domingo, 4 de abril de 2010

CACHOEIRA/BA: FILÓSOFO CONTESTA PROPAGANDA ANTICRACK DA BAHIA

A propaganda do Governo do Estado contra o crack, que aponta 80% dos homicídios da Bahia como derivados do crack, é alvo de duras críticas do professor de filosofia da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (Ufrb), Ricardo Henrique Andrade. Em artigo publicado no A tarde deste domingo (4), o docente argumenta que a publicidade oficial volta a colocar no mesmo saco os consumidores e traficantes da pedra, droga de alto efeito viciante e que é capaz de arruinar vidas em velocidade recorde, ao passo em que se recusa a tratar seriamente o problema do consumo de drogas, lícitas ou ilícitas. Para o filósofo, mais uma vez se usa de recursos de autoridades de números “no melhor estilo ‘pânico e terror’” para ludibriar o senso crítico. O professor traz ainda uma dúvida sobre a veracidade da informação. “(...)Sobre a autoria desta pesquisa: quem a assina? Quais foram os pesquisadores, a instituição ou comunidade científica que a realizou? Qual o grau de confiabilidade científica que possuem esses dados? Quem os aferiu? Sempre ouvi falar que a maioria absoluta dos homicídios não é sequer esclarecida pela polícia. E eis que agora já conhecemos de uma só vez o 'responsável' de pelo menos 80% deles!”, alega. Além disso, a publicidade não discute de quem é a responsabilidade pelos homicídios, se de quem os pratica e quem os sofre, e de que não há um público-alvo para a propaganda. “Para autoridades que falam abertamente em saneamento ao nomear suas ações, esta propaganda servirá para desviar a atenção da escandalosa afronta aos direitos humanos a que assistimos diariamente: a violência policial que é responsável pela morte de jovens negros e pobres na periferia.”

Um comentário:

  1. Muito mal raciocinado o texto com que o filósofo da UFRB questiona a propaganda do estado contra o crack, em cujo discurso a autoridade do governo assegura que 80% dos homicídios na Bahia têm origem na disputa da transação, na comercialização e uso do produto.Ante os questionamentos do filósofo, pondo em dúvida a fonte de pesquisa e estatística em que o governo se fundamenta para assegurar a informação de combate à mencionada droga, parece tratar-se de um afeiçoado do hábito. Aliás, a comunidade já sabe de alguns deles.
    É evidente que o governo tem responsabilidade para proceder ao anúncio. Não dispusesse da percentagem aferida e anunciada, ante a evidência e flagrante gravidade que a referida droga causa, quaisquer discursos procedem, quaisquer criatividades são válidas para combater o tráfico e o crescimento do número de usuários do crack.

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