Por Erivaldo Brito
Depois da adolescência, o tempo parece correr mais rápido, não é verdade? Há uns vinte e poucos anos passados, no escritório de contabilidade do professor Joel Pereira, fui apresentado a Osmar de Azevedo Moreira, um parente do Dr. Agnaldo, que havia adquirido à gráfica e o jornal Correio de São Félix.
Ao ser apresentado Joel fez a seguinte referência:
- Osmar, você que está procurando uma pessoa para tocar o jornal, lhe apresento Erivaldo Brito na certeza que ele vai satisfazer as suas expectativas.
Era uma função não remunerada, gozava do prestigio de continuar tocando o jornal do velho Luiz Gonzaga que sempre deu guarida aos meus escritos, mas, nascia naquele momento uma grande amizade. Osmar era um jovem empresário no ramo gráfico, possuía uma tipografia e impressora of set de mesa e uma editora sob o nome de Odeam.
Dirigi o “Correio” durante um bom tempo, e, por isso mesmo, publiquei os “Oradores e Poetas da Cachoeira” sem qualquer custo (se houvesse estaria no prejuízo até hoje).
Quando ia à Salvador, sempre dava um jeito de ir até lá na Avenida Joana Angélica na sede da Editora. Osmar sempre me recebeu condignamente. Então, amigos, foi lá que eu conheci no ano de 1987 o advogado Oswaldo José Leal, escritor, jornalista espírita e secretário geral do Centro de Estudos Parapsicológicos da Bahia.
O Dr.Oswaldo revisava as últimas páginas de uma obra de sua lavra sobre pesquisas feitas através da hipnose e mediunidade, catalogando quase quarenta casos de reencarnação. O título do livro: “Vidas Anteriores”
O Dr. Oswaldo era adepto e defensor do uso da hipnose para tratamento e ajuda para muitos casos, inclusive para quem deseja superar o trauma pela morte de um ente querido.
Escolhemos um dos casos narrados na obra citada por se tratar especificamente da Cachoeira, que se encontra às páginas 33 a 36:
“Sessão de hipnose realizada pelo Dr. Oswaldo José Leal à Rua Barão de Cotegipe 125, às 20h do dia 03 de dezembro de 1958, estando presentes os centristas: Hacel Meyer, Rubens Queiroz de Sá, Jessé Alves Martins (funcionário da Fábrica Fratelli Vitta), Dílson Meyer (funcionário do Instituto Médico Legal), Olivaldo Deway de Souza, Dr. Herson de Oliveira, Amado Dórea, senhoritas Julieta Pereira da Silva, Darcy, Maria Tourinho, Joélia Gondim, Lídia Castro de Alcântara, Aurelina Pinheiro Dórea e Gildea Pereira de Castro.
Com a palavra o Dr. Oswaldo José Leal: - Reuni estas pessoas para uma demonstração de hipnose. Pretendendo fazer novas pesquisas, deixando as mesmas, para interpretação dos estudiosos no assunto. Nesse momento, vou dar início à sessão, hipnotizando a senhora Delza, que gentilmente veio para se prestar a essas demonstrações e pesquisa científica...
A mesma já se encontra num estado equivalente a um sono profundo... Seu nome, diga o seu nome...
- Delza F.S
- Sua idade?
- 26 anos
- Nós vamos fazer umas pesquisas, por isso, eu vou lhe fazer voltar a uma possível vida anterior. Você vai dizer, antes de ser Delza F.S quem foi você?
- Antonio Ferreira da Cunha
- Onde você nasceu? Em que lugar?
- Na África
- Quem eram seus pais? Estamos aqui numa roda de amigos conversando, você precisa falar não só explicadamente, e em voz alta, para que todos ouçam a sua voz.
- Seus pais lembra-se o nome dos seus pais? Fale, diga o nome de seus pais.
- Manoel Fernandes da Cunha
- Sua mãe?
- Antonia
- Você viveu todo esse tempo na África?
- Não
- Onde você viveu a sua vida toda?
- Saí de lá com a minha mãe.
- Para onde?
- Cachoeira.
- Como?
- Eu vim fugido.
- Diga tudo que você sabe a respeito dessa vida que você nos está transmitindo. Fale.
- Eu vim fugido numa embarcação. Eu vim.
- Fale, diga tudo. Que embarcação foi que você veio?
- Navio
- Como era o navio? Que tipo de navio?
- Era um navio grande. Tudo cheio,,, Cheio de tanta coisa. Tanta coisa!
- Quem era que governava o navio?
- Não me lembro o nome, não. Era um homem muito bravo.. Só tinha que era bom, que gostou de mim. Eu só ficava subindo e descendo no navio...
- Levou muito tempo para chegar ao Brasil?
- Levei uma porção de dias.
- Quantos dias?
- Eu não me lembro não.
- Com que idade você chegou ao Brasil?
- Catorze anos e poucos dias. Não me lembro do dia não.
- Você chegou aqui onde?
- São Felix e Cachoeira, passei num lugar chamado Matão, encontrei uma porção de gente fiquei lá. Não sei por que,no outro dia eu vim me embora andando,andando, cansado de tanto andar. Eu vim parar em Cachoeira.
- Depois que você chegou a Cachoeira o que foi que você fez?
- Eu fui para a Igreja. Cheguei lá fiquei com um padre,uma porção de tempo.
Meu pai ficou procurando uma porção de tempo. Depois me encontrou.. Um dia eu estava na Igreja o padre chegou me chamou... Que ia me buscar. Disse, Antonio siga comigo. Eu disse papai eu não quero mais nada com o senhor. Ele chegou, tornou a me chamar. Eu não atendi. Ele falou: Reverendo esse menino é meu filho e vai comigo.
- Depois disso o que foi que houve?
- (após ressonar um pouco) Eu não queria ir, porque ele ia me bater, ia fazer uma porção de coisa comigo,
- Continue
- Ele voltou e foi embora.
- E você?
- Eu fiquei com o padre.
- Até quando?
- Uma porção de tempo. Fiquei lá na Igreja trabalhando e eu era sacristão.
- Como era o nome do padre?
- Não sei o nome dele todo não. Eu sei que ele se chamava Francisco.
- Ele era padre de que Igreja?
- Lá de Cachoeira.
- Durante toda a sua vida, este padre existiu ou desapareceu enquanto você ainda era vivo, hein? Responda. O padre existiu durante todo o período da sua vida?
- Não. Ele foi embora... (pronuncia palavras ininteligíveis)
- Para onde o padre foi? Para onde ele foi? Diga.
- Quando se morre, pra onde é que se vai?
- Quando o padre morreu você ainda estava vivo? Que foi que você fez depois disto?
- Fiquei lá. Meu pai não existia. Fiquei lá num lugar. Lá trabalhava com um velho. Também não agüentava mais...
- Quando o padre morreu, que idade você tinha na época? Lembra-se?
- Tinha 58 anos
- E você viveu até que idade?
- Até 80 anos.
- Você se lembra de alguma coisa de sua vida desde os 58 anos até os 80 anos? Alguma passagem da sua vida, algum amigo seu, algum camarada de infância? Lembra-se de alguma coisa?
- Lembro que eu tinha um amiguinho que eu gostava dele. Era o único amigo que eu tinha. Eu não tinha mais amigos. Eu chamava ele. Eu não sabia o nome dele. Era o único amigo que eu tinha. Eu não tinha mais amigos. Era... eu não sabia o nome dele todo. Eu chamava de Julio, que eu via todo mundo chamar, mas nunca procurei...
- E depois da morte do padre, até que data que você mencionou o que foi que você fez?
- Nada. Já estava velho, não podia mais fazer movimento.
- Depois de morto, onde você foi enterrado?
- Em São Félix. Eu cai um dia. Fui andando,andando,passei por um lugar, passou um carro, era uma máquina. Passou e eu não guentava correr, passou por cima de mim.
- Como foi? Fale mais alto que eu não ouvi...
- A máquina passou por cima de mim.
- Você morreu em consequência desse desastre?
- Morri. Ai não tinha mais jeito!
- Como estão ouvindo os circunstantes, a pessoa hipnotizada acaba de contar uma possível vida que teve anterior à vida que tem hoje. No sentido de pesquisar, eu vou fazer novas perguntas a esta mesma pessoa, a fim de conseguir ir mais além ao estudo que estamos acabando de fazer. Você antes de Antonio foi alguém?
- Fui!
- Foi, quem?
- (fala de modo ininteligível),,, Era um garoto... Eu tinha dois anos
- Como era esse garotinho?
- Louro... branco.
- E viveu onde este garoto?
- Na Rússia “
Transcrevemos na íntegra a experiência do advogado Oswaldo José Leal enquanto o personagem disse ter vivido uma época remota na Cachoeira, vindo a falecer já idoso em decorrência de um atropelamento por uma locomotiva.
Acredite se quiser!
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