Cachoeira sem juiz
A derrota de um Movimento da
sociedade imposta pela própria Corte de (In) Justiça baiana
Fórum Teixeira de Freitas em Cachoeira/Bahia |
A designação e a remoção dos
juízes da comarca
O Movimento Cachoeira,
Justiça e Paz lutou pela não extinção da comarca da Cachoeira ou a não agregação à de Maragogipe. Lutou pela designação de mais um juiz e de um juiz
conciliador, com que a comarca passou a ser servida por três magistrados,
gerando a expectativa de que os inúmeros processos pendentes de julgamento e
sem tramitação no Fórum Teixeira de Freitas retomassem a via da normalidade,
saíssem da faixa da dilação.
Com prova documental, audiências com desembargadores, a
determinação do TJ se deveu à campanha levada a público pelo Dr. Nélson Aragão
Filho e pelo Dr. Claudio Almeida dos Anjos, através do Movimento Cachoeira,
Justiça e Paz.
O TJ recuou, não só removeu
o juiz Dr. Gustavo Nunes Vera, mas também o recém-nomeado Dr.Valnei Mota Alves
de Souza, para outras comarcas.
Na verdade, sob o ponto de
vista prático, nem a designação nem a remoção dos mencionados
magistrados fizeram quaisquer diferenças em relação a julgamentos e a produção de sentenças sobre os
processos que permanecem inertes nas prateleiras dos cartórios cível e
criminal do Fórum Teixeira de Freitas da
Cachoeira. Tudo prossegue com antes, nada funciona, não se tem conhecimento da
produção de sentenças pelos magistrados, nem de conciliações sob a direção do
novo juiz designado para esta finalidade. Saem, sim, sentenças para libertar
dos cárceres marginais de reconhecida periculosidade, assaltantes à mão armada,
assassinos, os quais voltam a povoar as fortalezas do tráfico na cidade e
região.
Vale ressaltar, na linha
deste raciocínio, jovens vítimas das drogas, mas reconhecidamente inofensivos, sadios,
alegres, estudantes, tendo contra si a gravidade do uso de entorpecente,
abordados e presos, há aproximadamente dois meses, por policiais, em Cachoeira,
prosseguem no cárcere passando por privações, constrangimentos e humilhações,
enquanto que os verdadeiros e temíveis traficantes, todos amplamente conhecidos e identificados pela própria polícia, meliantes fortemente armados, continuam em plena liberdade, nas fortalezas do tráfico, na cidade, comandando
assaltos, roubos e assassinatos, na região.
A autoridade judiciária, MP
e juiz, resistem expedir o alvará de soltura dos jovens, em
referência, cuja prisão já ultrapassa a fase prevista em
lei, dando a entender que a qualquer momento os referidos jovens podem ser
recambiados para a penitenciária, em Salvador, exatamente como se os mesmos
fossem iguais aos temíveis lordes das drogas, os quais comandam quartéis
sortidos com poderoso armamento municiado para operações de assaltos,
assassinatos, e enfrentamento com a polícia, com que ao invés de solucionar o
problema, o ornam muito mais grave.
E tudo isso, sem a
manifestação do menor apreço às Ações dos cidadãos de bem, cujos processos
permanecem sem tramitação, sem sentenças dos magistrados, inclusive as que já
cumpriram as solenidades do rito jurídico. É evidente que a designação de mais
dois magistrados, com que a comarca passou a ter três autoridades judiciárias
na corte das decisões, só teria sentido caso eles procedessem ao julgamento,
operacionalizassem e produzissem sentenças, com que desobstruiriam o grande número
de processos que aguardam cumprimento, há anos, acumulados nos arquivos dos
cartórios do referido Fórum, exatamente porque os juízes anteriores, tiveram o
mesmo procedimento.
A Cachoeira nunca
deixou de ter juiz, mesmo quando assistida por magistrados de outras comarcas. Houve períodos em que também contava com dois magistrados,
um para crime outro para o cível. O acúmulo de tantos processos tantos anos sem
julgamento, remete a uma estrutura de extrema gravidade, que ainda não foi
investigada na comarca da Cachoeira. Tomara que os futuros juízes produzam
as sentenças reclamadas, sem retaliações. E façam justiça, corrigindo também os
danos gerados pela dilação!
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