quinta-feira, 28 de maio de 2015

SER HUMANO: UMA ESPÉCIE EM EXTINÇÃO



 Paiva Netto

Aristóteles (384-322 a.C.) afirma que o homem é um animal racional. Consagrada a definição, torna-se imperioso dar maior abrangência ao debate ecológico, acostumado a privilegiar a fauna e a flora. O ser humano precisa estar inserido nessa discussão, visto que, com seu Espírito Eterno, é a criatura mais importante da Terra. Muitos querem salvar a Amazônia, contudo quantos se preocupam em salvar nossas crianças?

A Legião da Boa Vontade nunca foi contrária ao progresso, todavia condena a poluição dos mananciais e das praias, a derrubada das florestas, o emporcalhamento dos campos, enfim, as agressões ao meio ambiente. Porque entende que a destruição da Natureza é a extinção da Raça Humana, pois, a todo momento, em diferentes países, o homem, na ânsia de enriquecer a qualquer preço, cava a própria sepultura. O Profeta Isaías já fazia no Velho Testamento da Bíblia Sagrada uma advertência nos versículos cinco e seis do capítulo 24 do seu Livro:
(...) 5 Na verdade a terra está contaminada por causa dos seus moradores, porquanto transgridem as leis, violam os estatutos e quebram a aliança eterna.
6 Por isso, a maldição consome a terra, e os que habitam nela se tornam culpados; por esse fato, serão queimados os moradores da terra, e poucos homens restarão”.

O sexto versículo, uma antevisão milenar, aponta um conflito atômico, hipótese viável numa sociedade que já deflagrou duas guerras mundiais e pouco respeito dá à terra, da qual o Homem, desde o seu nascimento, retira seu sustento. Este planeta é a habitação comum dos povos. O ser humano e seu Espírito Eterno não são criações à parte da Natureza, mas seus expoentes. A riqueza deste orbe é sua Humanidade, visível e invisível, ecologicamente conciliada com a fauna e a flora, com todo o meio ambiente. A propósito, cabe lembrar o soneto do grande poeta e Fundador da LBV, Alziro Zarur (1914-1979):

A Suprema Vergonha

Mãe Natureza, eu — Poeta — sou teu filho,/ E em teu piedoso seio, calmo, ingresso./ Basta-me olhar-te, e a vislumbrar começo/ A miséria sem fim do humano trilho.
Dessa contemplação eis que regresso,/ E, ó Mãe Perfeita, vê quanto eu me humilho:/ Só o homem maculou esse teu brilho/ Com a cínica mentira do progresso!
Ante a tua bondade intraduzível,/ Serenissimamente inconsuntível,/ As humanas grandezas todas somem...
E, ó Mãe Natura, se algo me envergonha/ Ao contemplar-te, Mãe, eis a vergonha:/ É a suprema vergonha de ser homem!

(...) O homem tem-se colocado nessa posição, da qual terá obrigatoriamente de sair pelo próprio esforço e merecimento, para não se transformar em uma “espécie em extinção”. Todo dia é dia de renovar nosso destino. A Vida sempre vence.


José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.



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