por Crispim Quirino
Segundo o “Dicionário Moderno da Língua Portuguesa” de 1980 em sua 3° edição pela Editora RIDEEL LTDA, São Paulo, diz: “POESIA, s. f. Arte de escrever em versos; poético; composição poética pouco extensa; inspiração; o que desperta o sentimento do belo; caráter do que comove ou eleva a alma; aquilo que há de elevado ou comovente nas pessoas ou coisas; graça; atrativo; elevação nas idéias, no estilo”. E em seguida completa: “POETA, s. m. Aquele que faz versos, especialmente aquele que tem faculdades poéticas e se dedica à poesia; o que tem inspiração poética; aquele que devaneia, que tem caráter idealista; sonhador. /Bras. Nome que em algumas regiões do Sul do Brasil se dá ao indivíduo que fala bem, que é loquaz. /Fam. – Poeta de água doce: o mesmo que poetaço.” Ora, e se fizesse a seguinte pergunta: Nuno Gonçalves é poeta? A poesia não procura fronteira, ela é um mar na canoa. Em seu novo livro Cartas de Navegação editado pela Fortaleza: Expressão Gráfica Editora, 2009, junto a João de Moraes Filho, com o título Em nome dos raios pela Bahia: Expressão Gráfica Editora, 2009, mostra em seu poema, escuta do tempo, o seguinte: “os vestígios / do que um dia de sol e litígios / foi: fosso & abrigo”. E mais, em primeira lição da tristeza: “pois também de dias tristes é feita a vida” como um apanhar o leitor desprevenido. Esse é o poeta Nuno Gonçalves que “na calma das tardes aprendi com os pássaros a me alimentar de sementes”. E a pergunta insiste, mas com outra face, é poeta mesmo a poesia? Seu livro desperta o interesse daqueles que sentem na alma a saudade de algum lugar, como bem ele nos mostra em seu poema, canção da chuva e do vento, de elevação no estilo quase que incomum, expressando um sentimento interior: “tudo o que eu queria hoje era voltar para casa”, de maneira que “em direção à primavera perdida e ao silêncio das folhas caindo”. Ora, se a poesia é a arte de escrever em versos e é também composição poética pouco extensa, o que se falar de “tudo o que eu queria era voltar a ser o que nunca fui”? Nuno Gonçalves é isso aí, segundo João de Moraes em seu poema Antes do silêncio dedicado a Jotacê Freitas, mas servindo como citação de uma arte que se faz visível nesse Pajé da tribo: “O céu laranja no fim do dia / esquece o suor / do preto desse café, / tão esperado na chuva do sertão”.
Portanto, Cartas de navegação é uma viagem ao passado em busca da memória que ficou presa na poeira. É, no cantar de Homero em a Odisséia, pela Martin Claret, Série Ouro; Coleção a obra-prima de cada autor, São Paulo, 2006, p: 27: “Canta, ó Musa¹, o varão² que astucioso, / Rasa Ílion santa³, errou de clima em clima, / Viu de muitas nações costumes vários”. A poesia para Nuno é como se fosse, segundo Herculano Neto ganhador do Prêmio Braskem Cultura e Arte, 2008, com o seu livro Cinema, editado pela Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado, p: 21: “para dizer sem dizer”. Enfim, falar de poesia sem citar esse filho do Ceará é falar de poesia sem falar do Ceará lugar no qual ele tanto venera: sua terra, suas borboletas, suas dunas, sua aldeota, etc. A literatura desse poeta, como dizia Carlos Drummond de Andrade, em Poesia completa; 1 ed., 3. impr. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007, p: 158: “De tudo ficou um pouco. / Do meu medo. Do teu asco. / Dos gritos gagos. / Da rosa / ficou um pouco”. E mais: “E de tudo fica um pouco. / Oh abre os vidros de loção / e abafa / o insuportável mau cheiro da memória”. (...) Ademais, Cartas de navegação navega pelo ar.
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¹ Musa: uma das filhas de Zeus (Júpiter) e de Mnemósine. As musas eram nove: Calíope, Clio, Melpômene, Talia, Euterpe, Terpsícore, Érato, Polínia e Urânia. Elas protegiam as artes, as ciências e as letras.
² Varão: homem respeitável, no caso Ulisses.
³ Rasa Ílion santa: DEVASTA Ílion sagrada, Ílion é a cidade de Tróia (em romano), capital de Tróade, que foi devastada por Hércules, e uma segunda vez pelos gregos, na conhecida Guerra de Tróia. Ulisses foi um dos heróis gregos que lutaram nessa guerra.
Segundo o “Dicionário Moderno da Língua Portuguesa” de 1980 em sua 3° edição pela Editora RIDEEL LTDA, São Paulo, diz: “POESIA, s. f. Arte de escrever em versos; poético; composição poética pouco extensa; inspiração; o que desperta o sentimento do belo; caráter do que comove ou eleva a alma; aquilo que há de elevado ou comovente nas pessoas ou coisas; graça; atrativo; elevação nas idéias, no estilo”. E em seguida completa: “POETA, s. m. Aquele que faz versos, especialmente aquele que tem faculdades poéticas e se dedica à poesia; o que tem inspiração poética; aquele que devaneia, que tem caráter idealista; sonhador. /Bras. Nome que em algumas regiões do Sul do Brasil se dá ao indivíduo que fala bem, que é loquaz. /Fam. – Poeta de água doce: o mesmo que poetaço.” Ora, e se fizesse a seguinte pergunta: Nuno Gonçalves é poeta? A poesia não procura fronteira, ela é um mar na canoa. Em seu novo livro Cartas de Navegação editado pela Fortaleza: Expressão Gráfica Editora, 2009, junto a João de Moraes Filho, com o título Em nome dos raios pela Bahia: Expressão Gráfica Editora, 2009, mostra em seu poema, escuta do tempo, o seguinte: “os vestígios / do que um dia de sol e litígios / foi: fosso & abrigo”. E mais, em primeira lição da tristeza: “pois também de dias tristes é feita a vida” como um apanhar o leitor desprevenido. Esse é o poeta Nuno Gonçalves que “na calma das tardes aprendi com os pássaros a me alimentar de sementes”. E a pergunta insiste, mas com outra face, é poeta mesmo a poesia? Seu livro desperta o interesse daqueles que sentem na alma a saudade de algum lugar, como bem ele nos mostra em seu poema, canção da chuva e do vento, de elevação no estilo quase que incomum, expressando um sentimento interior: “tudo o que eu queria hoje era voltar para casa”, de maneira que “em direção à primavera perdida e ao silêncio das folhas caindo”. Ora, se a poesia é a arte de escrever em versos e é também composição poética pouco extensa, o que se falar de “tudo o que eu queria era voltar a ser o que nunca fui”? Nuno Gonçalves é isso aí, segundo João de Moraes em seu poema Antes do silêncio dedicado a Jotacê Freitas, mas servindo como citação de uma arte que se faz visível nesse Pajé da tribo: “O céu laranja no fim do dia / esquece o suor / do preto desse café, / tão esperado na chuva do sertão”.
Portanto, Cartas de navegação é uma viagem ao passado em busca da memória que ficou presa na poeira. É, no cantar de Homero em a Odisséia, pela Martin Claret, Série Ouro; Coleção a obra-prima de cada autor, São Paulo, 2006, p: 27: “Canta, ó Musa¹, o varão² que astucioso, / Rasa Ílion santa³, errou de clima em clima, / Viu de muitas nações costumes vários”. A poesia para Nuno é como se fosse, segundo Herculano Neto ganhador do Prêmio Braskem Cultura e Arte, 2008, com o seu livro Cinema, editado pela Salvador: Fundação Casa de Jorge Amado, p: 21: “para dizer sem dizer”. Enfim, falar de poesia sem citar esse filho do Ceará é falar de poesia sem falar do Ceará lugar no qual ele tanto venera: sua terra, suas borboletas, suas dunas, sua aldeota, etc. A literatura desse poeta, como dizia Carlos Drummond de Andrade, em Poesia completa; 1 ed., 3. impr. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007, p: 158: “De tudo ficou um pouco. / Do meu medo. Do teu asco. / Dos gritos gagos. / Da rosa / ficou um pouco”. E mais: “E de tudo fica um pouco. / Oh abre os vidros de loção / e abafa / o insuportável mau cheiro da memória”. (...) Ademais, Cartas de navegação navega pelo ar.
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¹ Musa: uma das filhas de Zeus (Júpiter) e de Mnemósine. As musas eram nove: Calíope, Clio, Melpômene, Talia, Euterpe, Terpsícore, Érato, Polínia e Urânia. Elas protegiam as artes, as ciências e as letras.
² Varão: homem respeitável, no caso Ulisses.
³ Rasa Ílion santa: DEVASTA Ílion sagrada, Ílion é a cidade de Tróia (em romano), capital de Tróade, que foi devastada por Hércules, e uma segunda vez pelos gregos, na conhecida Guerra de Tróia. Ulisses foi um dos heróis gregos que lutaram nessa guerra.
Admiro muito o poeta Nuno Gonçalves. Também já li o seu mais recente livro. O autor deste artigo, também poeta - Quirino fez muito bem em ressaltar valores que falam a nossa alma. Parabéns!
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