Ilustração
Na república brasileira, algumas cartas marcaram a história e, dentre essas, a que o vice-presidente Michel Temer encaminhou à presidente Dilma que, pelo conteúdo, só foi procurado no momento das incertezas e nas dificuldades que a presidente experimentou e que ora experimenta. Trata-se de um documento em que o vice Temer não chega aos prantos, mas, em alguns momentos, ele sentiu o amargor e o engoliu calado. Somente agora, ele expõe quando Dilma o procura para tê-lo como uma segurança para não chegar ao impeachment. A começar pelo início do documento encaminhado, Temer anota: “passei os quatro primeiros anos do governo com vice decorativo. A Senhora sabe disso. Perdi todo o protagonismo político que tivera no passado e que poderia ter sido usado pelo governo. Só era chamado para resolver as votações do PMDB e as crises políticas.” Em sequência, amargurado ainda mais, o vice Michel Temer dá o troco: “Jamais eu e o PMDB fomos chamados para discutir formulações econômicas ou políticas do país; éramos meros acessórios, secundários e subsidiários”. Por aí segue o vice despejando suas mágoas que o tocaram durante o primeiro período do governo. Agora, na necessidade, a presidente Dilma Rousseff o procura quando, na verdade, o tempo se findou, pelo menos para grande parte do PMDB que seguramente acompanhará o presidente da legenda. A carta de Michel Temer é um documento que deveria tocar na alma de Dilma, porque a coloca numa situação insustentável. Ao concluí-lo, o vice deixa o que lhe cabia fazer, ao comunicar a Rousseff: “Passados estes momentos críticos, tenho a certeza de que o país terá tranqüilidade para crescer e consolidar as conquistas sociais. Finalmente, sei que a senhora não tem confiança em mim e no PMDB, hoje, e não terá amanhã. Lamento, mas esta é a minha convicção.” A presidente Dilma, em suma, colhe agora o que plantou. Ela perde, assim, uma grande parte do PMDB que não marchará com ela, por ter sido, durante o seu primeiro mandato de uma prepotência absurda. Não terá o apoio do seu vice-presidente enquanto o impeachment a cerca e a deixa numa situação irremediável.
Fonte: Bahia Notícias/por Samuel Celestino
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