sexta-feira, 13 de abril de 2012

ACONTECEU EM SALVADOR/BAHIA

ACONTECEU EM SALVADOR/BAHIA

ROSÁRIO E PILAR SÃO ENTREGUES À POPULAÇÃO BAIANA

O Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria do Turismo (Setur), Secretaria de Cultura (Secult) e Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), realizou hoje, sexta-feira, dia 13, às 10h, entrega das Obras de Restauração da Igreja do Santíssimo Sacramento do Pilar e Santa Luzia (Rua do Pilar, n.55, Comércio). No domingo, dia 15, às 10h, será entregue a Igreja da Venerável Ordem Terceira do Rosário de Nossa Senhora às Portas do Carmo (Praça José de Alencar s/n Largo do Pelourinho).

Estas Igrejas estão sendo entregues às respectivas Irmandades, proprietárias das antigas edificações, antes de missas celebradas pelas mesmas nas suas igrejas, com as presenças do Secretário do Turismo, Domingos Leonelli, o Secretário de Cultura em exercício, Rômulo Cravo, o Diretor Geral do Ipac, Frederico Mendonça, os Priores de ambas Irmandades, autoridades federais, estaduais e municipais, além de representantes de instituições sediadas no Centro Histórico de Salvador (CHS).

RESPONSABILIDADE DO CHS - A administração do CHS é uma responsabilidade jurídica e constitucional da Prefeitura Municipal de Salvador que além do uso, ocupação e ordenamento do solo urbano, e liberação de qualquer obra em território soteropolitano, é responsável também por serviços de iluminação, limpeza urbana, tráfego de veículos, transporte urbano, licenciamento de comércios, IPTU, etc.

Em segunda instância a responsabilidade da área é do IPHAN/MinC que tombou a área desde 1984 como Patrimônio Nacional. O Estado participa com ações estruturantes e pontuais, como a construção do novo estádio da Fonte Nova, as restaurações do Palácio Rio Branco, Igrejas do Boqueirão, do Pilar e Rosário dos Pretos, a Casa das Sete Mortes, os planos de habitação no Centro Antigo, dentre outras atividades.

No último dia 29 de março – data do 463º aniversário de Salvador – o IPAC anunciou os vencedores e assinou contrato para execução de projeto e obras do Concurso Nacional de Ideias para a Requalificação dos Largos do Pelourinho: Tereza Batista, Pedro Archanjo e Quincas Berro D’ Água. Para o diretor do IPAC, Frederico Mendonça, o concurso propõe processo mais participativo, qualitativo e criativo. “O desafio dos participantes foi expressar a relação simbólica e cultural que esse projeto deve ter com o lugar, reconhecido mundialmente como Patrimônio da Humanidade”, diz Mendonça.

PRODETUR - As obras foram viabilizadas com recursos do Prodetur 2 (Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste) e financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), através do Ministério do Turismo, via Setur, com recursos do Banco do Nordeste (BNB) e contrapartida do Tesouro do Estado da Bahia.

As obras do Prodetur 2 eram para ser iniciadas desde setembro de 2002, mas, somente em 2007, graças à intervenção do Governador Jaques Wagner junto ao Ministério do Turismo – quando Ministra Marta Suplicy - os recursos foram liberados. Foram investidos cerca de R$ 20 milhões para recuperar cinco grandes monumentos do CHS através do IPAC: Palácio Rio Branco, igrejas do Rosário dos Pretos, do Pilar e do Boqueirão, e a Casa das Sete Mortes, os quatros últimos bens culturais da Bahia tombados como ‘Patrimônios Nacionais’, através do Iphan/MinC.

As duas obras entregues agora somam investimento total de R$ 7,86 milhões sendo a Igreja do Rosário o valor de R$ 2.689.591,00 e a Igreja do Pilar, com o seu cemitério anexo, a cifra de R$ 5.176.974,00.

MINISTÉRIO DO TURISMO APROVA ENTREGA - O representante oficial do Ministério do Turismo, Marcelo Caetano Sousa, vinculado ao Prodetur, deu por concluídas no último dia 23 de março (2012) as obras de restauração das igrejas do Pilar e do Rosário dos Pretos, durante sua visita técnica às mesmas. A visita começou pela Igreja Rosário dos Pretos, percorrendo inicialmente a parte da nave central e dos corredores laterais, não sendo observada nenhuma irregularidade. Em seguida, a comitiva se dirigiu a Igreja do Pilar, onde foi recepcionada pelos representantes da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Na área externa a Prefeitura Municipal de Salvador deverá realizar serviços de esgotamento, já que é atribuição da mesma.

IGREJA DO PILAR

O complexo arquitetônico do Pilar está localizado no bairro do Comércio, em Salvador, e foi construído em meados do século 17, na base da falha geológica de cerca de 70 metros de altura que divide as cidades Alta e Baixa, na capital baiana. O conjunto arquitetônico tem na sua composição final elementos do barroco, rococó e neoclássico, e é tombado desde 1938 como Monumento Nacional pelo IPHAN/MinC, órgão federal que realiza a fiscalização e tem a tutela sobre o imóvel.

OBRA MAIS IMPORTANTE EM 52 ANOS - “Esta é a obra de recuperação mais importante já realizada nesta igreja e seu cemitério desde a década de 1960”, afirma Mendonça. Os prédios já se encontravam em processo de ruína, quando o Governo do Estado iniciou as obras.

Como essas edificações são tombadas “o complexo é formado pela igreja do Pilar, um dos raros templos católicos que apresenta alongamento da planta, preocupação típica de arquitetos mineiros, possivelmente inspirados na igreja de São Paulo de Braga, Portugal, do final do século 17”, diz o diretor geral do IPAC, Frederico Mendonça.

O dirigente estadual explica que o cemitério do conjunto é em estilo neoclássico e tem fachada de 20 colunas de sete metros de altura, cada uma. A igreja tem portal e janelas em pedra de lioz talhadas em Lisboa, teto pintado por José Teófilo de Jesus (1837) e paredes internas com azulejos do século 18 (1750/60) de diferentes oficinas portuguesas. Da imaginária, destaca-se a de Santa Luzia, do século 18.

2,5 MIL TONELADAS DE LIXO – Para se iniciar as obras de restauração foram realizados serviços de engenharia e limpeza, retirando 2,5 toneladas de lixo e entulho do cemitério que estava soterrado. Foi realizada a estabilização da encosta da ladeira do Pilar e alvenaria de contenção de 500 metros de comprimento para proteger o monumento, reforma do teto do templo e substituição de peças de madeira por metálicas.

Incluíram-se novas telhas brancas matizadas, proteção para o forro artístico, novo telhado para o cemitério com telhas metálicas trapezoidal, recuperação do revestimento interno e externo e recuperação das esquadrias de madeira e de ferro. Foram recuperadas instalações hidráulica e elétrica, balaústres, elementos decorativos em argamassa, restauração de cantarias nas fachadas e escadas em lioz (pedras portuguesas), além de reassentamento dos gradis do adro.

HISTÓRIA do PILAR - A igreja de Nossa Senhora do Pilar foi construída pela comunidade espanhola que morava em Salvador, em homenagem a padroeira da Espanha, muito venerada naquele país. A igreja de Nossa Senhora do Pilar, em Salvador, era uma das mais prósperas, graças à força da comunidade espanhola, a grande maioria, comerciantes e empresários bem sucedidos. A sua popularidade, no entanto, foi alcançada a partir do momento em que passou a abrigar a estátua de Santa Luiza, no final do século 19.

Segundo a juíza da irmandade de Nossa Senhora do Pilar, Josete Batista Santos, Santa Luzia tinha seu próprio templo que se localizava nas imediações, onde hoje fica a Av. do Contorno, mas foi destruída por um incêndio ocorrido no final do século 19. Ao chegar à Igreja do Pilar, passou a ocupar um espaço, no altar mor, mas, já em 1902, devido ao grande número de fiéis, a irmandade mandou construir um altar especifico pra ela, numa das laterais do templo.

A sua popularidade é tão grande que muitas pessoas confundem a Igreja de Nossa Senhora do Pilar como sendo a Igreja de Santa Luzia, que no sincretismo religioso é denominada Oxum Apará, uma mistura de Iansã com Oxum. Ela é a padroeira dos marinheiros e madrinha dos Filhos de Gandhi e da Banda Dida. Virgem-mártir da Igreja Católica, Santa Luzia teve seus olhos arrancados. Em Salvador ela tem grande apelo e devoção que culmina com a festa religiosa e popular que acontece anualmente em 13 de dezembro. Antigamente, as águas que brotavam da encosta foram canalizadas como abastecimento de naus e caravelas do porto da cidade. Ao desmontar a encosta para construção da igreja, no meado do século XVII, o minadouro foi canalizado, beneficiado e transformado em fonte considerada, até hoje, como milagrosa.

SERVIÇOS PILAR:

Retirada de 2,5 toneladas de entulho acumulado na encosta e no cemitério; Estabilização da encosta da ladeira do Pilar com a construção de alvenaria de contenção de 500 metros de comprimento e drenagem; Reforma do teto da igreja; Substituição de peças de madeira por metálicas no telhado e substituição das telhas; Recuperação da estrutura de sustentação do forro artístico da nave da igreja; Restauração do forro da sacristia; Instalação de novo telhado para o cemitério com telhas metálicas; Recuperação do revestimento e pintura interna/externa; Recuperação das esquadrias de madeira e de ferro e pintura interna/externa; Restauração de azulejos da nave da igreja; Recuperação de assoalhos; Instalação de sanitários e recuperação das instalações hidráulicas e elétricas; Instalação de elevador de acesso ao 1º pavimento; Recuperação de balaústres e elementos decorativos em argamassa; Restauração de cantarias nas fachadas e escadas em lioz; Restauração de trechos do piso da nave; Restauração de 03 imagens da igreja; Reassentamento dos gradis do adro; Restauração da Fonte de Santa Luzia; Instalação de rampa de acesso na entrada lateral da igreja.

IGREJA DO ROSÁRIO DOS PRETOS

A igreja está localizada na meia encosta da ladeira do Largo do Pelourinho ou Praça José de Alencar. A sua frente, ao rés do chão, há o Largo e do campanário se descortina o amplo horizonte da Baía de Todos os Santos e todos os campanários e torres das demais igrejas a sua volta. A Igreja do Rosário dos Pretos antecede, em construção, o Largo e muitas outras igrejas e edificações à sua volta. Ela conviveu com a cidade murada, da qual foi extramuros e hoje é parte e visual indissociável do Centro Histórico desta cidade de onde foi arrabalde e periferia. E é um ícone da História viva, dinâmica, evolutiva e ativa do crescimento urbano e cultural da Cidade de Salvador.

Tombado como Patrimônio do Brasil pelo IPHAN/MinC desde 1938, o prédio religioso é considerado de notável mérito arquitetônico e foi construído por escravos e ex-escravos a partir de 1704, nas horas vagas que dispunham, ao longo de quase 100 anos.

A edificação possui imponência, corredores laterais, com pátio ao fundo, onde existe um cemitério. Como as igrejas do Boqueirão e Santo Antônio Além do Carmo, a Rosário dos Pretos possui oratório no lado direito e no plano da fachada que se abre para a rua. As terminações da torre são revestidas de azulejos e no interior existem azulejos com cenas relativas à devoção ao Rosário de Lisboa (1790).

O retábulo do altar-mor é de João Simões de Souza (1870/71) e a pintura do teto é de José Pinto Lima (1870/71). Dentre a imaginária, destacam-se N.S. do Rosário (séc.17), São Benedito, Santo Antônio de Catigerona e Cristo Crucificado em marfim. Tombada como Patrimônio Nacional pelo IPHAN 1938, a igreja pertence a Irmandade dos Homens Pretos que foi uma das primeiras confrarias de negros criada no Brasil e funcionou inicialmente na antiga Sé da cidade, sendo erigida em 1685.

AZULEJOS MAIS IMPORTANTES DO PAÍS - Os azulejos que revestem todas as paredes internas da igreja, incluindo nave, subcoro e capela mor, com temas voltados para a vida de São Domingos e da Virgem Maria, da segunda metade do século 18 é considerado um dos mais significativos do país. Ele só é superado, na Bahia, pelos azulejos da Igreja de São Francisco, que é o segundo maior do mundo. Estima-se, segundo o professor português José Meco, que os azulejos da Rosário dos Pretos foram decorados pelo notável artista português Francisco Gonçalves da Costa, na Fábrica do Rato, em Portugal.

O núcleo azulejado passou por criteriosa restauração do IPAC desde o período da sua construção. A equipe executou levantamentos para identificar patologias, perdas de vidrados e biscoitos – termos da azulejaria -, além da desagregação das argamassas e de peças trocadas. Nas torres foram diagnosticados suportes soltos, acúmulo e proliferação de microrganismos e vegetação. “Alguns desses azulejos retratam cenas relativas à devoção ao Rosário de Lisboa e são originários de 1790”, diz o arquiteto-fiscal do IPAC, Cássio Sales. O técnico explica que as peças passaram por processo especial de limpeza, recuperação e produção de faltantes. “Elas são reposicionadas, inclusive, com placas de fibrocimento que evitam a umidade das paredes e tornar mais fácil a remoção, quando necessária”, completa Sales.

Segundo um dos restauradores, o especialista em azulejos Estácio Fernandes, os trabalhos do IPAC no Rosário dos Pretos é um dos mais criteriosos dos que já coordenou, exigindo muita técnica e minúcia para a reposição de 200 peças que faltavam. Para a confecção das peças foi utilizada a mesma técnica de azulejos do século 18, existente em Portugal nesse período histórico. “Inclusive os pigmentos foram importados desse país”, destaca Fernandes. Na sua avaliação, o trabalho de substituição está perfeito, sendo motivo de orgulho para técnicos e operários que trabalham na obra. “É a primeira vez que se utiliza essa técnica em monumentos na Bahia. Não conheço ninguém que faça esse tipo de trabalho, a não ser em Portugal”, pontua o especialista.

CRONOLOGIA DA IGREJA DO ROSÁRIO DOS PRETOS

1685 – A Irmandade foi erigida e teve aprovado o seu compromisso com a Sé, Catedral da Bahia.

1704 – O Arcebispo D. Sebastião Monteiro da Vide concede a autorização para construir a igreja. De acordo com a planta original, esta não possui corredores laterais, senão duas estreitas passagens laterais à capela-mor ligando a nave com a sacristia transversal.

1718 – A freguesia do Passo começa a funcionar na igreja, que foi desmembrada de Sé.

1736 – Decide-se criar a Igreja do Passo.

1780/81 – Execução dos corredores laterais, das tribunas, da atual fachada e das torres, pelo mestre Caetano José da Costa.

1796 – Começa a construção do Consistório.

1815/26 – A igreja sofre uma ampliação e novas reformas.

1870/71 – O entalhador João Simões F. Souza faz uma reforma radical da igreja e da fatura de altares e do novo retábulo do altar-mor, sendo a pintura de José Pinto Lima dos Reis, que também pintou o teto da nave.

1872 – A Casa da Mesa é transformada em Casa Forte e o cemitério da Irmandade é demolido.

1873/75 – Duas novas portas são abertas.

1894 – É realizada a excussão do forro do salão da Casa da Mesa e do altar na sacristia.

1895 – É concluído o douramento da igreja por Vitoriano Eduardo de Oliveira.

1685 – A Irmandade foi erigida e teve aprovado o seu compromisso com a Sé, Catedral da Bahia.

SERVIÇOS EXECUTADOS NO ROSÁRIO:

Recuperação total de telhado

Instalação de sobreforro em fibra de vidro na nave principal

Restauração de Imagens Sacras

Recuperação de pintura das fachadas

Instalação de elevador de acesso ao 1º Pavimento

Instalação de Copa na área externa

Restauração de Bens móveis e integrados

Recuperação de pisos e forros de madeira

Recuperação de pisos e lápides de mármore

Restauração de pinturas artísticas dos forros

Recuperação de Esquadrias

Restauração de Gradis de ferro

Restauração de Painéis de azulejos

Restauração de elementos artísticos das torres (azulejos e tochas)

Execução de nova rede elétrica

Instalação de nova iluminação interna

Execução de muro no pátio do fundo da igreja;

Reforma e adaptação PNE dos sanitários;

Execução de escada metálica de acesso à torre;

Fotos em ALTA DEFINIÇÃO no Flickr/SecultBA: http http:/www.flickr.com/photos/secultba/sets/72157629443536332/

Crédito Fotográfico obrigatório: Lei nº 9610/98

Contatos: Assessoria de Comunicação IPAC – em 13.04.2012

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