quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

CACHOEIRA/BAHIA

Estudantes de Jornalismo da UFRB com a presidente Cristina Kirchner


BRASIL E ARGENTINA – Contrastes & Convergências

Renato Luz*

Durante o mês de outubro tive oportunidade de conhecer a capital argentina, Buenos Aires, nessa estada vivenciei o quanto contrasta a cultura política argentina da brasileira. São características fortes da população argentina a postura critica diante dos acontecimentos, uma forte capacidade de articulação e mobilização da sociedade civil organizada, presenciei por exemplo o manifesto contra dirigentes de sindicatos ferroviários daquele país intitulado pelos manifestantes de “La burocracia sindical” , acusada de assassinar Mariano Ferreyra, militante da União da Juventude para o Socialismo (UJS) del Partido Obrero (PO).

Ao mesmo tempo em que essa população mantém uma postura crítica, ao povo argentino é reservado um patriotismo imbuído de emoção muito singular a cultura política argentina.

Foi nesse contexto de fragilidade e tensão política que a Argentina perdeu o presidente Nestor Kirchner aos 25 dias do mês de outubro deste ano, uma notícia que chocou o país. Desde que a morte de Kirchner foi anunciada, milhares de pessoas começaram a se dirigir até a Casa Rosada – sede do governo argentino para se despedir do ex-presidente.

A morte do ex-presidente Nestor Kirchner altera completamente o quadro político da Argentina. Ele era o pré-candidato à presidência da República na eleição do ano que vem numa alternância combinada com sua mulher, a presidente Cristina Kirchner. Muito diferente do Brasil do qual pela legislação vigente não é permitido sucessão a cargos eletivos do executivo por parentes de primeiro grau. Por outro lado, o presidente Lula elegeu sua pupila Dilma Rouseff (PT) com maior facilidade do que Cristina teria para devolver a faixa presidencial ao seu marido.

Nas questões de governo, o executivo argentino está mais adiantado na criação de marcos regulatórios para a mídia e conseqüentemente o controle social dos veículos de comunicação. Por la, a guerra entre imprensa e governo é declarada, fontes oficiais não falam para a imprensa e esta não deixa barato contra o governo nos editoriais do “Clarin diário” e do “La Nacion”. Como será o governo de Cristina sem ele é uma incógnita porque apesar de ela ter feito uma carreira política prévia ela se deixou ofuscar pela forte presença de Nestor nos bastidores do governo

Nas questões sociais mais polêmicas a sociedade civil argentina também apresenta uma postura mais progressista do que a brasileira, lá por exemplo é permitida a união civil por pessoas do mesmo sexo e o congresso está muito próximo de aprovar a regulamentação do aborto naquele país. Na burocracia e na paixão pelo futebol Brasil e Argentina se assemelham bastante, contudo os argentinos têm evitado por motivos desconhecidos fazer comparações das seleções de futebol dos dois países.

*Renato Luz é discente do VI período de Jornalismo da UFRB e estagiário em construção de redes sociais do projeto Pedra do Cavalo.



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