sábado, 23 de junho de 2012

CACHOEIRA/BAHIA

1º de maio, Dia do Trabalhador
Dia de festas ou de luto?


Aderbal Caetano de Burgos*

No dia 11 de novembro de 1887, quatro sindicalistas: Parsons, Spies, Fischer e Engels são enforcados em Chicago nos Estados Unidos da América. Foram condenados ao enforcamento por haverem lutado pela redução da jornada de trabalho para oito horas por dia.
Os mártires dos trabalhadores foram oito em Chicago. Num longo injusto processo, três: Schwab, Neeb e Engels conseguem o perdão sete anos mais tarde, e um outro de nome Lingg foi assassinado na prisão com uma banana de dinamite colocada em sua boca.
No dia 1º de maio de 1890, o Congresso americano promulga a lei que regulamenta a jornada de trabalho em 8h por dia. Por isso, esta data é comemorada internacionalmente. É uma homenagem aos 8 mártires de Chicago e a conquista da redução da jornada de trabalho .
A História
Em 1886, os trabalhadores viviam em sua maioria nas piores condições. Muitos, inclusive crianças, trabalhavam em 18 horas diárias, de maneira que jamais viam suas mulheres e filhos a luz do dia. Saiam para o trabalho antes do amanhecer e retornavam à noite.
O desejo da redução da jornada de trabalho levou milhares de trabalhadores a se organizarem nos sindicatos. Porem não foi fácil. A repressão policial perseguia os trabalhadores em toda a parte. Em Milwankee nove operários foram fuzilados para conter as manifestações e greves.
Como em muitas cidades dos Estados Unidos, os trabalhadores de Chicago marcaram a greve geral para o dia 1º de maio de 1886 . Estranhamente, a greve ocorre sem a interferência da polícia. Dois dias depois, 600 trabalhadores da indústria de madeira Mccorick reúnem-se para eleger uma comissão de greve.
Augusto Spies, organizador, fala a 200 trabalhadores e um pequeno grupo ataca os “fura-greve”. Os seguranças da Empresa socorrem os “fura-greve “, usam armas de fogo e cassetete. O saldo de refrega é: seis trabalhadores mortos e 50 feridos.
No dia 4 de maio, os trabalhadores programaram comício de protesto pelas mortes dos companheiros. O prefeito permitiu o comício e fez até parte. Estavam presentes no ato cerca de 3.000 pessoas. Às 22h começou a chover, quase todos dispersaram, o prefeito se retira. Então, o sádico inspetor da policia, John Bonfield, conhecido assassino, atacou os poucos trabalhadores que estavam no comício. Um “trabalhador” joga sobre a policia uma bomba e mata um policial. A polícia atira na multidão, mata dezenas deles e fere 200 trabalhadores à bala.
Os mártires
“Daí em diante é ‘‘ caça as bruxas”. Quem jogou a bomba? Prenderam todos os líderes: Samuel, Fieldam, Spies, Schawb, Engels, Fischer, Lingg, Neeb e Parsons. O objetivo das prisões era acabar com o movimento, não achar os culpados pela bomba. Os responsáveis nunca foram encontrados. Foi a própria polícia, é claro.
O martírio
Em setembro de 1886, a corte suprema dos Estados Unidos confirma a sentença. O governador Oglesly resolve comutar a pena de Fielden e Schwab em prisão perpétua, os outros cinco foram condenados à morte por enforcamento .
No dia 10 de novembro, Lingg foi assassinado na prisão com uma banana de dinamite na boca. Sua cabeça foi totalmente destruída. No dia 11 de novembro, os outros quatro foram enforcados.
A conquista
O objetivo dos patrões foi alcançado. Calaram os trabalhadores no “cacete” . A greve acabou e os trabalhadores voltaram ao trabalho. A greve do 1º de maio reuniu nos Estados Unidos 190.000 grevistas. Em Chicago, 65. 000, mas 150.000 conseguiram a redução da jornada de trabalho.
A verdade surgiu
Sete anos depois, viria a reparação para os condenados. 60.000 mil pessoas pediram anistia os três condenados a prisão perpétua. O governador Atigeld se horroriza diante da ilegalidade e o arbítrio do processo e concede perdão aos condenados.
Glória aos mártires dos trabalhadores!
Viva o 1º de maio de 1886.




*Aderbal Caetano de Burgos, cachoeirano, foi militante político contra a ditadura militar no Brasil. Viveu 25 anos na clandestinidade, em outros estados, integrava a direção nacional da POLOP, Organização Marxista Política OperáriaOrganização Marxista Política Operáriauma das mais fortes organizações da esquerda, instituída para combater a ditadura em todo o território nacional.
Organização Marxista Política Operária

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