Não ria do título, porque o negócio é “sério”. O fato é que nas cidades do interior, acontecem certos fatos que se contados em cidades mais desenvolvidas ninguém acredita. Cachoeira/BA, então, que é cheia de tradições inúteis, é um excelente laboratório para os humoristas. Não foi por acaso, que o inteligente escritor cachoeirano, ERIVALDO BRITO, fez tanto sucesso com o seu cultural e engraçado livro: “CAUSOS VERIDICOS”, mesmo porque, em Cachoeira, continua acontecendo fatos de “arrepiar os cabelos. O conceituado artista plástico, DAVI RODRIGUES, que é um excelente pesquisador de “causos”, que o diga! Pois bem, entre tantos “causos” engraçados, vamos nos reportar a pitoresca estória de um defunto, que fora trocado por outro e ainda, foi “obrigado” a ouvir um discurso, que não era para ele. Antes, porém, vamos repudiar o “CABEÇA DE CAMARÃO”, que sugeriu ao gestor da cidade, para construir um colégio destinado a crianças, ao lado de um cemitério e de frente para uma capela mortuária, isso quer dizer, que a criança não terá outra opção de lazer, a não ser se emocionar com os passantes enterros, o movimento da capela mortuária, ouvindo os gritos dos desmaiantes, para a noite, ter pesadelos com o que viram durante o dia!
Segundo a tradição sem sentido, o cortejo fúnebre é quase que obrigatório por alguns familiares, a contornar a praça Dr. Milton, pelo lado direito, porque antigamente, ficava uma doceira bem na esquina da rua conhecida como: “MARIA TABACUDA” e algumas pessoas, se aproximavam do seu tabuleiro, atraídos pelas suas delicias “balas” de jenipapo! O pior, é que até hoje quando o caixão chega à beira da sepultura, logo surgem, os conhecidos oradores de cemitérios, com os seus cansativos discursos, cheio de frase de efeitos, esperando que alguns dos presentes se emocionem e cheguem até ao gotejar das lagrimas! O pior ainda são aqueles discursos, recheados de elogios ao defunto, mesmo sabendo, que ele em vida, teria sido um pilantra, um canalha da pior espécie, principalmente se foi político bem falante, mas, corrupto comprador de votos ou daquele tipo de “SUCUPIRA” que se orgulha de passar a imagem de: rouba mais faz, aquele político que colocava os bons materiais comprados com o dinheiro roubado do povo e do município como: granjas, fazendas, apartamentos, casa de praia, veículos, firmas, próprio vil metal e outros bens, em nomes de parentes e amigos coniventes, apelidados de “LARANJA”! Continuo com a filosofia hindu: Engana-se há muitos, por muito tempo, mas, não a todos, por muito tempo; um dia a verdade vem à tona e a máscara cai! Quem não se lembra daquele caso da vizinha cidade de “Sucupira”, que os vivórios não devolveram à viúva, os bens roubados pelo falecido marido e colocados nos nomes dos coniventes “laranjas”, apelidados de “XAMEGOLINOS”. Bem feito!
Chocante é quando o cretino orador, diz que todos estão ali, para homenagear o querido amigo: CORNELIO PICANÇO, homem integro, de moral ilibada , que deixa exemplo de honradez e dignidade a serem seguidos, principalmente pela nossa juventude. “O mais chocante ainda, é quando o descarado orador, para puxar o “saco” da família do safado defunto, aproveita a chuva que começa a cair. Ele olha para o céu, embarga a voz de propósito, faz aquela cara de “bebê chorão” e ”emocionado” diz: Como vê, senhoras e senhores, até a natureza, chora a partida do querido amigo, PICANÇO, razão maior, para permanecermos aqui, até a ultima gota das lagrimas, caídas do céu!
Enquanto isso, alguns dos presentes, sem guarda-chuva, já irritados e molhados, falavam baixinho: tomara que esse filho da PU... se molhe bastante e apanhe uma pneumonia! O negócio é tão “tragicômico”, que parece mais a gravação da inauguração do cemitério de “Sucupira”, quando o pobre defunto, mesmo “contra” a sua vontade, mas, obrigado pela cafona família, a desfilar pela cidade, porque o povo precisa saber, que ali vai para a sua última morada, um importante membro da sociedade cachoeirana, que é o senhor APOLONIO TRIBUTINO DE SOUZA PAFUNCIO DE JESUS, conceituado fabricante de famosa cachaça, “ AMANÇA CORNO”, fabricada no alambique “ Quebre-Bunda”.
Família besta e vaidosa já gosta de nomes compridos, dizem que do “status-social”! Temos ainda aquela estória engraçada que caberia em qualquer programa humorístico.. Segundo o próprio DAVI RODRIGUES, vinha do Bairro do Caquende, um cortejo fúnebre, trazendo o corpo de um senhor de noventa anos, conhecido como “PASTOR CUNEGUNES”, como antigamente, durante os cortejos fúnebres, contratava se um a pessoa, para carregar uma “urna” (caixote), porque durante o trajeto, surgia sempre um improvisado orador, que pedia para parar o cotejo, aí o caixão era colocado sobre a “urna” e o orador fazia o seu breve discurso. Foi exatamente o que acontecera quando todos acompanhantes já estavam de “ saco-cheio” de tantas paradas e chatos discursos, que ao passar em frente ao fabrico de licores, “ROQUE PINTO”, sai lá de dentro, um elemento totalmente embriagado, conhecido como “ ZÈ XIBIU” que em voz alta, pedia que parasse o cortejo, que ele gostaria de falar. Atendido o pedido do “cachaça”, dera ele, inicio ao seu “emocionante” discurso: Meus senhores e minhas senhoras, neste momento solene eu quero dizer a todos em minhas palavras , que essa “mulé” que vocês estão carregando, apesar de ter sido do BREGA”, sempre foi uma “mulé” de respeito, educada, carinhosa e muito limpa, eu sei, porque “trep..”com ela, por mais de dez anos e, se tinha dinheiro pagava, se não tinha, era fiado memso! Seu nome de batismo era: HONORINA SACRAMENTO DE JESUS, conhecida como “MARIA TANAJURA” porque tinha a “bunda” grande. Vai com Deus “TANAJURA”, só não lhe convido pra tomar um licor de jenipapo, para não Atrasar a sua viagem para o “sumitero”, adeus “TANÀ”! Acontece, é que o enterro da Honorina, já havia passado há mais de três horas e aquele era o Pastor Cunegunes que o “ZÈ XIBIU” trocou. O fato, é que ninguém conseguiu parar o “ZÈ XIBIU” em sua empolgação, nem mesmo o ponderado ROQUE PINTO, com a nossa tolerância MAÇÔNICA.
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