos" passaram a permitir que nossos Templos sejam invadidos, com irritante constância, por filmadoras e máquinas fotográficas, manipuladas desrespeitosamente, por Irmãos completamente desligados e alheios às solenidades que se processam e preocupados apenas com um melhor ângulo ou uma melhor imagem. E esse desrespeito é praticado, o que é grave e triste, até mesmo por membros da Grande Loja e na presença dos Grãos Mestres. Aqui, também, é a banalização das nossas cerimônias, com as presenças cada vez mais constantes de pessoas até bem pouco tempo atrás proibidas de adentrarem aos Templos Maçônicos até mesmo por serem profanas.
Com esses procedimentos aproximamo-nos perigosamente das posturas e práticas levadas a efeito nas cerimônias dos Rotarys e Lyons, o isso não é bom para a Maçonaria.
A Maçonaria está morrendo porque os valores morais e éticos que a impulsionaram nos seus primeiros anos caíram em desuso. O homem atual já não se envergonha de não ter palavra, de não honrar os seus compromissos, de faltar com o que combinou e, como já o disse Ruy Barbosa, chega ao estremo de "ter vergonha em ser honesto".
A Maçonaria está morrendo, e particularmente a Maçonaria da capital Baiana, porque não tem Templos ou Lojas para reunir os seus seguidores. Os seus poucos locais de reuniões são mal localizados, pequenos, mal-decorados. Tanto o GOB quanto a Gleb tem, cada uma, na Capital do Estado, apenas um templo digno dessa classificação. Os demais são deprimentes.
A Maçonaria agoniza porque na natureza tudo e todos têm o seu ciclo vital
Tudo e todos nascem, crescem, atingem a maturidade, entram em declínio, perdem as forças, envelhecem e morrem. A Maçonaria não é exceção a essa regra, Mas poderia, em outras circunstâncias, viver mais algumas décadas, Não mais do que isso.
A Maçonaria está morrendo por culpa dos maus maçons que, por lerem pouco e estudarem menos ainda, eles sofrem de ignorância crônica e agridem e desrespeitosamente as regras basilares dos Ritos em que trabalham e o fazem com beneplácito dos Supremos Conselhos que deveriam zelar pelas suas integridades e purezas, e não o fazendo pecam por omissão. Não se respeita mais a Ritualística, não se estuda mais Simbologia nem se conhece ou se aplica mais a Liturgia Maçônica.
Hoje, para ser Venerável basta ao irmão saber bater um malhete.
A Maçonaria está morrendo pela insaciável sede pelo poder dos Irmãos que, eleitos Veneráveis, lutam encarniçadamente para continuarem no comando das Lojas não se dando conta de que não existe um único exemplo, nem na política maçônica nem na política profana, de que um segundo mandato tenha sido melhor do que o primeiro. Impedem, com as suas desmedidas ambições e exacerbadas vaidades que as Lojas se renovem e cresçam normalmente. As eleições maçônicas, com resultados contestados e discutidos, tornaram-se uma constante e as práticas profanas, quais ervas daninhas, sufocam a Instituição.
A Maçonaria está morrendo porque as Leis que a regem estão de há muito tempo superadas. Há décadas que todos os candidatos a Grão–Mestres falam em reformas dessas Leis. Falam na necessidade de Códigos Eleitorais mais modernos, mais justos, e nada é feito. Nada é mudado. A essência das Leis na Maçonaria tem cheiro de mofo, das coisas velhas, ultrapassadas, que não funcionam mais. Os sistemas eleitorais, anacrônicos, permitem que eventuais minorias sobreponham-se às maiorias. Eles permitem ainda a manipulação de votos e a sua compra em troca de favores, de materiais ou de honrarias indevidamente concedidas. E por que eles não são mudados? Não são mudados; porque suas interpretações permitem as posturas autoritárias, rebentos do absolutismo permitem o continuísmo e escorraçam Irmãos mais esclarecidos para fora dos Templos, para fora das Ordens.
O certo, o moral, o justo, o ético é que nenhuma Lei pode dar ao dirigente, seja ele Venerável ou Grão-Mestre, o poder de não ser nunca contestado. Nem Cristo julgou-se dono da "verdade",
A Maçonaria esta morrendo por que o equilíbrio entre os seus poderes Executivo, Legislativo e Judiciário há muito tempo deixou de existir. O prato da balança pende hoje para um só lado - para o Executivo. Deputados e Juizes só existem ainda como objetos de trocas políticas, de moedas para pagamento de favores ou de apoios espúrios. Não são consultados. Nada decidem. Nada deliberam. Nada determinam. São figuras decorativas de um melodrama já perto do fim e quase que sem platéia para aplaudi-lo ou vaiar.
A Maçonaria está morrendo porque está submetida, tanto no GOB quanto na Gleb, a formas de governos e práticas administrativas inspirado no Absolutismo, com reiteradas incursões pelo arbítrio, ocorrendo isso no plano horizontal, pois no vertical sua própria estrutura já determina: Potência hierarquizada, dirigida por um Grão-Mestre que dirige Lojas subordinadas, presididas por um Venerável Mestre que, por sua vez é auxiliado por dois Vigilantes, Luzes, Oficiais e Obreiros.
É necessário concordar em que o conceito de absolutismo não tem, por si só, um significado polêmico.
O que é polêmico e dificilmente aceito é a prática desse conceito, em que, a autoridade dirigente nunca abdica das suas posições ou idéias nem se Subordina a Lei - ele é a própria Lei - mantendo como subordinados a todos, invariavelmente a todos. A crença de que o Estado Absolutista Maçônico desapareceu ou foi substituído por alguma outra forma de administração mais moderna é uma mortal ilusão. É só olhar e querer ver.
E não é necessário mergulhar na ciência política para que se possa enxergar o óbvio.
Os excessivos Atos o Decretos discutíveis são provas concretas de que o Absolutismo, mesmo disfarçado, ainda está vivo entre nós.
Na medida em que o Grão-Mestre não encontra limites para o exercício do seu poder ele reduz todos os seus Irmãos a súditos ou subordinados: "O príncipe é o próprio Estado."
O Grão-Mestre é a própria Maçonaria.
Com alguma benevolência pode-se admitir que a Maçonaria bailou, desde a sua gênese até os dias atuais entre os ideais do Absolutismo, do Humanismo, do lluminismo, do Positivismo e do Liberalismo. Na atualidade, como que num pesadelo, voltou a comungar com alguns desses primeiros postulados e fez reviver algumas das facetas do Absolutismo, de há muito superadas e sepultadas. A prática atual desses postulados é uma das causas da agonia da Maçonaria.
A Maçonaria está morrendo, enfim, porque não está suportando conviver com a modernidade. Nos tempos em que floresceu não havia rádio, não havia jornais, não havia televisão. Não havia Internet, não havia ar-condicionado, não havia confortáveis bermudas nos convidando a todos para permanecermos em casa. Não havia também a insegurança, os assaltos, os crimes, as agressões desarrazoadas. Os tempos e os hábitos mudaram. Só a Maçonaria não mudou. Não se adaptou. E o que é pior, permitiu gradualmente, que os seus componentes mudassem. Para pior.
A Maçonaria está morrendo!
As causas para esse desenlace são muitas, mas as principais são apenas duas: a falta de uma bandeira e o despreparo somado a fragilidade ética e moral de alguns Irmãos que hoje a dirigem.
Meus Irmãos,
Por várias vezes o Templo de Jerusalém foi destruído. E sempre foi reconstruído, pedra por pedra.
Por várias vezes a Maçonaria esteve semimorta e renasceu, qual Fênix, forte e radiante, das suas próprias cinzas.
Hoje ela novamente agoniza e morre.
Há sobre a terra, a ferra baiana, algum Irmão disposto a tentar salvá-Ia? Esse Templo de Virtudes, de Bondade e de Amor, merece ser reconstruído?
A viúva agoniza lentamente.
Meus Irmãos, se continuarmos reconhecendo que alguma coisa precisa ser feita e nada fizermos, que nós - os seus filhos - dela não nos esqueçamos e que todos dela se compadeçam.
A Maçonaria terá sido para todos nós, apenas um lindo sonho que nenhum de nós terá tido a capacidade ou a coragem de sonhar na sua plenitude.
É meia-noite!


J.L. Cerqueira
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Nota do Editor-Chefe do Jornal O Guarany: A verdadeira Maçonaria não está morrendo, ao contrário, está prosperando, ultrapassando limites nunca antes imaginado. Está morrendo a Maçonaria dos grão-mestres ditadores, das "Potências Maçônicas" que desafiam o Estado, os Poderes oficiais das Nações, com seus Tribunais de Exceção para julgar e punir "homens livres e de bons costumes". Está morrendo a Maçonaria cujos "sereníssimos" produzem e expedem Atos com que punem irmãos com suspensão de seus direitos maçônicos sob a alegação de ter comparecido a reunião em Loja Maçônica Mista. Esta Maçonaria está morrendo mesmo! A outra Maçonaria já nasceu! Nasceu soberana e fraterna, unindo homens e mulheres em torno de seus ideias. A GLEB atual, sobre a qual o autor do texto se refere, morrerá mesmo! Será integralmente implodida juntamente com todas suas imposturas e impostores! Em seu lugar, será implantada a mais soberana e fraterna Maçonaria, livre dos gestos ditatoriais, das algemas da punição, do seu "Tribunal", esdrúxula Instituição, flagrantemente, uma afronta ao Estado de Direito, uma afronta, sim, aos princípios fundamentais e sustentáculos básicos da Maçonaria Universal.

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