sábado, 14 de outubro de 2017

1964 - TRECHOS DOS JORNAIS DA ÉPOCA:

(antes do governo contra-revolucionário)


"O ex-governador gaúcho pregou a necessidade de uma saída pacífica para "este impasse a que chegamos", sugerindo "uma Constituinte para a eleição de um Congresso popular, um Congresso onde se encontrem trabalhadores e camponeses, onde se encontrem muitos sargentos e oficiais nacionalistas.
Em Brasília, os líderes oposicionistas Bilac Pinto e Pedro Aleixo consideraram subversivas e violadoras da lei as palavras do Sr. Leonel Brizola, estranhando que os Ministros militares, presentes ao palanque da Praça Cristiano Otôni não o houvessem preso em flagrante. O Sr. João Goulart considerou "bom" o discurso do ex-governador gaúcho. (...)" Jornal do Brasil, 14 de março de 1964.
 
"Pois não pode mais ter amparo legal quem no exercício da Presidência da República, violando o Código Penal Militar, comparece a uma reunião de sargentos para pronunciar discurso altamente demagógico e de incitamento à divisão das Forças Armadas. (...)"- Jornal do Brasil, 31 de março de 1964.
 
"Agora se decidirá se nós conseguiremos superar a terrível crise provocada pela inflação, pelos desajustes sociais, pelo descalabro econômico-financeiro, sem perda de nossas instituições livres, ou se, contrário, uma ditadura esquerdista se apossará do País, graças, principalmente, ao enfraquecimento e progressivo desaparecimento das Forças Armadas. {...)" O Globo, 31 de março de 1964.
  
"Quem chegasse às 8h30m da noite de ontem ao Edifício do Jornal e da Rádio Jornal do Brasil não poderia entrar pois encontraria na porta, metralhadora em punho, um fuzileiro naval. E se olhasse pela parede de vidro dos estúdios da Rádio teria a impressão de assistir a um filme de gangsters: quatro outros fuzileiros, comandados pelo Tenente Arinos, moviam-se como gorilas pelo estúdio, seus movimentos tolhidos pelas metralhadoras que ameaçavam microfones, painéis de instrumentos e os funcionários, estupefatos com aquela irrupção de selvajaria tecnológica em plena Avenida Rio Branco.

Era o Brasil regredindo ao estado de republiqueta latino-americana. Os fuzileiros navais, ao chegarem, dispararam dois tiros para o ar diante do prédio e entraram de metralhadoras em punho, pistolas na cinta, até o 5o andar. "

" Quem estimula a indisciplina de marujos e fuzileiros e depois os transforma em bandidos e em seguida em pobres diabos pilhados em flagrante?
A partir de 13 de março o Sr. João Goulart tem injuriado muitos, em muito pouco tempo. Agora, ao que tudo indica, já lhe resta muito pouco tempo para injuriar quem quer que seja." Jornal do Brasil, 1 de abril de 1964.
  
"Queremos que o Sr. João Goulart devolva ao Congresso, devolva ao povo o mandato que êle não soube honrar.

Nós do Correio da Manhã defendemos intransigentemente em agosto e setembro de 1961 a posse do Sr. João Goulart, a fim de manter a legalidade constitucional. Hoje, como ontem, queremos preservar a Constituição. O Sr. João Goulart deve entregar o Governo ao seu sucessor, porque não pode mais governar o país.

A Nação, a democracia e a liberdade estão em perigo. O povo saberá defendê-las. Nós continuaremos a defendê-las." Correio da Manhã, 1 de abril de 1964.

"Atualmente, no presente governo, que ainda se diz democrata, a ideologia marxista e mesmo a militância comunista indisfarçada constituem recomendação especial aos olhos do governo. Como se já estivéssemos em pleno regime "marxista-leninista", com que sonham os que desejam incluir sua pátria no grande império soviético, às ordens do Kremlin. (...)" Diário de Notícias, 1 de abril de 1964.


"Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram de seus inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Armadas, fiéis ao dispositivo constitucional que as obriga a defender a Pátria e a garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem, não confundiram a sua relevante missão com a servil obediência ao Chefe de apenas um daqueles poderes, o Executivo.(...)" O Globo, 2 de abril de 1964
  
"Dezenas de automóveis trafegaram pelo centro da cidade, tocando suas businas, em sinal de alegria pela vitória da democracia em todo o País. As estações de rádio e televisão, que estavam sob censura, iniciaram suas transmissões normais, pouco depois das 17 horas. Os contingentes de fuzileiros navais que ocupavam as redações de alguns jornais, foram recolhidos aos quartéis.

Por volta das 17,15, o Forte de Copacabana anunciava, com uma salva de canhão, a aproximação das tropas do general Amauri Kruel, que atingiria o Estado da Guanabara às últimas horas da noite de ontem.

A população de Copacabana saiu ás ruas, em verdadeiro Carnaval, saudando as tropas do Exército. Chuvas de papéis picados caíam das janelas dos edifícios enquanto o povo dava vazão, nas ruas, ao seu contentamento. (...)" O Dia, 2 de abril de 1964.  


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