Homem simples, sorriso largo e aparência frágil, mas, sobretudo, grande em sua arte. Francisco de Almeida é um ser raro de se encontrar, tão pura e bondosa é sua alma. Confesso que, se pudesse, guardaria-o dentro de um vidrinho, protegendo de todos os males, para que não se perca na vastidão do mundo...Quando a porta do apartamento 602, do prédio Copacabana, abriu para eu entrar, surpreende-me com uma simpática figura: boné virado para trás, macacão branco de alças soltas, camiseta amarelada e pés descalços. O artista Francisco de Almeida sorria feito uma criança, movendo os braços e contraindo os olhos de alegria. Assim, apressava-se em dizer- me: "por favor, moça, vamos entrando". Um afetuoso aperto de mão vem logo em seguida.Na casa tudo respira arte, tudo ressoa Francisco. Nas paredes, encontram-se suspensos quadros e matrizes xilográficas trabalhadas por ele. Próximo ao sofá, num cantinho bem no "pé da parede", uma Iemanjá de gesso nos espreita discretamente, dividindo espaço com outras santidades: um cordial Padre Cícero, uma linda Nossa Senhora de Fátima e um triste São Sebastião traspassado por uma flecha. Percebendo meu interesse pelas imagens, ressalta: "sou muito religioso". A sala é adornada também por fotografias dos três grandes amores da vida do artista: a avó "Mizinha", de 95 anos, a esposa Maria Eugênia e a pequena Talita, sua única sobrinha. A garota, cujo nome significa "cordeirinha", é como uma filha para ele.
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