terça-feira, 25 de agosto de 2015

NA BAHIA

 AGOSTO DO BLUES em CACHOEIRA

Gênero musical de fama internacional o “Blues” vai ser revivido em Cachoeira, neste sábado, em shows sucessivos na praça pública e o Cine Theatro Cachoeirano, na Praça da Liberdade, às 20h

O mencionado evento cultural resulta da pesquisa realizada pelo comunicador Marcos Moura, o qual identificou que a origem do famoso gênero musical  está também nas manifestações religiosas em Cachoeira, preservadas sobretudo nos terreiros das religiões de matrizes africanas. No cativeiro, vozes do sofrimento, da tristeza e das dores, seguidas por vozes da esperança, se sucediam nos campos de plantação de algodão, cana de açúcar e nas senzalas da Cachoeira.

A celebração da secular da Irmandade da Boa Morte, no mês de agosto de cada ano, incorpora a memória  e os sentimentos do gênero musical Blues.

“Blues e Boa Morte, origens negras, cânticos negros e religiosidade negra, em uma terra de filhos negros em sua maioria, por isso, acreditamos na possibilidade de apresentarmos o Música Blues aos descendentes cachoeiranos e visitantes”, diz o radialista Marcos Moura, organizador do evento.

Histórico
 
O Blues no início representava a expressão cultural através da música de uma minoria. Sua origem está essencialmente ligada a população negra americana. Com simplicidade, sensualidade, poesia, humor e ironia, o Blues pode ser visto como um reflexo das qualidades e as atitudes dos negros Americanos por mais de um século.

A definição e o mais importante sobre o Blues é seu significado além da música, que é uma referência a um estado de espírito. Mas a expressão "O Blues" (The Blues) não se popularizou antes do término da Guerra Civil Americana, quando sua essência passou a ser vista como um meio de descrever o estado de espírito da população afro-americana. Costumava-se dizer que os negros cantavam este tipo de música para tentar se verem livres da tristeza (blues).

Muitos sabem que o Blues teve como berço o Delta do Mississipi, no entanto, a grande maioria pensa que foi nas vizinhanças de Nova Orleans. Errado: este foi o berço do jazz. O Delta que os bluesmen se referem, como uma espécie de país místico, é o delta lamacento do rio Yazoo, que junta sua águas às do rio Mississipi nas proximidades de Vicksburg, região de inundações onde camadas de lama vão se depositando a cada primavera.

Esta região possuía terras ricas para o plantio de algodão, e por isso, ali vivia uma densa população afro-americana, que servia como mão-de-obra escrava das lavouras.

Para aliviar o sofrimento e amenizar o trabalho nos campos, os escravos desenvolveram os cantos de trabalho (work songs) que se tratavam de lamentos em forma de gritos melancólicos ritmados pela enxada, martelos e machados. Como não podiam tocar nenhum instrumento, pois os brancos receavam que fosse usado como códigos, incitando à rebelião, a voz se tornou o principal – senão o único – instrumento musical dos negros.
Com a abolição da escravatura, prevaleceu o regime de semi-escravidão, sendo os meeiros vilmente explorados pelos brancos proprietários. No entanto, a pouca liberdade concedida foi suficiente para o contato com a música e o surgimento das juke joints, também conhecidas como barrelhouses, que eram casas noturnas onde se vendiam bebidas clandestinas e tinham um palco tosco para apresentação dos músicos locais.

A partir de então, o blues começou a tomar forma e se popularizar. Foi quando surgiram grandes nomes e artistas como Robert Jonhson, considerado por muitos o verdadeiro rei do blues do Delta. O estilo veio de uma região na parte sul do Mississippi, romanticamente denominada "O lugar onde o blues nasceu". Foi o primeiro estilo que pôde contar com a gravação de suas músicas por parte de indústrias fonográficas. Embora muitos artistas do Delta tocassem com uma banda, poucos gravaram desta maneira. A maioria das gravações entre 1920 e 1930 consiste em trabalhos solo, com acompanhamento apenas de violão.

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