As referências à fé foram frequentes durante os discursos dos
deputados na votação do processo de impeachment na Câmara, mas o
posicionamento não agradou representantes de entidades religiosas no
Brasil que desejavam ver o tema afastado da política. Em entrevista à
Agência Brasil, a presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do
Brasil (Conic), Romi Bencke, afirmou que os discursos distorcem o
sentido das religiões. “Infelizmente, vimos que os parlamentares que se
pronunciaram em nome de Deus, ao longo do mandato, se manifestam contra
mulheres, defendem a agenda do agronegócio e assim por diante. Nos
preocupa bastante o fato de Deus ser invocado na defesa de pautas
conservadoras", disse. Para o teólogo Leonardo Boff, que já foi
sacerdote da Igreja Católica, as referências à religião colocaram o tema
central do impeachment em segundo plano. "Poucas vezes se ofendeu tanto
o segundo mandamento da lei de Deus que proíbe usar o santo nome de
Deus em vão”, argumentou. Entre os pronunciamentos dos mais de 500
deputados no domingo (17), a palavra 'Deus' foi citada 59 vezes, quase o
mesmo número que 'corrupção' falada 65 vezes. Presidente da Câmara, o
evangélico Eduardo Cunha (PMDB-RJ) também usou a religião para dar seu
voto: "Que Deus tenha misericórdia desta Nação", disse.
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