terça-feira, 21 de abril de 2015

A COMUNICAÇÃO VISUAL E O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO SUSTENTÁVEL NA CIDADE DA CACHOEIRA/BAHIA


Por Giuliane Gomes de Cerqueira da Silva*

Ultimamente, temos assistido diversas manifestações a respeito do ordenamento do espaço territorial que revelam preocupações sobre a estética da paisagem urbana. O belo e a formosura são elementos que desencadeiam um fascínio sobre o ser humano, ou seja, equivale à cultura do homem a valorização da harmonia das paisagens que fazem parte do cenário que cercam o nosso cotidiano. Nessa lógica, por ser Cachoeira potencialmente turística, faz-se necessário levar em consideração a comunicação visual como uma ferramenta de organização das informações no espaço territorial para a manutenção de um ambiente agradável de vida urbana na qual protejam os valores culturais e naturais perenes às gerações futuras onde sejam preservados seus valores ambientais para que se obtenha um bom resultado na sustentabilidade turística.

A qualidade ambiental é importante para a cidade uma vez que destinos que não disponham de condições apropriadas de clima, geografia, flora e fauna se tornam insignificantes para o desenvolvimento da atividade turística, esses fatores aliados à criação de comodidades e de infraestrutura urbana agrupada a uma história rica e exclusiva de características arqueológicas e culturais são essenciais para que o turismo obtenha êxito. O cenário urbano é um recurso que favorece diretamente no desenvolvimento econômico de Cachoeira uma vez que suas paisagens favorecem no incremento da atividade turística.

Um novo olhar sobre Cachoeira sugere um desafio de vencer as diversidades entre a linguagem colonial e a contemporânea. A linguagem do ambiente cachoeirano é paradoxalmente envolvida com a complexidade do modo de vida de sua população. Ou seja, a ambientação visual sofre intensas modificações oriundas do desenvolvimento de seu povo, seja, ao nível econômico, tecnológico, cultural. Essas alterações da vivência atingem intimamente os espaços edificados nas várias escalas da arquitetura e da cidade e nas relações territoriais de paisagem. Fica clara a importância de repensar a cidade neste momento, pois, como Cidade Monumento Nacional, Cachoeira deveria disponibilizar informações de incentivo da população pelas suas residências históricas; privilegiar os espaços de uso comum e, por consequência, contribuir para a promoção do turismo, do espírito de preservação e da cidadania.

O desenvolvimento sustentável é um processo de transformação na qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação da evolução tecnológica e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações humanas. Em outras palavras pode-se dizer que esse desenvolvimento atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações satisfazerem as próprias necessidades. Considerar a atividade turística sustentável é analisar a complexidade de uma atividade econômica que tem como base o consumo de paisagens naturais e históricas passadas. Diante disso, é que por seu caráter e pela magnitude de sua expansão, a atividade turística não pode ausentar-se de tais preocupações, uma vez que o ambiente é a substância básica da oferta turística.  O turismo é o consumidor de paisagens e a paisagem é o produto do turismo, já o ambiente é transformado e produzido ou reproduzido para atender as necessidades dos turistas.

Cachoeira segundo as suas características, estilo arquitetônico e importância histórico-cultural, deve focar em três níveis de atuação: identidade consciente; sinalização e oferta adequada de informações e mobiliário urbano planejado e integrado à cidade. Assim como o homem interfere na deterioração do ambiente, ele também pode interferir no seu processo de recuperação. A divulgação de preocupações ambientais por meio do turismo também exerce a função de catalisador em relação a outras atividades econômicas, estimulando posturas conservacionistas. Por outro lado, não se pode negar que o turismo gera impactos negativos no ambiente, quando reúne por pouco tempo, grandes aglomerados humanos, alterando significativamente o meio, temporariamente e até definitivamente. Daí é necessário articular a cidade através de identificação de equipamentos e do direcionamento de fluxo, atentando às limitações da legislação.

Itens que devem ser considerados se relacionam à organização e coordenação do uso do espaço urbano por meio de informações visuais integradas sejam elas públicas ou comerciais; sinalização turística, em especial no centro histórico; preservação do bem tombado propondo soluções para o lixo; planejamento e controle do uso do solo uma vez observado que a cidade mostra variedade biótica e ecossistemas notavelmente prejudicados com a ação antrópica; recuperação das características próprias e diferenciais que remetem ao valor do município como patrimônio histórico de forma a reforçar seu potencial de leitura e comunicação, em outras palavras, revitalizar a identidade ambiental do município; harmonia entre a cultura e os espaços sociais da comunidade receptora sem que ela seja agredida ou transformada; distribuição equitativa dos benefícios do turismo entre todos os setores envolvidos; um turista mais responsável e atencioso em relação à questão ambiental e à interação com a comunidade receptora, numa postura de entendimento de sua cultura.

Diante de avanços e recuos sobre a questão ambiental, não se pode deixar de reconhecer que, mesmo restritos, os ganhos contabilizam um fato conclusivo: a preocupação com o meio ambiente entrou no cenário contemporâneo, nas pessoas, na política e na economia. Com isso, é que por seu caráter e pela magnitude de sua expansão, a atividade turística não pode ausentar-se de tais preocupações, uma vez que o ambiente é a substância básica da oferta turística. Cachoeira possui várias faces: a espacial, arquitetônica, patrimonial.. É o ponto de encontro entre o patrimônio histórico e cultural, entre o homem e a natureza, entre o passado e o presente. O ambiente urbano de Cachoeira explora as diversas facetas e é justamente a convergência de tantos valores que torna a cidade tão única e especial, portanto, é a comunicação visual o instrumento de gestão do ambiente urbano para o desenvolvimento do turismo sustentável.

*Giuliane Gomes de Cerqueira da Silva, cachoeirana, é  Bacharel em Turismo e
Pós-graduada em Gestão Ambiental de Polos Turísticos

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