AGOSTO DO BLUES em CACHOEIRA
Gênero musical de fama internacional
o “Blues” vai ser revivido em Cachoeira, neste sábado, em shows sucessivos na
praça pública e o Cine Theatro Cachoeirano, na Praça da Liberdade, às 20h
O mencionado evento cultural
resulta da pesquisa realizada pelo comunicador Marcos Moura, o qual identificou
que a origem do famoso gênero musical está
também nas manifestações religiosas em Cachoeira, preservadas sobretudo nos
terreiros das religiões de matrizes africanas. No cativeiro, vozes do sofrimento,
da tristeza e das dores, seguidas por vozes da esperança, se sucediam nos
campos de plantação de algodão, cana de açúcar e nas senzalas da Cachoeira.
A celebração da secular da Irmandade
da Boa Morte, no mês de agosto de cada ano, incorpora a memória e os sentimentos do gênero musical Blues.
“Blues e Boa Morte, origens
negras, cânticos negros e religiosidade negra, em uma terra de filhos negros em
sua maioria, por isso, acreditamos na possibilidade de apresentarmos o Música
Blues aos descendentes cachoeiranos e visitantes”, diz o radialista Marcos
Moura, organizador do evento.
Histórico
O Blues no início
representava a expressão cultural através da música de uma minoria. Sua origem
está essencialmente ligada a população negra americana. Com simplicidade,
sensualidade, poesia, humor e ironia, o Blues pode ser visto como um reflexo
das qualidades e as atitudes dos negros Americanos por mais de um século.
A definição e o mais
importante sobre o Blues é seu significado além da música, que é uma referência
a um estado de espírito. Mas a expressão "O Blues" (The Blues) não se
popularizou antes do término da Guerra Civil Americana, quando sua essência passou
a ser vista como um meio de descrever o estado de espírito da população
afro-americana. Costumava-se dizer que os negros cantavam este tipo de música
para tentar se verem livres da tristeza (blues).
Muitos sabem que o Blues
teve como berço o Delta do Mississipi, no entanto, a grande maioria pensa que
foi nas vizinhanças de Nova Orleans. Errado: este foi o berço do jazz. O Delta
que os bluesmen se referem, como uma espécie de país místico, é o delta
lamacento do rio Yazoo, que junta sua águas às do rio Mississipi nas
proximidades de Vicksburg, região de inundações onde camadas de lama vão se
depositando a cada primavera.
Esta região possuía terras
ricas para o plantio de algodão, e por isso, ali vivia uma densa população
afro-americana, que servia como mão-de-obra escrava das lavouras.
Para aliviar o sofrimento e
amenizar o trabalho nos campos, os escravos desenvolveram os cantos de trabalho
(work songs) que se tratavam de lamentos em forma de gritos melancólicos
ritmados pela enxada, martelos e machados. Como não podiam tocar nenhum
instrumento, pois os brancos receavam que fosse usado como códigos, incitando à
rebelião, a voz se tornou o principal – senão o único – instrumento musical dos
negros.
Com a abolição da
escravatura, prevaleceu o regime de semi-escravidão, sendo os meeiros vilmente
explorados pelos brancos proprietários. No entanto, a pouca liberdade concedida
foi suficiente para o contato com a música e o surgimento das juke joints,
também conhecidas como barrelhouses, que eram casas noturnas onde se vendiam
bebidas clandestinas e tinham um palco tosco para apresentação dos músicos
locais.
A partir de então, o blues
começou a tomar forma e se popularizar. Foi quando surgiram grandes nomes e
artistas como Robert Jonhson, considerado por muitos o verdadeiro rei do blues
do Delta. O estilo veio de uma região
na parte sul do Mississippi, romanticamente denominada "O lugar onde o
blues nasceu". Foi o primeiro estilo que pôde contar com a gravação de
suas músicas por parte de indústrias fonográficas. Embora muitos artistas do
Delta tocassem com uma banda, poucos gravaram desta maneira. A maioria das
gravações entre 1920 e 1930 consiste em trabalhos solo, com acompanhamento
apenas de violão.
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