O paradeiro do novo líder é desconhecido, embora se acredite que ele esteja entre o Afeganistão e o Paquistão
FOTO: REUTERS
O médico egípcio, Ayman al-Zawahri, assumiu o comando da rede terrorista após a morte de Osama
O veterano militante Ayman al-Zawahri assumiu o comando da rede Al Qaeda depois da morte de Osama bin Laden, afirmou um website islâmico ontem. A decisão era esperada, já que havia anos que al-Zawahri era o segundo na hierarquia da organização.
Braço direito de Bin Laden e o cérebro por trás de boa parte da estratégia da Al Qaeda, Zawahri prometeu este mês seguir adiante com a campanha da rede contra os Estados Unidos e seus aliados.
"A liderança geral do grupo Al Qaeda, depois da conclusão das consultas, anuncia que o xeque Dr. Ayman Zawahri, que Deus lhe dê sucesso, assumiu a responsabilidade pelo comando do grupo", disse em um comunicado o website islâmico Ansar al-Mujahideen (Seguidores dos Guerreiros Sagrados).
Depois da morte de Bin Laden por comandos dos Estados Unidos no Paquistão, há 46 dias, o médico Zawahri vinha sendo apontado como seu sucessor mais provável. Bin Laden era responsabilizado pelos ataques de 11 de setembro em Nova York e nos Estados Unidos.
O paradeiro de Zawahri é desconhecido, embora se acredite há muito tempo que ele esteja escondido entre o Afeganistão e o Paquistão. Os Estados Unidos estão oferecendo uma recompensa de US$ 25 milhões a quem der informações que conduzam à sua captura.
O ex-funcionário do setor de inteligência dos EUA Robert Ayers afirmou que falta carisma a Zawahri. "Ele é uma sombra pálida de Bin Laden", avaliou. "Ele é um burocrata cinzento, não um líder que possa energizar e unir as tropas. A única coisa que sua promoção conseguirá é elevar sua prioridade como alvo dos EUA", declarou Robert Ayers.
Sajjan Gohel, da consultoria de segurança da Asia-Pacific Foundation, ressaltou que, na prática, Zawahri era havia muitos anos o chefe da Al Qaeda, mas não tinha a presença de Bin Laden e sua "habilidade de unificar as diferentes facções árabes no grupo".
Já o jornalista Abdel-Bari Atwan, que trabalha em Londres e entrevistou Bin Laden em 1996, afirmou que Zawahri era o "cérebro operacional" por trás da Al Qaeda, respeitado, em parte, por ser o mais próximo assessor escolhido por Bin Laden.
"Ele conseguiu transformar a Al Qaeda de uma pequena organização voltada para a expulsão dos interesses dos EUA na Arábia Saudita em uma organização mundial. Os homens que ele levou para a Al Qaeda, de seu grupo, a Jihad Islâmica egípcia, mostraram ser os instrumentos que impulsionaram a Al Qaeda internacionalmente".
Zawahri, cuja idade é estimada na casa dos 50 anos, conheceu Bin Laden em meados dos anos 1980 quando ambos davam apoio às guerrilhas que combatiam os soviéticos no Afeganistão. Ele é de uma família da classe alta do Cairo e tem formação como médico.
´Ideologia falida´
O Departamento de Estado dos EUA afirmou ontem que "praticamente não importa" quem é o novo líder da Al Qaeda, após informações de que Zawahri substituiu Osama bin Laden.
"Francamente, praticamente não importa quem comanda a Al Qaeda, porque a Al Qaeda é uma ideologia falida", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland.
"Se você olhar em volta no mundo, os movimentos pacíficos por mudança ao redor do mundo fizeram muito mais pelo povo muçulmano do que a Al Qaeda jamais fez", acrescentou.
Para o secretário americano da Defesa, Robert Gates, Zawahri enfrentará "muitos desafios" para impor sua autoridade à organização porque não tem o carisma de Osama. "Não sei se é um cargo ao qual alguém queira aspirar, considerando as circunstâncias", disse Gates.
Fique por dentro
A vida do extremista
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O novo chefe da rede Al Qaeda, o oftalmologista egípcio Ayman Al-Zawahiri, nasceu no dia 19 de junho de 1951, no Cairo, de uma insuspeita família de médicos e acadêmicos de classe média. Seu avô, Rabia al-Zawahiri, era o grande imã de Al-Azhar, o centro de ensino islâmico sunita do Oriente Médio. Um de seus tios foi o primeiro secretário-geral da Liga Árabe. Ainda na escola, o jovem Zawahiri começou a se envolver com política; aos 15 anos, foi preso por fazer parte da organização islâmica mais antiga do Egito, a Irmandade Muçulmana. Suas atividades políticas não o impediram de concluir em 1974 o curso de medicina na Universidade do Cairo, na mesma faculdade onde seu pai, Mohammed, dava aulas de farmacologia. Pouco tempo após a formatura, Zawahiri se viu atraído por grupos radicais islâmicos que pediam a queda do regime egípcio nos anos 1970.
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