HOMENAGEM PÓSTUMA EM VERSOS AO POETA DAMÁRIO DA CRUZ

CANTO À MEMÓRIA VIVA

     A Damário da Cruz meu e nosso amigo
                                       *Crispim Quirino


As palavras choram em mim como a chuva.
Todo o corpo é pranto,
em homenagem a Damário da Cruz, poeta baiano.
A poesia agora anda à solta.

Seu corpo pede paz e calma.
Não adiantemos o amanhã.


A Bahia em flores cala-se por sobre os ventos
para o poeta de “Todo o risco”.
A Bahia e Cachoeira – ambas de mãos dadas.

São cores que estão em outros planos,
cabeças, almas e céus jamais vistos.


Oh, deuses dos humanos! Por que são imortais
os pobres doentes por sobre luzes?
(Quem os fala?).


As palavras andam em coro:
falam, passeiam e choram, choram cantando.


- Saudades, poeta, saudades!

Saudades dos amigos eternos,
saudades.




*Crispim Quirino é poeta, universitáro do curso de Museologia da UFRB

Cachoeira, 21 de maio de 2010.

      ***


Damário, eu protesto


                                      *Pedro Borges

I

Discordo de ti, resisto crer,
Não comungo deste acordo,
Reajo-te a sorte,
É preciso dissentir
Do império da morte,
Tu sabias,
Vivestes dela o proêmio,
Desencanto encantado,
Não revelado,
Fez-te desaparecer.



II
Busco falar-te, contente,
Só o silêncio me responde,
Onde tu te escondes?
Não consigo te ver,
Ouvir-te!
É verdade? Existes?
Fala ou cala-te,
Para sempre,
Desististe,
Estou triste! Desapareceste!

III
Tens unção?
Verdades reveladas,
Reage agora,
Ressuscita!
Surpreende-nos!
Fazes esta revolução,
Falas ao Universo,
Falas a Allah, a Deus, a Adonai,
Pedi que faça cumprir em ti,
A eternidade da vida,
Instruída nas Escrituras Sagradas.


IV
Não credes? Eu sei...
Não és cristão? Não sei...
Vede! Não estou brincando, não!
O Salvador sustentou,
Fez constar no Evangelho de João,
Capítulo 8, versículo 51,
Capítulo 11, versículo 26,
A tua salvação.