ACONTECEU NA CIDADE DE SÃO PAULO
Lula diz a Temer que Supremo está 'acovardado'
Em encontro no Hospital Sírio Libanês,
ex-presidente falou sobre reação do STF diante das investigações da Lava
Jato; ele repetiu expressão usada em conversa com Dilma Rousseff
O ex-presidente afirmou que as instituições estão desacreditadas e que o País passa por um momento muito difícil. Apesar de defender o diálogo, disse que as divergências políticas ainda são um obstáculo para o entendimento. Mais cedo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso já tinha estado no hospital para prestar solidariedade a Lula.
Ao observar que o Supremo estava acovardado, Lula repetiu expressão usada em uma conversa por telefone com a ex-presidente Dilma Rousseff, em março do ano passado, após ser levado coercitivamente para depor, pela Polícia Federal. No diálogo, que acabou vazado, o ex-presidente afirmou que estava assustado com a "República de Curitiba".
Na noite de quinta-feira, Temer mais ouviu do que falou. Lula disse concordar com mudanças na Previdência, sob a alegação de que, se nada for feito agora, haverá uma reforma a cada geração. Diante do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, porém, ele cobrou a redução dos juros.
"Não dá para ficar com juros de 8% ao mês no cartão de crédito", afirmou ele. "Eu vivia falando: Guido, esses juros têm de baixar", emendou, numa referência a Guido Mantega, ministro da Fazenda em seu governo. A resposta foi curta. "Nós estamos fazendo isso", observou o presidente. "Reduzimos os juros."
Temer chegou ao Sírio Libanês por volta das 22h30. Ficou muito aborrecido com as hostilidades e xingamentos de militantes petistas, não previstos por sua segurança.
A maioria dos presentes ficou de pé e Lula não foi interrompido. Estavam lá, ainda, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), José Serra (Relações Exteriores), Helder Barbalho (Integração) e Dyogo Oliveira (Planejamento). O petista Jaques Wagner, que foi titular da Casa Civil no governo Dilma Rousseff, também ouviu o discurso de Lula.
A conversa com Temer, como de costume cerimonioso, terminou em tom cordial. Os ministros, senadores e deputados que acompanharam Temer seguiram para São Paulo no avião presidencial de reserva, já que o Airbus está em manutenção. A viagem foi tão concorrida que a aeronave não tinha lugar vago. Todos chegaram a Brasília de volta na madrugada desta sexta-feira, 3/1/2017.
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