Alerta aos Jovens
Paiva Netto
Tóxicos: “Carta de um filho para o
pai”
Nos idos de
1980, apresentei, na Super Rede Boa Vontade de Comunicação* (rádio, TV e
publicações, hoje, o fazemos também pela internet), “Carta de um filho para o
pai”, publicada em O Imparcial, de Monte Alto/SP. Nela, um
jovem de 19 anos, usuário de entorpecentes, escreve um bilhete de adeus ao seu
genitor. Diante da comoção dos ouvintes, determinei que o texto fosse impresso
em diferentes idiomas. É indispensável o esclarecimento dos pais. Nas passeatas
e panfletagens, em conferências, na rádio e na TV, os orientamos a prestar
maior atenção ao cotidiano dos filhos, suas amizades, dúvidas, ambientes que
frequentam. O caso é verídico, aconteceu num hospital de São Paulo/SP:
“Acho
que neste mundo ninguém procurou descrever seu próprio cemitério. Não sei como
meu pai vai receber este relato, mas preciso de todas as forças enquanto é
tempo. Sinto muito, meu pai, acho que este diálogo é o último que tenho com o
senhor. Sinto muito, mesmo... Sabe, pai, está em tempo de o senhor saber a
verdade de que nunca desconfiou. Vou ser breve e claro, bastante objetivo.
“O
tóxico me matou. Travei conhecimento com meu assassino aos 15 anos de idade. É
horrível, não, pai? Sabe como conheci essa desgraça? Por meio de um cidadão
elegantemente vestido, bem elegante mesmo, e bem-falante, que me apresentou ao
meu futuro assassino: a droga.
“Eu
tentei recusar, tentei mesmo, mas o cidadão mexeu com o meu brio, dizendo que
eu não era homem. Não é preciso dizer mais nada, não é, pai? Ingressei no mundo
do vício.
“No
começo foi o devaneio; depois as torturas, a escuridão. Não fazia nada sem que
o tóxico estivesse presente. Em seguida, veio a falta de ar, o medo, as
alucinações. E logo após a euforia do pico, novamente eu me sentia mais gente
do que as outras pessoas, e o tóxico, meu amigo inseparável, sorria, sorria.
“Sabe,
meu pai, a gente, quando começa, acha tudo ridículo e muito engraçado. Até Deus
eu achava cômico. Hoje, no leito de um hospital, reconheço que Deus é mais
importante que tudo no mundo. E que sem a Sua ajuda eu não estaria escrevendo
esta carta. Pai, eu só estou com 19 anos, e sei que não tenho a menor chance de
viver. É muito tarde para mim. Mas ao senhor, meu pai, tenho um último pedido a
fazer: mostre esta carta a todos os jovens que o senhor conhece. Diga-lhes que
em cada porta de escola, em cada cursinho de faculdade, em qualquer lugar, há
sempre um homem elegantemente vestido e bem-falante que irá mostrar-lhes o
futuro assassino e destruidor de suas vidas e que os levará à loucura e à
morte, como aconteceu comigo. Por favor, faça isso, meu pai, antes que seja
tarde demais para eles.
“Perdoe-me,
pai... já sofri demais, perdoe-me também por fazê-lo padecer pelas minhas
loucuras.
“Adeus,
meu pai”.
*
* *
Algum tempo após escrever essa carta,
o jovem morreu.
Eis por que
fraternalmente advertimos: Cuidemos bem de nossa juventude, como o faz a Legião
da Boa Vontade, porque a nenhum de nós interessa ter amanhã uma pátria de
drogados, bêbados e frustrados. Queremos, isto sim, uma geração, uma
civilização de homens e mulheres, jovens e crianças honrados, realizadores no
Bem, amantes da Paz, da Verdade e da Justiça. É por isso que a LBV trabalha
incessantemente.
A propensão
dos jovens é acreditar e batalhar pelo futuro. Graças a Deus!
Ainda bem!
José de Paiva Netto, jornalista,
radialista e escritor.
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